Eu achava que adivinhar o que vem pela frente era tarefa restrita a astrólogos, tarólogos, numerólogos. Então, descobri a existência da americana Marian Salzman.
Ela é especialista em detectar tendências e usa estatíticas, sociologia e até economia para vislumbrar comportamentos que farão parte da sociedade de amanhã. O ponto de partida de Marian é identificar quem são os líderes, os chamados prosumers (proactive consumers, ou consumidores proativos). A partir daí, ela observa como agem, o que fazem e como seu comportamento se espalha do grupo líder para grupos periféricos.
Marian diz que os jovens, a comunidade gay e as populações de cidades portuárias são grupos que abraçam mudanças mais rapidamente – e estudar esses grupos é a chave para entender o que vem pela frente. Em 2007, ela detectou que os americanos iriam parar de comprar por diversão e começariam a ser mais comedidos com seus gastos. Há 15 anos, farejou o fenômeno dos homens metrossexuais.
BENTO NÃO GOSTA DE TOMAR BANHO
Marian avisa que há uma grande mudança em curso e diz respeito aos celulares. Acredita que eles vão virar o novo cigarro. Segundo ela, há uma informação confiável da Universidade de Pittsburgh, apontando para o perigo dos celulares. “Há um aumento desproporcional de mortes de pessoas que são grandes usuários de telefone celular por tumores chamados glioblastomas”, diz Marian. “Um alerta foi emitido recentemente nos Estados Unidos e na Europa para que crianças de até 14 anos não usem o telefone celular junto da cabeça porque os ossos do cérebro ainda estão em formação. Outra tendência apontada por ela é que as pessoas vão querer ter mais tempo pra cuidar de si próprias, que as casas serão menores, supertecnológicas e bem funcionais.
Sobre a maneira de lidar com dinheiro, ela acredita que vamos pensar nele em porções menores. As pessoas vão comprar apenas o que precisam, na hora que precisam, nas quantidades estritamente necessárias – tudo para desperdiçar menos e otimizar os gastos. A moda, que está diretamente relacionada ao consumo, se voltará mais para a autoexpressão. A interpretação pessoal vai ser cada vez maior.
Desde quanto tu te preocupa com isso, Bento?
QUERO SABER SE VOU CONTINUAR ENCALHADO
Diz Marian que as pessoas vão se conhecer virtualmente com maior frequência – e os romances irão do início ao fim numa velocidade maior. A paciência e tolerância será cada vez mais curta e as pessoqs poderão nunca chegar realmente a se encontrar, porque o ritmo acelerado do flerte vai levar a um desgaste antes que a paixão aconteça de fato. Esse ritmo impede um aprofundamento de laços. Assim os relacionamentos serão mais superficiais e efêmeros.
ISSO QUER DIZER QUE VOU CONTINUAR ENCALHADO?