Mordi minha língua. E mordi mesmo. Mordi porque achei que a onda do máxi colar já tinha dado o que tinha que dar. Qual o quê? O máxi colar foi redescoberto e é quase onipresente nos desfiles da SPFW. Aliás, tudo é máxi (até o trânsito de SP que está caótico como há muito eu não via). As pulseiras são máxi, as clutches são máxi (graças a Deus, agora nossas coisas cabem numa clutch!).

Máxi colar no desfile de Ronaldo Fraga, que ocorreu na terça

ÁGUA DE COCO abriu o terceiro dia de desfiles com uma proposta deslumbrante, linda, linda mesmo para a moda praia. Ok, sou suspeita pra falar porque amo a cultura turca – e a grife buscou inpiração justamente na Turquia.

As estampas mostravam desde os balões sobrevoando o céu da Capadócia até os mármores das mesquitas de Istambul. O que gostei muito também foi dos tops nem tão decotados assim (sou a favor da moda praia mais comportada). Sobre as peças recortadas a laser? Não tenho palavras. Só suspiros. O que percebi, não só neste desfile, mas em muitos outros, é que o foco mudou de lado. O decote não é mais na frente, mas atrás. As costas nunca estiveram tão de fora. E acho isso lindo, pois é uma maneira de ser sensual sem ser óbvia ou mesmo sem cair em armadilhas vulgares.

O trabalho artesanal da estilista Liana Thomaz também foi incrível. Os biquínis e maiôs de renda crochê é daquelas peças que doem usar para entrar no mar, sabe assim? E sobre a onda máxi que eu estava falando, na Água de Coco ela aparece em brincões dourados ou com mármores, em pulseirões, em colarzões

Outra maravilhosa grife de moda praia teve seu dia de rainha na SPFW: ADRIANA DEGREAS nunca decepciona. E não decepcionou inspirada na Bahia. Desta vez, Adriana vive o momento de limpar o beachwear. Ela, que foi uma das primeiras a sofisticar a moda praia, agora investe numa silhueta mais descomplicada, mas não menos sofisticada – vide os maiôs e cáftãs que podem muito bem sair à noite. Outro item que aparece na coleção de Adriana e de outras marcas de moda praia é a hot pant – mais um exemplo de peça curinga, que vai à praia e também funciona debaixo de uma saia transparente.

Depois de dois anos sem desfilar na SPFW, a FORUM voltou – e voltou com tudo, principalmente pisando forte na estamparia e nas rendas. Mostrou outras duas tendências que vamos ouvir falar muito: cores e brasilidade.  Fiquei tão, tão feliz de ver que a Forum orientou o ilustrador Filipe Jardim a inspirar-se em um dos lugares mais lindos do nosso país e que merece uma demorada visita: Inhotim, em Minas Gerais, que já foi tema de reportagem de capa da Donna.

Verdes, ácidos, laranjas, néons, três variações de azul – toda essa variedade de tons esteve presente. Por falar em azul, me arrisco a dizer a quem perguntar qual será a cor do verão: será o AZUL.  Posso morder minha língua, como aconteceu com o máxi colar, mas me parece muito, muito evidente. Até a editora de moda da Vogue, Barbara Leão de Moura, deu o ar da graça neste terceiro dia de SPFW toda trabalhada no azul. Se pudesse escolher uma das peças, devo confessar que amei a estampa da brasileiríssima caipirinha.

Sobre a UMA: alguém me alcança uma mala grande para eu colocar toda a coleção dentro e levar para Porto Alegre? Alguém tem coragem de dizer que a Uma não é uma das grifes mais elegantes do país. Amo a Uma.

Imagens: Zé Takahashi / Agência Fotosite

Amo a UMA porque ela é fidelíssima a uma identidade própria: o minimalismo. Preto, branco e AZUL (olha ele aí de novo, até na Uma que não é dada a modismos!) deram um basta na ode ao colorido que vem aparecendo nas passarelas, e as estampas foram influenciadas pela inspiração na cultura africana (Animale também homenageou a África, lembram?).  O máxi colar que tanta dor causou na minha língua? Sim, também estava lá, desta vez produzido com borracha reciclada, assim como as pulseiras (máxi) e as sandálias (lindas).