Chata essa minha peregrinação de férias, sabe assim? Essa coisa de ficar peregrinando por bares e restaurantes atrás de rabas a la romana, clericots, chivitos, pizzas, praias…. Pois venho por meio desta validar dois endereços que não tem erro para quem quer deliciar-se com um belo chivito (que não tem nada de grande, o que acho muito bom!), belas rabas a la romana e um belíssimo clericot. Anote os dois endereços: REX e BOCA CHICA.
MUITO PRAZER, SOU O BOCA CHICA
São dois lugares que costumo frequentar, mas dos quais nunca falei até porque em outras ocasiões não havia experimentado nem o chivito, nem as rabas e nem o clericot. Santa ignorância, Batman! Comecemos pelo Rex. Está localizado na Barra e nunca passei por ali e o vi vazio. Possui um ambiente muuuito informal, atende a famílias inteiras (argentinos carregam até quatro filhos pequenos empilhados, uma coisa querida!), senhores, senhoras, juventude transviada, o que vier. Detalhe: não aceita cartão, apenas en efectivo.
Vamos às fotos e aos comentários!
Este é um chivito completo do Rex. Destino: boca e estômago do Chico. Comemos numa volta da praia na Barra. Paramos ali de roupa de praia mesmo e almoçamos/jantamos
Este é um chivito “trank”do Rex. Por “trank” entenda-se “tranquilo”, ou seja, mais light. Por light, entenda-se sem batata frita. Por Mariana, entenda-se que ela pede um chivito trank e assalta as batatas do Chico. Ou seja: engana a si mesma.
Eu gosto de junk food e não conheço quem não goste. Mas sou uma pessoa que come junk food com muita moderação. O que eu gostei do chivito do Rex é que ele tem um tamanho ótimo, sabe assim? A gente come e não pesa a consciência, até porque leva nada menos do que salada, queijo, carne e um pedaço de pão.
ELA NUNCA SE ENGANOU TANTO COMO NESSAS FÉRIAS
Já que o animal se manifestou, lembrei de um detalhes importante: pets são permitidos, o que faz do Rex um lugar ainda mais adorável. No ano passado, estivemos com ele por lá. Lembro que sentamos na varanda, atrás da chiviteria, com vista para o mar. Não comemos nada, pois fomos apenas dar um beijo em uns amigos, tínhamos acabado de almoçar. Bebemos apenas uma Pilsen bem gelada. E o animal ganhou seu pratinho com água sem que eu precisasse pedir.
Ao Boca Chica fomos dia desses exclusivamente para tomar um clericot e admirar la puesta del sol. Ele fica localizado na ponta da península e algumas mesinhas na rua oferecem uma vista fantástica e muito admirada neste horário do pôr do sol. Como havia feito um dia bem mais ou menos, nublado e chuvoso, e o fim de tarde se desenhava limpo e com a promessa de um lindo fim de tarde no horizonte, Chico teve a ideia desse programa.
Sentamos numa mesinha do lado de fora que esperava estrategicamente por nós. Bento foi junto e não teve problema de acesso. Estava exausto, assim que chegou e não viu nada. Se atirou dos ladeados nos meus pés e ali ficou, roncando um pouco até.
ESSAS FÉRIAS ESTÃO ACABANDO COMIGO
Pedimos um clericot, apenas. E uma água com gás.
– Tá a fim de comer alguma coisa? – perguntou o Chico.
– Pois é… Talvez daqui a pouco.
Chegou nosso clericot, depositado na mesa por um garçom que não era o nosso. O nosso garçom veio logo em seguida e avisou:
– Este cara é o melhor fazedor de clericots de Punta del Este.
Eu fiquei pensando o que ele queria dizer com aquilo. Foi quando de repente, não mais que de repente…. O melhor fazedor de clericots de Punta del Este se parou a dar marteladas com a colher de pau no gelo e nas frutas dentro da jarra. BAM, BAM, BAM, BAM! Tanta martelada que eu até fiquei meio incomodada num primeiro momento. Estava achando um certo exagero, sabe assim? Mais BAM BAM BAM!!
Quando as pobres frutas (banana, maçã, pera, uva, pêssego) estavam devidamente trituradas, destroçadas, pedindo clemência dentro da jarra junto com o pobre do gelo, ele abriu uma garrafa de Don Pascual Sauvignon Blanc e depositou dentro. Mas virou a garrafa, sabe assim? Com vontade! Aquele vinho desabou sobre os cadáveres dos gelos e das frutas. Então, uma espuma subiu, a mistura do vinho com as frutas e o gelo triturado ficou rosada – e eu finalmente entendi a diferença entre um garçom que só deposita o vinho dentro da jarra, dá uma mexidinha, vira as costas e vai embora e um verdadeiro fazedor de clericots.
Olha!
DE OUTRO ÂNGULO, COM A MINHA TAÇA!
Beeeeeem geladinho!!
Não é diferenciado? Você, meu senhor e minha senhora, não estão acostumados a tomar clericots com cor de vinho branco? Pois é! É porque o garçom não mexe e não assassina as frutas e o gelo. É garçom preguiçoso ou que não sabe fazer clericot. Dá próxima vez, peçam que ele faça BAM BAM BAM dentro da jarra, feito o assassino de frutas incontrolável do Boca Chica, e verão a diferença.
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Sobre a fome. Uma hora ela despertou, claro. Pedimos, então, as rabas do Boca Chica para experimentar. Até então, as melhores rabas encontradas na nossa peregrinação havia sido as rabas do LA MAREA. Pois quer saber? O Boca Chica passou na frente. A diferença pra melhor: são mais carnudas, sabe assim? Concluímos que as rabas do La Marea são muito boas, não dá pra negar. Mas são croc croc croc muito em função de serem mais fininhas, o que faz a fritura se manifestar mais. Já as rabas do Boca Chica são igualmente crocs, mas muuito mais tenras.
Olha!
NHAM NHAM!!!!
CFOC, CROC, CROC, CROC!!
… E então, com essa visão da puesta del sol, mordiscamos rabas, degustamos o incrível clericot e nos despedimos de mais um dia de férias e desta difícil peregrinação!