Segunda-feira está virada em um peso morto sobre minhas costas. Como pode um dia ser tão diferente dos outros, me diz? Você sente esse desânimo, essa preguiça, esse (desculpem a expressão) saco em outros dias da semana? Não, não sentem. Isso só acontece na segunda-feira, vai dizer?. Não há roupa do bom humor capaz de aliviar este mal. E sabe o que é pior? A segunda-feira jamais deixará de existir. Toda semana vai acabar e toda semana vai começar na segunda-feira. Isso sempre aconteceu e sempre acontecerá, desde o nosso nascimento até a nossa morte. Por que sofrer tanto, então, se sabemos que não há como fugir? Não sei.
Haverá de chegar o dia em que poderei me dar ao luxo de ser uma inútil na segunda-feira. O que significa ser uma inútil na segunda-feira? Peraí que vou pensar. Acho até que vou preparar um café para degustar melhor este assunto – taí um assunto que me animou muito agora: pensar como seria ser uma inútil às segundas-feiras. (Mariana levanta-se e vai até a cozinha preparar seu café).
Olha isso!
Mas o que é isso, Mariana? Além de ser uma foto que saiu meio sem foco e com coisas que não deveriam estar no contexto, tipo a placa de ferro dos 75 anos da Farsul, isso é uma das últimas descobertas que contribuem para fazer a segunda-feira da Mariana um pouco menos dolorida. Trata-se do chocolate Only4 sabor Cranberry.
Olha!
OOOOOOOOHHHHHH!!!
Tenho todos na minha cozinha!
Ele é muuuito bom. Muito, muuuuito. Todos os sabores são bons. Tem o sabor puro cacau, que não aparece aqui porque, quando fui comprar, estava em falta. Se estou comendo chocolate em meio à minha dieta? Sim, estou. Fui liberada pela minha querida nutri Carina Borges para, de quando em vez, substituir as oleaginosas da tarde por 25 gramas de algumas marcas liberadas, tipo a Only4.
QUANDO TENHO VONTADE DE MATAR ALGUÉM
Mas voltemos ao assunto inicial que muito havia me interessado: o que eu faria se pudesse ser uma pessoa inútil às segundas-feiras. Em primeiro lugar, não colocaria despertador. Acordaria depois que meu pobre corpo cansado tivesse descansado tudo o que precisa descansar. Então, abriria os olhos feito Bela Adormecida, daria umas 15 espreguiçadas e ficaria um tempo de barriga para cima olhando para o teto e pensando como sou feliz de ser uma inútil em plena segunda-feira.
Então, eu abandonaria o celular. Sem SMS, sem Whats App, sem Facebook, sem nada. O mundo lá fora que continue lá fora. Escovaria os dentes, colocaria uma roupa de ficar em casa e desceria com Bento e Papaqui para o xixi da manhã. Voltaria para casa e prepararia meu café da manhã. Então, sentaria na varanda e fiaria ali, olhando para o nada e fazendo a digestão.
Então, feita a digestão contemplativa, desceria com Bento e Papaqui para o passeio. Em vez da voltinha rápida na quadra, iríamos ao Parcão de bicicleta – um na cestinha da frente; o outro na cestinha de trás. Estacionaríamos em uma das sombras do parque e ficaríamos por ali. Beberíamos água de coco, eu estenderia uma colcha na grama e dedicaríamos mais um momento para o ócio contemplativo. Então, pegaríamos a bicicleta e iríamos almoçar em algum lugar – algum lugar com uma comidinha natureba ou que tivesse uma saladinha boa e criativa. E que fosse pet friendly, claro.
Almoçaríamos sem pressa, pegaríamos de novo a bicicleta e iríamos tomar café em outro lugar. Tomaríamos o café, pegaríamos a bicicleta e voltaríamos para casa. Então, eu daria almoço para Bento e Papaqui e teria que escolher entre duas possibilidades: cinema ou Netflix. Primeiro, procuraria algum filme bom em cartaz. Caso não encontrasse nenhum, poderia escolher entre os seriados House of Cards, Orange is the New Black, Homeland ou How to Get Away with Murder. Possibilidades não faltariam.
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Se fosse ao cinema, compraria um pacote de pipoca para lembrar ainda mais que aquele dia é uma segunda-feira e estou no cinema comendo pipoca. Se ficasse em casa, também faria pipoca – para lembrar ainda mais que aquela é uma segunda-feira e estou prestes a deitar no sofá de casa com uma panela de pipoca. Quando toda essa inutilidade de cinema ou Netflix acabasse, já seria em torno de umas 6h da tarde. Então, eu tomaria banho, colocaria o pijama (se tivesse em casa, apenas trocaria de pijama) e sentaria em frente ao computador para escrever sobre o meu dia inútil.
ESCREVER SOBRE O QUE, MARIANA?
Hiiiiii… Muita coisa! Eu teria várias novidades: o novo restaurante que almocei, a nova cafeteria que conheci, o novo filme que assisti ou o capítulo do seriado que escolhi. E agora me peguei pensando: uma segunda-feira inútil vem a ser muito mais produtiva para uma jornalista do que uma segunda-feira útil, vai dizer? Numa segunda-feira inútil, eu seria capaz de colher várias novidades por aí, diferentemente de uma segunda-feira útil, em que fico aqui me debatendo, amaldiçoando o mundo e querendo que o dia maldito termine logo. Eu jamais ia querer que a segunda-feira inútil acabasse.
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Eu seria tão, mas tão feliz que meus neurotransmissores seriam inundados de dopamina e serotonina. Então, minha mente teria influência imediata sobre meu corpo, que reagiria com otimismo – e este otimismo me tornaria uma pessoa positiva diante da vida. Como cientistas dizem que pessoas positivas tendem a viver mais e melhor, logo eu me tornaria uma pessoa com expectativa de vida maior. Tudo por causa de uma segunda-feira inútil, não é genial?
JÁ TENHO PROGRAMA PARA A SEGUNDA QUE VEM
Que texto Mariana! Muitas vezes já me peguei pensando sobre como a qualidade de vida aumentaria se pudéssemos ter dias como o que acabaste de descrever… Não só segundas, mas uma pausa quando estamos estressados… Parabéns pelo texto!