Por que precisamos aprimorar a intuição e agir com menos simpatia e mais empatia

Já fiz muito mapa astral, consulta esotérica disso, espiritual daquilo. A cada 15 dias (na melhor das hipóteses, quando a agenda permite), saio desvairada até a Zona Sul de Porto Alegre para deitar na maca da Nana, minha terapeuta holística adorada, alinhar meus chackras e equilibrar meu espírito.

Gosto de buscar sempre ferramentas que me ajudem a entender “quem eu sou e onde é que me encaixo”, como bem escreveu Shirley MacLaine em um de seus livros. Quando adolescente, li vários livros de Shirley MacLaine. Amava! Acho que, naquela época, a expressão “autoajuda” ainda não era muito popular – e os livros de Shirley MacLaine foram uma espécie de autoajuda nesta fase da vida tão conturbada em que a gente busca se encaixar em algum lugar.

Sim, já li vários livros de autoajuda, sobretudo na adolescência, e não tenho o menor problema de falar isso, até porque não me julgo parte da tal elite intelectual que tem vergonha alheia até de pronunciar o nome de Paulo Coelho e diz só ler Freud e Voltaire.

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Todos encontrei agora à venda no Mercado Livre, a quem interessar possa, e alguns encontrei em sebos no Centro de Porto Alegre

Livros, consultas, mapas astrais e afins contribuíram muito para que eu desenvolvesse uma visão testemunhal sobre mim mesma, uma maneira de me enxergar sob a ótica de uma terceira pessoa. Em uma dessas consultas, ouvi que era muito provável eu ter sido um monge em vidas passadas, daqueles reclusos, que apreciam o silêncio e os momentos de quietude da alma. Ouvi também que meu espírito é velho, bem velho. O que eu penso disso tudo? Tenho certeza que é verdade.

Quando a gente cria o hábito de meditar, ficar em silêncio e ouvir nossa voz interior, conseguimos entrar em contato com nossa verdadeira essência e descobrimos muito sobre nós. Difícil explicar em palavras, já que é puro sentimento mesmo. E intuição: podem estar certos. O ato de mergulhar a fundo dentro de nós em momentos de paz e silêncio também permite entrarmos em contato com nossa intuição – e ela é fundamental em momentos cruciais da nossa existência, sobretudo em momentos de difícil ação.

Gosto muito de uma frase de Joseph Joubert, ensaísta francês do século 19, que diz assim: “A razão pode advertir-nos do que é preciso evitar, mas só a intuição nos diz o que há que fazer”.

Também tenho como lema o ensinamento do gênio Steve Jobs, do nosso século (para confirmar que a importância da intuição ultrapassa a fronteiras da História). Diz assim:

“Não deixe o barulho da opinião dos outros abafar sua voz interior. E mais importante: tenha coragem de seguir seu coração e sua intuição. Eles de alguma forma já sabem o que você quer se tornar. Tudo o mais é secundário”.

O quão difícil é hoje em dia ficarmos sozinhas conosco, vai dizer?! Há sempre um estímulo externo querendo nos tirar desse estado de tranquilidade e sabedoria que só esse olhar interior garantido pelo silêncio é capaz de proporcionar.

De acordo com pesquisa da Psychology Today, revista especializada em psicologia e publicada a cada dois meses nos Estados Unidos desde 1967, as pessoas que preferem ficar sozinhas podem ser introvertidas, mas as conotações negativas associadas ao introvertido estão longe da verdade. Afirma a publicação:

As pessoas que conseguem apreciar e desfrutar de estar sozinhas realmente possuem uma força, confiança e compreensão de si mesmas. Muitas vezes, essa capacidade de curtir estarem sozinhas é, na verdade, porque elas têm um melhor senso de si mesmas do que as pessoas extrovertidas.

A acrescenta: “O problema em ser introvertido é que, atualmente, estamos vivendo em uma sociedade que promove a abertura de sua vida para os outros, não importa o quanto ela seja construída, através de meios como as redes sociais. Os introvertidos são frequentemente recebidos com estereótipos e incompreendidos pelos outros, dificultando a visão de sua natureza como algo positivo”.

Outra característica apontada por inúmeras pesquisas divulgadas em publicações especializadas afirma que a introspecção torna a pessoa “naturalmente empática”. Na minha opinião, a falta de empatia – capacidade de se colocar no lugar do outro – é atualmente uma das maiores doenças da humanidade.

Esses estudos sugerem que pessoas que preferem ficar sozinhas estão mais em contato com os pensamentos, sentimentos e emoções dos outros ao redor – e essa consciência das emoções dos outros, assim como as suas próprias, permite que elas não apenas sintam empatia, mas mostrem mais compaixão pela humanidade.

Pessoas empáticas são capazes de identificar, reconhecer e experimentar os sentimentos dos outros, o que pode aumentar sua sensibilidade em relação a outros seres humanos e permitir que elas se importem com as pessoas em um nível muito maior do que apenas superficial.

Por fim, me despeço deixando com vocês um vídeo muito didático de pouco mais de dois minutos sobre a diferença entre “simpatia” e “empatia”. Será que não estamos sendo muito simpáticos e pouco empáticos? Fica a reflexão para o fim de semana.

 

 

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Mari Kalil

Mari Kalil

Sou escritora, jornalista, colunista da Band TV e Band News FM e autora dos livros "Peregrina de araque", "Vida peregrina" e "Tudo tem uma primeira vez". Sou gaúcha, nasci em Porto Alegre, vivo em Porto Alegre, mas com os olhos voltados para o mundo. Já morei em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Barcelona. Já fui repórter, editora, colunista. Trabalhei nos jornais Zero Hora, O Estado de S.Paulo e Jornal do Brasil; nas revistas Época e IstoÉ e fui correspondente da BBC na Espanha, onde cursei pós-graduação em roteiro, edição e direção de cinema na Escuela Superior de Imagen y Diseño de Barcelona. O blog Mari Kalil Por Aí é direcionado a todas as mulheres que, como eu, querem descomplicar a vida e ficar por dentro de tudo aquilo que possa trazer bem-estar, felicidade e paz interior. É para se divertir, para entender de moda, de beleza, para conhecer lugares, deliciar-se com boa gastronomia, mas, acima de tudo, para valorizar as pequenas grandes coisas que estão disponíveis ao redor: as coisas simples e boas.

14 Comentários
  1. Mariana, li alguns dos livros da Shirley e amei, fora as “experiências transcendentais” dela, tem muita coisa sobre viagens, arte, às vezes a gente “viaja” lendo os livros. Realmente, tendo sido monges em outra vida ou não, é necessário um tempo só pra nós, porque está tudo muito corrido, e não temos mais paciência pra nada, vivemos numa urgência desgastante!! Nada melhor como o som do silêncio ou do natureza pra repor as energias… Ah, e adorei esse Xinuquinho, amanhã vou lá (trabalho no Centro), nada como um molho de tomate sem aditivos!!! Valeu a ideia. bj

  2. Mari..amo teus textos, todos…principalmente quando tu mistura tudo, tipo assim, Shirley Mclaine, silêncio e cachorro quente!!! Tem coisa melhor para alma??? Amo muito.

    By the way, o blog novo e site estão lindos e funcionam muito bem. Adorei!!!
    Bjs

  3. Acho tão tri os teus textos e as coisas que tu escreve!! fiz o cadastro no site só para poder comentar pra ti aqui!!!
    Me identifico MUITO com a forma como tu expõe as “coisas” 🙂

    Um grande beijo!!

    Paola

  4. Mari, me empresta o Bento pra eu levar no Xinukinho !?!
    Trabalho ali do ladinho, saio do escritório, levo ele e o meu Bento, um yorkshire lindão.
    Topa Bento !?!

  5. Oi Mary, tudo a ver com o tema que eu abordo em palestra e workshops. Falo sobre comunicação não violenta e comunicação empatica. Já te co videi para uma pestra, mas dia 22 terá um workshop todo dia na Casa da Confraria, em Porto Alegre. Reitero o convite, és minha convidada!

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