– Mari, tu já está fazendo algum exercício aeróbico? – me perguntou minha adorada professora Flora ao final da aula de pilates.
– Vou começar hoje! – respondi animada. – Vou caminhar na rua. Sabe como é… Eu não vou pagar mensalidade na academia só pra usar a esteira e acho que caminhando na rua eu respiro ar puro, vejo a paisagem, me distraio. Acho mais saudável.
– O que tu acha? – perguntei.
– Acho ótimo! – Flora respondeu.
Nos despedimos, e eu saí animadíssima subindo a lomba da Castro Alves. Um, dois, um dois, um dois… Estava me achando. Lembram a história da corda? Pois é, de novo eu tive certeza que tinha encontrado a fórmula mágica para começar um exercício aeróbico. Oi? Acorda, Mariana!
Subida a lomba da Castro Alves e o resto da lomba da Quintino Bocaiúva, me vi na frente do IPA. E agora, pra qual lado? Esquerda! Tive que parar no sinal, logo meus batimentos começaram a diminuir, logo estava indo toda minha subida da Castro Alves e da Quntino para o beleléu.
Atravessei e segui caminhando feito uma égua a trote
Parei de novo pra atravessar, “não estou sentindo esforço algum”, pensei. Parei de novo pra atravessar, comecei a descer lomba, comecei a ficar irritada, tudo começou a virar um grande passeio, e eu tenho bem mais coisa pra fazer do que ficar passeando na rua de manhã.
EU QUERO GASTAR CALORIAS E PRECISO SUAR, SERÁ QUE DÁ PRA ENTENDER?!
E agora eu estou com calor, porque estava frio, mas comecei a ficar com calor da caminhada, e não tenho onde colocar os dois casacos. E daí eu amarrei um casaco na cintura, fiquei acalorada com o outro, e o da cintura, que é de náilon, começou a escorregar da minha cintura. Então passou por mim uma guria linda e loira correndo , só de shortinho, atravessando a rua como se estivesse flutuando e só faltando colocar a língua pra mim.
Fiquei olhando maravilhada pra ela e …
PLOFT! Afundei o pé num cocozão de cachorro
QUER SABER? DANE-SE!
Dane-se a rua, dane-se o ar puro, danem-se as árvores!
Eu amaria ser uma dessas pessoas que flutuam correndo pela rua, que rodopiam em parques e não se incomodam com a areia que entra dentro da meia que dentro do tênis, com o óculos que fica escorregando do nariz.
Comecei a correr toda fedorenta do cocô, quase chorando de ódio dessa invencão ridícula e só parei na frente da minha antiga academia. Reativei minha matrícula. Nunca devia ter me separado da adorada escada ergométrica.