Tem uma lagartixa enorme, branca e de olhos azuis escondida em algum lugar do meu bunker-escritório, e eu não estou achando isso nada legal. Tenho horror desses bichinhos pequeninhos e moles e ranhentos e rapidinhos, que a gente nunca sabe para onde vão correr ou pular, tipo lagartixas e pererecas. Quer me ver histérica e fora de mim? Me tranca em algum lugar com um animal desses. É pânico na certa. Pois pedi ao meu marido que tire, por favor, esta senhora branca de olhos azuis do meu escritório, mas, como contei no vídeo de ontem postado na página do blog no FB, ele disse que eu preciso aprender a domar minhas fobias. Ou seja: não tirou a maldita lagartixa do escritório.
ANHÃÃÃÃ
Como ainda é manhã, dia claro, e a luz entra pela janela, ela deve estar enfiada em algum canto – e não descarto que seja no meio dos meus livros, o que me arrepia os pelos do corpo. Assim sendo, terei que dividir o escritório com esse ser até que anoiteça. Porque, quando anoitecer, certamente ela vai aparecer – e eu pretendo estar bem longe. Sobre meu dente, ou, melhor, meu ex-dente, a coisa não anda muito bem (tenham paciência, hoje é segunda-feira, dia de eu reclamar um pouco). Sinto um desconforto constante desde que restos dele foram arrancados a fórceps da minha boca. Levei pontos, tenho que tomar antibiótico – e o antibiótico está me causando dores fortes no estômago.
ESTOU COM PENA DELA
Agora, além do desconforto na região do dente, como uma espécie de pressão que se estende pelo lado esquerdo do rosto, entra pelo fundo do olho esquerdo e pulsa em toda a cabeça, também tenho dor de estômago, como uma espécie de queimação, em função do antibiótico. E assim, com esse conforto todo, tenho que ser uma pessoa lúcida e criativa para escrever o livro.
QUERO NASCER DE NOVO
PIOR QUE A VELHICE, SÓ O COMUNISMO
Por falar em livro, sexta-feira passada saí do bunker para comprar o presente de aniversário do meu adorado baba, que completou 68 anos de vida. Fui até a Livraria Cultura, do Bourbon Shopping. Pensei em dar um vinho de presente, mas como necessitava circular por meio de livros para buscar inspiração para o meu (impressionante como o conhecimento por osmose funciona comigo), resolvi escolher um presente para papai. Há muito tempo não sentia uma gana absurda por chocolate e só pensava no café da Livraria Cultura, do seu brigadeiro e das tortas incríveis. Já experimentaram o café da Livraria Cultura? Pois recomendo.
É um dos programas que mais gosto de fazer. Vou lá, entro na livraria, respiro aquele ar puro de livros, me dirijo até o fundo, peço um Carioca duplo e algum docinho e sento em uma das mesinhas como se não houvesse amanhã. Fui ávida por um brigadeiro, mas cadê de encontrar na vitrine de doces? Tinha acabado. “Puxa vida, vou ter que comer uma fatia de torta, então… Coisa séria….”, pensei. Então, fiquei em dúvida entre a Torta Trufada e a Torta Branquinho. Me abaixei, feito cachorro em vitrine de frango assado, e fiquei tentando enxergar o o interior de uma e de outra. Optei pela Branquinho.
Olha!
OOOOOOOHHHHHHH!!!
Olha ali o branquinho em cima e o branquinho no meio!
Olha ali o chocolate!
Estava ótima!
Devorei inteirinha e ainda devoraria a Trufada por cima. Mas resolvi levantar e ir em busca do presente para papai. Meu pai ama biografias e história e de cara vi um dos lançamentos, Pablo Escobar, Meu Pai.
Olha!
ELE, O LIVRO
Escrito pelo arquiteto Juan Pablo Escobar, 37, filho do maior traficante de drogas de que se tem notícia na história
Em “Pablo Escobar – Meu Pai”, Juan Pablo traz revelações sobre a caça ao criminoso, promovida pelo Exército e a polícia da Colômbia, com apoio significativo de ex-colegas do crime e também de familiares. Juan Pablo com o pseudônimo de Sebastián Marroquín e construiu uma vida nova em Buenos Aires, onde moram sua mãe, viúva de Pablo Escobar, e a irmã caçula. Disse ele em entrevista à Folha de S.Paulo: “Minha vida nunca foi normal. Eu e minha irmã passamos a infância com brinquedos caros e de todo o tipo, em quantidades imensas, mas vivíamos escondidos.”
O livro conta como Juan Pablo começou a perceber que seu pai não tinha uma profissão normal, além de enumerar as extravagâncias que a família vivia. Na fazenda Nápoles, tinham um zoológico, com animais trazidos de várias partes do mundo e uma coleção de arte com obras de Fernando Botero, Salvador Dalí e Auguste Rodin.
O VÔVO ADOROU O PRESENTE
Adorou mesmo, graças a Deus. Eu também fiquei com vontade de ler. E fiquei com vontade de ler outro também, que quase comprei, mas resolvi me dar de presente quando acabar de escrever o meu, já que não teria nenhuma condição de começar nenhuma leitura agora. É do escritor americano e psicanalista Irvin Yalom, que adoro, autor de Quando Nietsche Chorou e A Cura de Schopenhauer, dois livros que li e amei.
Olha!
MINHA PRÓXIMA AQUISIÇÃO
Folheei emquanto tomava meu café e devorara minha torta e me pareceu muuuito interessante. A sinopse é a seguinte: o autor conta 10 histórias baseadas em relatos de 10 pacientes. Troca o nome deles, claro. E pediu permissão a todos. Uma bailarina que deve aceitar que seus dias de palco acabaram; um escritor que deve superar o bloqueio criativo; um importante empresário que deve aprender a viver aposentado são três das 10 histórias muuuto interessantes e bem contadas, que falam de medo, dor, esperança e esses sentimentos tão comuns a nós, mortais.
E agora peço licença que depois de semanas vou me dar o direito de recomeçar meu pilates. Porque não quero terminar minha vida como uma nova integrante da Academia Brasileira de Letras, porém tão corcunda que não serei capaz de olhar para o céu, apenas para o chão.
O EGO DELA NÃO TEM LIMITE
HE HE HE
O ANIMAL NÃO SABE BRINCAR