Fazia uma noite quente e espetacular, com céu azul anil, ontem em Punta del Este quando saímos em busca de umas rabas a la romana para chamar de nossas, como já havia mencionado no post anterior PROCURO ALGUMAS BOAS RABAS A LA ROMANA. Segunda foi um dia de praia espetacular, mas não pisamos na areia. Ventava bastante, Bento tinha sua cita com as duchas do La Pastora e ficamos nesse vaivém. Em Punta, acorda-se tarde e dorme-se tarde também. Por mais que a ideia seja ir para a cama cedo, este cedo nunca acontece antes da 1h.
Como em férias dorme-se mais relaxado, dorme-se pelo menos 9h por noite. No meu caso, tenho dormido 10h (até 11h!!) por noite, todas as noites, desde que cheguei. Andava até meio preocupada, mas minha mãe disse algo que é fato: quando não temos a preocupação do trabalho do dia seguinte, dá-se o apagão. Pois estou vivendo um apagão atrás do outro nessas férias.
TEM SIDO UMA LUTA LEVANTAR AO MEIO-DIA
Após uma saladinha com queijo feta, tomate e folhas verdes feita em casa, saímos com Bento para dar uma volta à tardinha, tomamos banho e combinamos de ir a um dos nossos restaurantes preferidos aqui por perto: o Lo de Charlie. Trata-se de um restaurante de uruguaios, bem tradicional, que há um tempo teve até uma filial em Porto Alegre. Fica aberto o ano todo e oferece um dos melhores pratos de frutos do mar de Punta, na minha sempre modesta opinião. Recebeu, inclusive, citações do New York Times como um dos melhores endereços gastronômicos daqui.
Outra coisa que faz com que a gente adore o LO DE CHARLIE é o clima despojado, o sentir-se à vontade. Com um cardápio farto, um clima descontraído, uma cerveja gelada, um serviço nota 10, me diz: precisa mais?
Pois é. Houve esse dilema ontem. Já que vamos a pé, levamos ou não levamos o animal? Ele estava prontinho parado na porta, mas cortei as asinhas. Já havia tomado banho, já havia passeado, já havia almoçado, estava exausto. Achei por bem que ficasse descansando.
Devo confessar que foi uma pisada meio das médias. Me dei conta quando cheguei lá, pegamos uma mesinha na rua e não corria um vento, numa noite quente e espetacular.
Olha!
Estamos neste momento subindo a rua do Lo de Charlie, eu olho para o céu e preciso bater uma foto do azul anil em contraste com as palmeiras
A ideia era buscar umas rabas a la romana para chamar de nossas, mas mudamos de opinião e esquecemos das rabas no meio do caminho quando começamos a lembrar da plancha e das delícias feitas na plancha do Lo de Charlie. Todos os anos, matamos a saudade do nosso restaurante querido. Para ter uma ideia de como ele é querido também dos uruguaios, a parte interna traz desenhos nas paredes de ninguém menos do que Vilaró (o saudoso artista morto no ano passado, do hotel-museu Casapueblo), amigo íntimo de Charlie (o dono do restaurante) e companheiro de muitas pescarias.
Olha!
Detalhe de um dos desenhos e dedicatória de Vilaró nas paredes do Lo de Charlie
Como a noite estava quente, a vontade era tomar uma caipirôska (como eles chamam aqui, com o ô bem fechado). A fome não era tanta e achamos por bem picar em vez de jantar. Logo, como de praxe em todos os lugares daqui, nos foi servido uma cesta de pães (estou intoxicada de tanto pão, isso sempre acontece no Uruguai, com seus melhores pães e frios do mundo).
Olha!
ELES SÃO SEMPRE PEQUENINHOS E CROC CROC CROC
A pastinha que acompanha vem bem temperadinha, uma delícia! A foto está invertida, mas até eu parar tudo para ajeitar levarei uns bons minutos que pretendo usar para continuar escrevendo, uma vez que o tempo voa e a ordem dos fatores, pelos menos nesta foto, não altera o produto
Dei uma olhada no cardápio e entre tudo o que havia estávamos mais para petiscar. A ideia inicial foi pedir uns camarões com um tempero que parecia muito incrível e uns chipirones a la plancha. Como tudo é muito bem servido, achamos que seria meio demais.
– Vamos iniciar com os chipirones e depois a gente vê como fica – sugeriu o Chico.
– Feito!
Olha!
BIENVENIDOS, CHIPIRONES A LA PLANCHA!
Agora, a foto ficou de cabeça pra baixo, mas não muda nada, vai dizer?
Ele vem salteado com cebola e uma pimenta deliciosa!
Devoramos, claro. E ficamos satisfeitos. Foi bom não ter pedido camarões também. O que pedimos foi, sim, foi mais uma caipirôska e uma Zillertan bien fria. E então, sem que eu precisasse pedir ao garçom, em um restaurante uruguaio e despojado, tive realizado meu desejo de coxinha!
ZILLERTAL EM UM BALDE COM HIELO!
:O que é ser coxinha?
:A crise provocada pelo simples pedido de um balde com gelo
Coxinhamente felizes, voltamos caminhando pela linda noite de Punta rumo ao encontro do animal para irmos os três tomar um sorvete no Arlecchino, o melhor sorvete de Punta na nossa modesta opinião. Era hora de fila no Arlecchino, mas eu achei que seria uma fila tolerável. Engano. Quando chegamos na esquina do ARLECCHINO, a fila já nos alcançava. Achamos por bem abrir o congelador de casa e devorar uma bola do melhor sabor de sorvete Conaprole, na minha modesta opinião.
Olha!
CREMA TRAMONTANA!
Reparem na descrição: helado crema sabor vainilla marmolado con dulce de leche com galletitas cubiertas com símil chocolate. É o seguinte: as tais galletitas são umas bolinhas de chocolate croc croc croc!!
CHICO PREFERE O TRIPLE!
Acha menos doce
E assim, com chipirones e helado fomos dormir felizes. despertamos neste final de manhã com um vento louco e o barulho de alerta dos barcos do porto. Uma tempestade invadiu Punta. Estamos enclausurados em casa desde então. Eu aqui, escrevendo, Bento aos meus pés com cara de paisagem, Chico no computador. Temos vários passeios a serem feitos com chuva e a ideia é se mexer daqui a pouco. Só que, enquanto esse daqui a pouco não chega, eis que minha querida amiga Ju, senhora Lamachia, manda um whats app.
– Tô na Faixa de Gaza da Tienda Inglesa pegando milanesas e lembrei de vocês! Não querem que eu leve? – escreveu.
– Não te preocupa. Temos que ir aí mais tarde. Temos cupons do sorteio do Mini Cooper e o Chico tem certeza de que seremos sorteados – respondi.”
– Estou indo para casa e levando várias milanesas. Posso deixar aí – Ju insistiu (Ju diz que as milanesas da Tienda Inglesa são as melhores de Punta). – Pensa rápido ou as argentinas vão me matar!!
– Não te preocupa, não precisa! – respondi.
TIC TAC, TIC TAC, TIC TAC….
Passados 15 minutos…
Mariana levanta-se e vai abrir a porta. O porteiro tem um pacote da Tienda Inglesa nas mãos.
– Regalo de la chica!
– As milanesas!!
Olha!
MILANESAS COM PURÊ DE PAPAS!!!
CLOSE NAS MILANESAS E NA FOTO INVERTIDA!
Olho no whats app….
– Milanesas chegando! – avisa a Ju.
– Tu é uma figura mesmo. Acabamos de receber! – respondo.
– É pecado não comer milanesas em dias de chuva em Punta. Ah, e com chuva não engorda! – a engraçadinha diz.
ELA NÃO PARA DE REPETIR ESSA FRASE AGORA