Não tinha qualquer intenção de colocar meu nariz para fora dos limites do meu bunker com ar condicionado nesta insana tarde quente de Porto Alegre, em que os termômetros marcam 32 graus Celsius, mas a sensação térmica chega a quase 50. Mas não foi possível manter meu objetivo até o cair do sol. Faltou material de limpeza e tive que ir ao supermercado. Um ótimo dia hoje, com sensação térmica de 50 graus, para carregar caixa de sabão em pó, litros de amaciante, vidros de Pinho Sol, cargas de Q-Boa. Ótimo dia para faltar material de limpeza este.
Na volta, passei na casa dos meus queridos paizinhos para despedir-me de meu amado paizinho que embarca logo mais para a Califórnia a trabalho. Já estava cozinhando na rua mesmo, nada mais natural que adiasse o retorno ao lar doce lar e do bunker com ar condicionado e desse uma carona a meu querido pai até o aeroporto. No retorno do aeroporto, comecei a sentir uma certa fome. “Fome às 4h da tarde?”, pensei. “Muito cedo”, continuei pensando. “Óbvio, não almocei”, concluí. Percebi que estava no caminho que me levaria a passar em frente ao Paulinho Cobal – e não tive dúvida: “Vou comprar frios fatiados e fazer uma tapioca de presunto e queijo quando chegar em casa”.
Fiquei mal acostumada no Uruguai com os frios fatiados na hora. Tem coisa melhor do que frios fatiados? Aquela laminazinha de presunto e aquela laminazinha de queijo beeeeeem fininhas tiradas na hora pelo funcionário? Não tem, não tem, não tem! A torrada, o sanduíche, o croissant, a medialuna, a tapioca, não importa. Qualquer coisa fica com outro sabor quando os frios são fatiados na hora. Adentrei o Paulinho Cobal direto no balcão dos frios. “Duzentos gramas de presunto magro e duzentos gramas de queijo”, pedi.
Olha, mal eu estou da minha otite aguda que me deixa surda, tonta e dolorida. Portanto, não tenho cabeça para esse papo de que presunto faz mal. Um presuntinho fatiadinho na hora no recheio de uma tapioca não vai matar ninguém. Cansaço dessas manias de que isso faz mal, aquilo faz mal, aquilo outro faz mal. Embutido não pode, glúten não pode, farinha não pode, açúcar não pode, sal não pode. Não pode, não pode, não pode. Que não pode o quê? Não pode, claro, em excesso. Não vou viver de farinha, de presunto, de sal, de açúcar. Mas comer de tudo com equilíbrio vou comer, sim.
E NÃO VOU DAR SATISFAÇÃO A NINGUÉM
Já chega estar comendo tapioca, essa coisa insossa e sem gosto, no lugar do meu amado pãozinho francês. Tudo tem limite. No que também estou dando um pouco de limite é na bebida. Bebi o que devia e o que não devia nas férias. É espumante de tarde, vinho branco à tardinha, vinho tinto à noite, cervejinha na praia. Estou virada em um caminhão pipa de trago – e agora chega. Preciso de um detox de álcool urgente. Então, resolvi aderir à águas saborizadas.
+ MARI KALIL: Nunca pensei que pudesse ser tão moderna comendo… Couve-flor!
Sabe como é: preciso enganar meus olhos para que meus olhos enganem meu paladar. Então, trato de colocar na mesa de jantar o velho e bom cálice de vinho – para eu achar que estou bebendo vinho -, mas o que faço é enchê-lo com água aromatizada.
Reuni várias receitinhas de águas saborizadas e pretendo experimentar todas. Então, se você, querida amiga, está aí na mesma situação, precisando começar o ano dando um tempo nos prazeres etílicos da vida em prol de sua saúde física e pelo bom funcionamento dos seu fígado, me acompanhe nessas ideias para enganar os olhos e o paladar. Funcionam, viu? Ontem eu nem me dei conta que bebia água com casca de abacaxi e hortelã.
Águas aromatizadas, como o próprio nome diz, são feitas em casa com ervas aromáticas e frutas frescas. Para aqueles momentos em que a gente não aguenta beber água sem gosto, ou mesmo para acompanhar os bebericos durante uma refeição sem apelar para o adorado vinho. O ideal é que descanse na geladeira por algumas horas antes de ser consumida. Para que não pegue o cheiro ou o gosto de outros alimentos da geladeira, melhor prepará-las em vidros grandes com tampas. Eis as minhas combinações preferidas (vai da preferência das frutas e ervas de cada pessoa, claro).
ÁGUA DE MELANCIA COM HORTELÃ
Em um vidro, coloque água e cinco a seis pedaços de melancia (depende da intensidade do sabor desejado. Eu gosto das águas mais fortinhas). Acrescente folha de hortelã, deixe algumas horas na geladeira e pronto! Gosto desta água para beber durante a tarde.
ÁGUA DE ABACAXI COM HORTELÃ
Amo de paixão. Pode ser feita tanto com a casca que sobrou do abacaxi quanto com pedaços da fruta mesmo. Basta repetir o mesmo processo e colocar o abacaxi com as folhas de hortelã em um vidro. Eu gosto de adicionar pedaços de gengibre frescos.
ÁGUA DE LIMÃO E GENGIBRE
Para um litro de água, é necessário meio limão cortado em fatias finas e um pedaço de raiz de gengibre fresco. Também fica ótimo com o limão siciliano.
São as receitinhas pá-pum – as mais simples e que eu faço rapidinho Claro, tem receitas mais elaboradas, em que a gente fica lá misturando canela em pau, lascas disso, rodelas daquilo, mas eu tenho preguiça. Afinal, nada vai substituir à altura o meu vinho branco, vai dizer?
Na minha geladeria tem sempre água com gengibre! Melhor líquido para tomar de manhã cedinho.
Cara Mari, em nome da boa e velha Língua Portuguesa, substitua as “duzentas gramas” pelo correto: “duzentos gramas”.
Ai, que saaaaaco, Bibi!!! Já cometi esse erro umas 12 vezes e não registro nunca!!! Arrumei! obrigada! Vou mandar fazer uma camiseta e andar com ela para ver se não esqueço mais. Ou uma faixa e grudar na testa. Bjo. MK
Quem te segue, é a esposa, comentário 1ºvez.
Adoro água saborizada.
Olga