A fada do pesadelo

Estou procurando aquela moça-mor que me representa nesses momentos. Aquela imagem que é a minha cara quando isso acontece – e fazia um certo tempo que não acontecia. Enquanto procuro, fico aqui enrolando, dizendo que ela me representa e tal. Porque, em alguns casos, quando as imagens fiéis representantes de mim mesma passam algum tempo sem me representar, custam mais a serem encontradas. Mas já já eu acho e paro com esse chalalá e… Pronto, achei!

insomnia-15VISÃO DO INFERNO!

insomnia-15ESTOU COM INSÔNIA DEPOIS DE MESES!

Neste momento, o relógio do meu iMac-com-teclado-americano-que-me-tira-do-sério marca exatamente 3h38min. Não sei que horas marcará quando eu terminar com essa conversa mole que não sei exatamente aonde vai me levar, mas, enfim, pelo menos estou distraida e não estatelada de lado na cama com os dois olhos esbugalhados pensando na morte da bezerra. Por que não pego um livro, acendo o abajur e leio um pouco? Porque esta será a segunda etapa do meu processo de viver a insônia. Agora estou a fim de ficar aqui escrevendo sobre o nada.

bento clássicaPOSSO FAZER COMPANHIA?

Oiiii! Bentinho! Claro! Acordou agora? Te vi de pelotas quando saí do quarto.

bento clássicaESTAVA FINGINDO

Fingindo o quê? Pra quem?

bento clássicaFINGINDO QUE DORMIA PRA MIM MESMO

Está com insônia também?

bento clássicaSIM

Por quê?

bento clássicaPOR CAUSA DA SININHO

A “fadinha” dos Black Blocs? A ativista radical que pratica terrorismo social travestido de protestos e manifestações “contra tudo que está aí”? Aquela moça que não trabalha, tem dois RGs, já chamou policial de macaco, foi presa duas vezes, acusada de formação de quadrilha, anda por aí com uma camiseta ostentando a palavra “favela”, mas não passa de uma patricinha sem ocupação que está há seis anos numa faculdade de cinema?

bento clássicaSIM

Lamento muito por ti.
Tu pode me dizer em que consistia o sonho?

bento clássicaFOI UM PESADELO

Normal tratando-se da personagem. Pode falar mais?

bento clássicaSONHEI QUE ELA TINHA SE CANDIDATADO A DEPUTADA FEDERAL

Realmente, é um pesadelo. Me solidarizo bastante contigo e agradeço a Deus nosso senhor esta moça não ter passado nem perto dos meus sonhos. Já falei e repeti a respeito do meu descrédito em relação ao país no post Um vestido para Sarah – e esta Sininho personifica e muito as razões da minha descrença, sobretudo quando sai estampada na capa da revista de maior circulação nacional, conquistando toda a visibilidade que sempre desejou para começar a galgar uma carreira que a levará aonde teu pesadelo chegou primeiro: à candidatura a um cargo público.

bento clássicaTU ACHA?

Já vi este filme, Bentinho. Eu e as pessoas que têm o mínimo de memória recente. Não tiro o direito da imprensa, neste caso me refiro especificamente à revista Veja (que estampou a fadinha na capa da edição desta semana), de noticiar fatos e dar cara a personagens, afinal de contas, sou jornalista e trabalho nesta mesma “grande imprensa”. Mas é exatamente como jornalista que trabalha na grande imprensa que me questiono até que ponto não somos um pouco responsáveis pela projeção que damos a determinadas figuras execráveis como esta Sininho justamente em ano eleitoral. O que me consola um bocado e dá um pouco de alento é saber que ela sentiu na pele a reação contrária da população às manifestações violentas que tanto orgulha-se de representar.

bento clássicaCOMO ASSIM?

Tu não soube da história do ônibus no Rio? Ela fez sinal para o ônibus, mas o motorista se recusou a parar.

bento clássicaO MOTORISTA ME REPRESENTA

Podemos fazer uma camiseta para ti com esta frase. Quer?

bento clássicaSIM

O motorista não quis contrariar um grupo que, de dentro do ônibus, gritou pra ela: “Aqui você não entra”.
– Chega de hipocrisia!! – disseram alguns dos passageiros depois de vê-la vestida com uma camiseta com os dizeres “Favela não se cala”.

Ela também foi chamada de “assassina” por um homem que passava pela rua e precisou ser contido por um policial militar.

bento clássicaPOR QUE TU TÁ COM INSÔNIA?

Pois é… Nem sei mais com o que sonhava quando acordei. Acho que é uma série de coisas, mas nada tão grave quanto a perspectiva de uma Sininho em Brasília. Preocupações cotidianas apenas. Mas agora eu te convido para voltar para o quarto. Já são 4h39 e a gente precisa acordas às 6h30min.

bento clássicaMAS COMO A GENTE VAI VOLTAR COM A SININHO NA CABEÇA?

Vamos mudar o foco. É um assunto meio mulherzinha, mas pelo menos vai ajudar a gente a voltar a sonhar com os anjos.

bento clássicaACEITO QUALQUER COISA

A ilustradora e programadora visual Karen Hofstetter acaba de assinar uma coleção da marca de sapatos Anacapri – o que juntou minha fome com minha vontade de comer, uma vez que amo sapatilhas e amo o trabalho da Karen. A Anacapri, para quem não conhece, é especializada em sapatilhas e slippers, e Karen ilustrou esses dois tipos de calçados e também um lindo guarda-chuva. Os produtos chegam às loja do Rio e São Paulo em março (há venda online!) e todos os desenhos remetem ao seu mais recente trabalho, Polka Rain.

Olha!

polkaNÃO É LINDO?
Este desenho está no guarda-chuva!

caseiphone5_bCAPINHA PARA iPHONE!
LINDA, LINDA!

bento clássicaCOMEÇO A FICAR MAIS ALIVIADO

Deu uma oxigenada boa na cabeça. Agora vamos dormir, por favor. São 5h03min da madrugada.

bento clássicaTU ME DARIA UM DOS BRANCOS?

Dos brancos a essa hora?

bento clássicaPOR QUE TU PODE COMER PICOLÉ DE MADRUGADA E EU NÃO?

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Mari Kalil

Mari Kalil

Sou escritora, jornalista, colunista da Band TV e Band News FM e autora dos livros "Peregrina de araque", "Vida peregrina" e "Tudo tem uma primeira vez". Sou gaúcha, nasci em Porto Alegre, vivo em Porto Alegre, mas com os olhos voltados para o mundo. Já morei em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Barcelona. Já fui repórter, editora, colunista. Trabalhei nos jornais Zero Hora, O Estado de S.Paulo e Jornal do Brasil; nas revistas Época e IstoÉ e fui correspondente da BBC na Espanha, onde cursei pós-graduação em roteiro, edição e direção de cinema na Escuela Superior de Imagen y Diseño de Barcelona. O blog Mari Kalil Por Aí é direcionado a todas as mulheres que, como eu, querem descomplicar a vida e ficar por dentro de tudo aquilo que possa trazer bem-estar, felicidade e paz interior. É para se divertir, para entender de moda, de beleza, para conhecer lugares, deliciar-se com boa gastronomia, mas, acima de tudo, para valorizar as pequenas grandes coisas que estão disponíveis ao redor: as coisas simples e boas.

Sem comentários ainda.
  1. Mari, fomos duas a sofrer de insônia nesta noite, mas pelo menos a tua foi produtiva e escreveste este maravilhoso post, adorei chega de hipocrisia!!! Bjos e o Bento me representa (tb quero comer picolés de madrugada)!!!

  2. Mariana!

    Ler o teu blog é minha terapia diária (sofro quando ficas um dia sem postar, viu?) Amo tudo o que você escreve e este post está deveras inspirado, você dá voz a todo cidadão consciente e lúcido que se vê atolado nessa bandalheira que virou nosso país. Obrigada por compartilhar seus textos, idéias e experiências. Obrigada por me fazer rir com suas aventuras (e desventuras). Que bom que existem pessoas como você.
    Beijo!
    P.S.: Se o posto de fã número um do Bento estiver vago, me candidato.

  3. A Mari e o Bento me representam! Tiraste as palavras da minha boca! Amo o Donna, mas as vezes me questiono q tu poderias tb ser editora de outro caderno na ZH, Folha, Veja hehehe! Bjão pra ti e pro Xerife!

  4. Olá Mariana!
    Concordo com você (e com o Bento, é claro) em tudo contra essa “Sininho”, inclusive sobre a capa da Veja.
    Mas uma coisa que eu tenho lido, tanto no seu blog quanto em outras matérias, é a ênfase sobre as tais 2 carteiras de identidade da Sininho. Isso não é propriamente má fé dela, é culpa do nosso sistema que não é integrado entre os Estados. Ela tem uma carteira de identidade gaúcha e uma carioca, com números diferentes. Não deveria ser, mas é normal.
    Meu marido é baiano, tem um RG da Bahia, mas como mora há anos no RS, precisou fazer uma nova carteira de identidade porque a antiga tinha mais de 10 anos (para viajar nos países do Mercosul já não seria mais aceita) e para nossa surpresa, ele recebeu uma carteira com outra numeração, bem diferente da emitida na Bahia.
    Questionamos isso no Departamento de Identificação e a explicação é que não há integração e cada Estado do Brasil emite uma carteira, válida nacionalmente, mas com numerações diferentes para uma mesma pessoa.
    Quer dizer, se eu morar em cada Estado do Brasil e precisar fazer uma nova CI, terei em cada um, um número diferente. É uma palhaçada, mas é assim que funciona!
    Beijos e parabéns pelo seu blog, eu curto muito!

  5. Adorei as reflexões na insônia.
    Também questiono o papel da mídia, quando tem que dar a notícia, mas as vezes exagera na visibilidade dos envolvidos, alimentando exemplos que nunca deveriam sair da escuridão.
    Final feliz, estampas lindas, espero que tenham dormido bem.
    Bom dia!

  6. Mari!
    Concordo com a leitora Aline, teu blog é uma terapia. Ficar sem ele um dia fica sem graça. Amo as sacadas do Bento, ele é o Cara, genial o post de hoje.
    Acho que realmente o que escreveste deveria ser publicado em um jornal, ou outra mídia. O pior é que provavelmente essa criatura pode se eleger!
    Beijão grande no Bento!

  7. Mari, me solidarizo com o teu “iMac-com-teclado-americano-que-me-tira-do-sério”. Também comprei meu mac nos EUA e alterei o teclado para o português. É semi simples de fazer, procura no google algum tutorial, vai melhorar muito a tua vida de escritora :) bjs

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