Um pouco de ansiedade faz bem? Há quem pense que uma dose mínima dela traz energia e “gás” para realizar as atividades do cotidiano. A psicoterapeuta Maura de Albanesi discorda dessa lógica.
– Às vezes essas pessoas colocam “muito gás” em pequenas coisas e acontece que essa energia acaba muito rápido. Então, é um equívoco achar que um pouco de ansiedade estimula a pessoa a realizar o que se deseja e precisa. Ocorre o oposto, ela se sobrecarrega, se estressa e o corpo sofre com isso – explica.
Mas afinal, o que é ansiedade? Se trata de um traço comportamental?
– Ansiedade é querer viver um futuro no agora. E é claro que é um futuro incerto. As pessoas ficam ansiosas pelo que vai acontecer e não vivem o momento. A ansiedade também não é algo relacionado à personalidade. Na verdade, se trata de um hábito – destaca Maura.
CABEÇA NO FUTURO: A PESSOA ANSIOSA TEM DIFICULDADE DE VIVER O AGORA
Segundo Maura, as principais causas da ansiedade são o medo de viver o presente e a necessidade que a pessoa tem de controlar tudo o que acontece:
– Essas pessoas não querem se surpreender com nada, elas têm esse medo da vida, medo de viver, e a vida é uma surpresa diariamente. Para os ansiosos, tudo tem de estar pré-definido. Como nem sempre é possível essa programação, os ansiosos sofrem com a indefinição dos fatos e a impossibilidade de controlar o que pode ocorrer.
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Pesquisas sugerem que a ansiedade afeta negativamente vários setores da vida, como o ambiente profissional, de acordo com estudo da Universidade Politécnica de Hong Kong. Maura, inclusive, ressalta que – geralmente – pessoas ansiosas são pouco produtivas.
– O ansioso foca apenas no que ele quer alcançar no futuro, e então, a pessoa não consegue se organizar com o que precisa ser feito no presente. Tudo isso gera mais ansiedade. Ela vê que o tempo está passando e as coisas não estão acontecendo. Então, o ansioso vive uma agonia, por causa desse cenário – explica.
DESCOMPASSO CARDÍACO: UM DOS SINTOMAS PROVOCADO PELA ANSIEDADE
De forma geral, a ansiedade é altamente prejudicial à saúde e gera sintomas físicos, como elevação da pressão arterial, um descompasso cardíaco, além de haver processos respiratórios comprometidos.
– Esses sintomas surgem devido ao estresse que essa pessoa sente. O ansioso vive sempre cheio de adrenalina e emite um comando/ordem para a mente, numa pressão constante. Em tudo o que faz, essa pessoa acelera ao máximo, o tempo inteiro, sem trégua. Isso gera um estresse, um cansaço, que afeta paulatinamente a energia psíquica.
Como tratar?
Maura destaca que o ansioso tende a procurar por ajuda profissional quando percebe que mal consegue dormir e não produz, pelo fato de haver um turbilhão de informações em sua mente.
– Quando a pessoa se encontra num nível muito alto de ansiedade, a indicação é procurar um psiquiatra e utilizar o medicamento receitado pelo profissional. Em seguida, recomendo fazer uma psicoterapia – afirma.
NOITES INSONES: QUANDO CHEGA NESTE PONTO, HÁ A BUSCA PELO TRATAMENTO
Em casos mais moderados de ansiedade, Maura ressalta que a pessoa não precisa ir ao psiquiatra, podendo procurar diretamente o psicoterapeuta, sem a necessidade da intervenção de remédios. Embora, o medicamento seja muito importante para reduzir e aliviar o estresse e mal-estar, causados pela ansiedade, é através do processo de autoconhecimento e auto desenvolvimento que a pessoa consegue, de fato, combater a causa raiz do problema.
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Ela também alerta quanto ao risco de desenvolver dependência em relação ao uso dos medicamentos psiquiátricos.
– O remédio tira os sintomas e permite que a pessoa tenha uma vida aparentemente normal, ao aliviar o mal-estar. Com o tempo, pode ficar dependente desse medicamento, sem falar que as causas não estão sendo combatidas. Portanto, o remédio não deve ser considerado como a alternativa de cura para a ansiedade – alerta.
A psicoterapeuta cita três dicas preciosas para controlar a ansiedade no cotidiano
1) Ter atenção quanto à respiração
“Na prática, a respiração coloca a pessoa em contato com ela mesma e em contato com o presente. É importante respirar bem fundo – de forma lenta – inspirando e expirando, isso tudo acalma”.
2) Faça uma lista
“A pessoa pode anotar as questões que precisa priorizar, mas é essencial cumpri-las passo a passo, sem pular etapas (ansiosos tendem a fazer isso). O segredo é ter planejamento, pois o ansioso tem uma tendência a se desorganizar. Quando a pessoa coloca esse futuro no papel, ela o traz para o presente e isso flui bem.
3) Meditação
“Meditar e realizar exercícios de foco e atenção são ações muito úteis para ajudar na redução das ondas vibracionais mentais que estão a todo vapor dentro de uma pessoa ansiosa. A meditação ajuda a acalmar e diminui o estresse. Vários estudos comprovam sua eficácia quanto ao controle da ansiedade, além de questões como pânico ou mesmo depressão.
Fonte
Maura de Albanesi é mestre em Psicologia e Religião pela PUC de São Paulo, Pós-Graduada em Psicoterapia Corporal, Terapia de Vivências Passadas (TVP), Terapia Artística, Psicoterapia Transpessoal e Formação Biográfica Antroposófica, atua com o ser humano há mais de 30 anos.