Dormi, acordei e continuo chocada com o que a atriz Uma Thurman fez com o próprio rosto. Sempre admirei Uma Thurman. Sempre me pareceu uma mulher classuda, elegante e dona de si. Com personalidade. Acho que me enganei. Não acredito em mulheres confiantes e com estilo e personalidade que se submetam a esse tipo de intervenção absurda que terminam por parecer uma imagem dantesca da beleza que um dia foram.
DEPOIS E ANTES
(Estou exagerando? Me digam, por favor!)
Fiquei furiosa com ela. Furiosa como a gente fica com a melhor amiga que faz alguma besteira. “Como assim, Uma? Pirou?”, é o que eu tinha muita vontade de dizer. “Precisava disso? Estava com a cabeça aonde? Queria provar o quê para quem?”. Mas não sou amiga de Uma e nada tenho a ver com a vida dela. Se fez ou não fez intervenção, a mim não diz respeito, apenas a ela. Mas se puder dar meu parecer, preferia a Uma de antes. E não me venha com desculpas de que Hollywood exige essa juventude eterna de suas atrizes. Não me venha colocar a culpa no outro. Helen Mirren e Meryl Streep estão aó para não deixar mentir.
SEMPRE LINDA E CANDIDATA A OSCAR!
Não sou tão amiga da Nicole Kidman como até então me sentia de Uma Thurman. Não teria coragem de interpelar a Nicole com a mesma sinceridade, mas ela é outra que merecia umas boas puxadas de orelha. Desde que começou a retocar aquela boca perdeu completamente o brilho próprio. Perdeu a graça e sua estrela já não brilha mais como brilhava. Era uma atriz de primeira grandeza, daquelas que ofuscava ao pisar o red carpet, lembram? Agora, parece uma eterna co-co-coadjuvante
NÃO TORNOU-SE A PESSOA MAIS SEM GRAÇA DO UNIVERSO?
(De que adianta a boca?)
LEMBRAM DO ARRASO ELA ERA?
(E não tinha a boca)
ANTES DE DEPOIS DA BOCA
(Alguém me explica onde ela quer chegar?)
Pergunto o mesmo de Renee Zellweger. A eterna Bridget Jones, que ganhou notoriedade e, sobretudo, simpatia do público feminino com este papel apareceu completamente transformada algum tempo atrás e disse que a transformação foi fruto da passagem do tempo. “Um envelhecimento natural”, usando as palavras da própria atriz.
DEPOIS E ANTES
(Alguém acredita no tal envelhecimento natural?)
EU NÃO
NEM EU
COMO GOSTAM DE SE MANIFESTAR…
Fato é que estão todas na contramão de um novo tempo que prega um estilo de vida de menos valor estético e maior valor interior. Na verdade, estão todas contra os tempos da sanidade mental, vamos combinar! Na Espanha, por exemplo, já existem dados comprovando que as mulheres estão buscando cirurgiões plásticos para a retirada das próteses de silicone. No planeta Terra, a indústria de luxo anda convocando “mulheres maduras” como Iris Apfell (90 anos), Joni Mitchell (71), Charlotte Rampling (68), Helen Mirren (69) e Joan Didon (80) para animar as vendas e a inclusão fashion das idades mais avançadas.
MUITO PRAZER, SOU IRIS APFEL NA CAMPANHA DE ACESSÓRIOS DE ALEXIS BITTAR
Como bem registra a revista Vogue de fevereiro, a moda de luxo não está de brincadeira na tentativa de conquistar clientes maduras. As “grey stars”, como são chamadas, estão por todas as partes das principais capitais de moda do mundo, como Nova York. A própria Iris não é debutante neste trabalho de garota-propaganda. Ela já inspirou uma linha de cosméticos da MAC – e a coleção de batons e sombras em cores fortes passa muito longe do espírito recatado das vovós de antigamente.
Olha!
NÃO É GENIAL?
Aos 47 anos, Julia Roberts é cover-girl da Givenchy. Joni Mitchel (71), lenda da música folk, empresta a imagem para Saint Laurent, além de todas as outras que já citei lá no começo do post. Para fechar com chave de ouro essa nova onda, há ainda a sedução das anciãs sicilianas da Dolce & Gabbana, um sucesso estrondoso.
Olha!
NÁO É GENIAL?
Italianas na faixa dos 80 anos são as garotas-propaganda do verão 2015 de DG
OLHA QUE MARAVILHA!
Joan Didion, estrela literária americana, no alto de seus 80 anos, para Céline, e Joni Mitchell, a lenda do folk, de túnica hippie para Saint Laurent. A ideia é celebrar a “mulher de substância”e seus muitos anos de realizações. Pode existir celebração maior do que olhar para trás, ter orgulho do que se vê e festejar a própria trajetória? Isso não é muito mais digno do que querer uma boca ou um rosto novos?
Costanza Pascolato reflete que, com esses exemplos da indústria da moda, estaríamos vivendo uma era da “inclusão fashion” da idade madura. Costanza é a prova viva disso. Ela observa também que há dinheiro (sempre ele!) por trás dessa mudança de comportamento (desde que seja para melhor, como é o caso, está valendo). A razão para seduzir mulheres maduras com a inclusão de modelos maduras estaria no enfraquecimento das vendas mundiais e a necessidade de olhar para novas oportunidades de público e de negócio.
O poder aquisitivo de pessoas entre 50 e 70 anos nos Estados Unidos e na Inglaterra é o dobro ou três vezes mais do que o poder aquisitivo da geração mais jovem, segundo reportagem do New York Times intitulada “silver economy”.
NUNCA ESTIVE TÃO NA MODA
Só se for de silver, né Bentinho? Porque de economy…
JÁ DISSE QUE VIM AO MUNDO A PASSEIO