Se tivesse ao alcance das mãos, colocaria neste momento dois palitos de fósforo para manter os olhos abertos. Sim, tenho problemas com a virada do horário de verão. Passo os primeiros dias lesada, como se tivesse participado de uma rave madrugada dentro sem dormir.
Cheguei hoje de manhã na redação direto para a geladeira do bar atrás do Burn, o energético que vendem por aqui. Não é o meu favorito, prefiro o Red Bull no sugar, que, apesar de não me dar asas, não me convenceu a mover qualquer processo contra a empresa.
Assim pensa um animal que vive de mesada e que veio ao mundo a passeio. Poderia ser diferente? Sim, poderia se ele se espelhasse no Beagle da KLM e oferecesse seus serviços a alguma companhia aérea brasileira.
Vejam, por favor, o novo serviço oferecido pela KLM. Não por acaso eu sou fã dos holandeses, que há anos luz descobriram a bicicleta como meio de transporte e agora este serviço que não poderia ter mais empatia com os passageiros.
Olha!
Se o animal se entusiasmou? Se ao animal que veio ao mundo a passeio e passa as tardes de pelotas se entusiasmou e vai procurar emprego semelhante?
Como essa conversa não surtirá nenhum efeito financeiramente positivo, mudemos de assunto: acabo de saber que um dos meus drinques prediletos está de aniversário. E não é qualquer aniversário, mas um senhor aniversário.
De quem estou falando? Do Bloody Mary, esta maravilha com tomate.
Da série vamos simplificar a vida, eu tenho em casa uma garrafa de suco de tomate temperado já prontinho para receber uma dose de vodca e algumas pedrinhas de gelo. Nunca me atrevi a fazer o Bloody Mary, mas sou daquelas que adora experimentar bloody maries pelos bares da vida.
CONHECEM A HISTÓRIA DO DRINQUE?
Credita-se o surgimento do Bloody Mary à Revolução Russa, em 1917. Esta é a história que o tradicional Harry’s New York Bar, em Paris, gosta de contar para a clientela.
É lá que teria surgido a bebida, já que foi lá que o barman Ferdinand Petiot teria descoberto o suco de tomate enlatado dos imigrantes americanos e a vodca dos russos que fugiam dos bolcheviques – e juntou uma coisa com a outra.
Com o tempo, a bebida passou a receber outras variações. Em Londres, por exemplo, os barmans costumam servir a receita substituindo a vodca pelo uísque. Em Bangcoc, acrescenta-se um toque de coentro e outro de capim-limão.
:Bons drinques com o lobo chamado Leo
:Vinho, vilão das mulheres?
O uso de temperos também faz parte da diversão de preparar o Bloody Mary. Vale infusionar a vodca com pimentas, dill, cominho e outras especiarias. Dá até para substituir o molho inglês por shoyo, o sal comum por sal de aipo, e o tomate italiano por tomate-cereja.
Está tocando meu celular. (Mariana espia o visor e ali está escrito Hospital Veterinário).
– Alô?
– Mariana?
– Oi, Bianca!
– O Bento está pronto.
– Ah, tá, obrigada. Vou avisar o Chico, ele vai buscar.
ELA ADORA ME ABANDONAR NO BANHO