Fui dormir tarde e acordei mais tarde do que devia. Fui jantar com um tio, um tio querido, aquele meu “pai paulista” para quem leu Vida Peregrina, tio Alec. Vira e mexe, tio Alec está em Porto Alegre para alguma reunião, vira e mexe, toda vez que vem, liga para a casa da mãe e avisa: “Estou chegando, fala para prepararem meu bife de fígado!”
Graças a Deus, de uns tempos pra cá (alguns meses, mas que parecem anos pela benfeitoria que tem feito ao meu paladar), tio Alec esqueceu (ou espero que tenha enjoado) do maldito do bife de fígado. Então, o cardápio começou a variar. Ontem, não teve cardápio doméstico nenhum, uma vez que fomos jantar com ele no Chopp Stübell, aqui mesmo, na rua da minha casa e da casa dos meus pais, a querida Quintino Bocaiuva.
Chegamos meio atrasados, Chico e eu. Tio Alec sempre alegre e amante de vinho já tinha tomado quase uma garrafa de Casa Silva com o pai e pedia mais um chope para a mãe.
– Ela está me incomodando, e eu meto chope nela – dizia.
– Cuidado que só piora – divertia-se o pai.
Já tinham devorado uma porção de salsicha Bock.
Olha!
A mostarda do Chopp Stübel é uma das mais ardidas de que se tem notícia na história recente de Porto Alegre. Mas vale a pena experimentar. Eu nunca tinha visto o restaurante tão lotado. Está ali há anos, na mesma esquina com a Fabrício Pillar, e é uma grata vizinhança a quem mora pela volta. Os garçons, mais antigos, todos engravatados de borboleta, me lembram o Bar Lagoa – durante dois anos em que morei no Rio, o bar era praticamente a cozinha do meu apartamento pela proximidade (e onde o pai adorava jantar joelho de porco quando ia me visitar).
– Já escolhemos nossos pratos – avisou o pai.
– O que pediram? – eu quis saber.
– Teu pai, imagina!? Teu pai pediu aquela coisa dele de sempre – disse a mãe.
– Não acredito, pai.
Sem conseguir romper com a tradição de sua pedida cada vez que senta feliz em um restaurante alemão, meu pai pediu Eisbein in Bier. Traduzindo: joelho de porco, chucrute, batata vapor e raiz forte. Da série uma imagem vale mais do que mil palavras, o joelho de porco do pai.
ME ABSTENHO DE COMENTÁRIOS SOBRE O FATO DE ELE TER DEVORADO SOZINHO
Tio Alec e mãe dividiram um filé ao pivre com batata suíça. Chico e eu escolhemos o filé ao molho de mostarda e pedimos para trocar a batata no vapor pela batata suíça.
Olha!
Este é o filé, mas esta não é a batata que pedimos. Não tirei foto do nosso prato, esqueci. Peguei esta imagem do site do restaurante. Não vejo a menor graça em batata no vapor. Se é pra comer algo insosso, prefiro chuchu que engorda menos
Passada a comilança, duas garrafas de vinho e alguns chopes, eis que minha tia Chris Marcio Atalla Abbott adentra o recinto. O Chopp Stübell está para minha tia Chris como o bar Lagoa estava para mim nos meus tempos de Rio de Janeiro. Chris mora na frente do restaurante e quando chega muito podre em casa, com preguiça de qualquer coisa, se socorre na cozinha alemã do Chopp Stübel na companhia de Vilson, seu respectivo marido. Pois ambos adentraram o restaurante para comer uma das pedidas mais clássicas do lugar.
O sanduiche aberto com pão preto com lombo de porco, ovo, cebola, pepino e por aí vai. Peguei emprestada esta foto dos meus amigos Destemperados. Eles falam mais do Chopp Stübell aqui
Conversamos rapidinho com a Chris, o tempo suficiente para ela me contar que venceu o terceiro lugar no concurso “Cara de um, focinho de outro”. Sim a Chris foi convidada por uma pet shop para posar ao lado da Magrela, sua galgo. Não bastasse, tirou terceiro lugar na semelhança com seu animal. Desculpa, Chris, mas eu preciso mostrar a foto.
Senhoras e senhores, com vocês a cara de uma e o focinho da outra!
Reparem de novo, por favor, no orgulho da Chris e na concentração da Magrela!
EU GOSTARIA DE PARTICIPAR DESSE CONCURSO
Tá falando sério, Bento?
Tu acha que a gente teria alguma chance?
É SÓ TU COMPRAR UM COLAR DE MANO PRA TI
E eu estava terminando este post quando fui informada deste vídeo.
Olha!
Esta moça, Patricia Pirota, fala de Vida Peregrina. E obviamente fique assistindo. E queria agradecer, Patricia. Muito obrigada por ter entendido tão bem o espírito do livro. Agora, fui para o meu mundo de polvilhos. Sim, só posso comer rosca de polvilho hoje por conta de um exame amanhã. Logo hoje, quarta-feira, dia de fechamento de Donna.
Oi Mariana,
Estou com seu pai e não abro!!! hahaha
Foi o melhor prato de todos, amo Eisbein!! É muito bom…adoro comida alemã!!
Ahhh e hoje tem mais Yulia LIPNITSKAYA!!!
Beijinho pra vc e pro Bento!
Oii, Mari.
Eu sei que joelho de porco é algo “ARGH” e “ECA,” mas eu entendo o teu pai. Eu adoro comer joelho de porco feito junto com feijão. Procuro não pensar muito no que estou comendo e aproveito o sabor (sim, eu acho o sabor bom).
Em Dois Irmãos tem o Restaurante Bierplatz. Lá servem um Eisbein bem famoso. Tem que encomendar com duas horas de antecedência (ver fone no site). É uma boa pedida dar uma passeada por lá qualquer dia e levar teus pais. E leva o Bento, pois tem um parque bem bonito na cidade.
http://www.bierplatz.com.br
Lindas e elegantes a Tia Chris e a Magrela. Hehehe
Sobre o vídeo da Patrícia, gostei dos comentários.
Também li teu livro dando risadas e chorando. Foi no hospital, jå te contei.
Nossa, só comendo polvilhos…
Beijo, boa sorte com os exames.
Mariana:
Concordo com o comentário da Patrícia sobre o teu livro, realmente ele é muito intenso, onde se chora e ri num piscar de olhos. Fiquei muito emocionada ao ler, me identificando em muitas situações. Como é bom ler sem vontade de parar! O teu livro desperta esse desejo! Parabéns também pelo blog, acho divertido pela forma verdadeira que tu te colocas!
Eba, Daisy! Obrigada, muito obrigada. Bjo com carinho. MK