Foi há dois anos, colocando a mesa para o jantar, que senti uma coceirinha num ponto em cima do ombro direito. Parecia mordida de mosquito. Sem perder a concentração quanto ao lado certo do garfo e da faca (sim, eu adoro regras de etiqueta!), passei o dedo naquele pontinho e cocei. Senti algo molhado. Olhei para o dedo.
ESTAVA SUJO DE SANGUE
Espiei por cima do ombro. O que sangrava não era uma mordida de mosquito qualquer, era um sinal. Um sinal entre tantos outros sinais que tenho pelo corpo. Na manhã seguinte, fui ao dermatologista. Na semana seguinte, veio o diagnóstico: meu sinal era um melanoma. No outro dia, dei entrada na Santa Casa de Misericórdia para, sob efeito de anestesia geral, remover o máximo de tecido do ombro a fim de tentar cortar pela raiz qualquer célula cancerígena que pudesse ter se espalhado.
VADE RETRO, SATANÁS
A história completa e em detalhes da descoberta do melanoma, do pré e pós-operatório, está contada, entre tantas outras histórias, em meu segundo livro, Vida Peregrina.
OI, BONITÃO!
Melanoma representa 5% dos tipos de câncer de pele e é o mais grave, com alta taxa de mortalidade nos estágios mais avançados, visto que aumenta a probabilidade de formação de metástases – o que complica o quadro e dificulta a cura. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o câncer de pele é responsável por cerca de 70 mil mortes a cada ano, 80% das quais causadas por melanomas. Mais da metade dos pacientes tem menos de 59 anos. É considerado um câncer que atinge pessoas jovens e o tipo que mais vem crescendo a cada ano.
PARA O ALTO E AVANTE
Dia desses, fazia exames de rotina na Unimed (mesmo após a retirada, o melanoma exige anos de exames de rotina) e conversava com a médica sobre o assunto, quando ela contou sobre o impressionante crescimento do câncer de pele nos últimos tempos. Tive que concordar ao lembrar que, só nas minhas relações, conheço quatro pessoas diagnosticadas com a doença. “Os pacientes estão conseguindo se curar, doutora?”, eu quis saber. “Os mais jovens, sim, pois estão mais informados e procuram auxílio a tempo. Já as pessoas mais velhas ainda desconhecem bastante a gravidade dessa doença e não dão bola quando alguma mancha nova aparece ou sofre mutação”, ela respondeu.
FAÇAM O FAVOR DE DAR BOLA, PESSOAS MAIS VELHAS!
ELA FICA DANDO LIÇÃO DE MORAL NOS MAIS VELHOS
Uma das mais respeitadas revistas científicas do mundo, a americana Science, divulgou uma reportagem semana passada alertando para o fato de que um quarto das células da pele de pessoas de meia idade já deram os primeiros passos em direção ao câncer de pele. Análise de amostras de pele de pessoas com idades entre 55 e 73 anos descobriram mais de cem mutações de DNA ligadas ao câncer em cada centímetro quadrado de pele. Desde a descoberta do melanoma, tenho sido absurdamente observadora de sinais em mim e nas outras pessoas.
ELA PERDEU UM POUCO A NOÇÃO
ELA FALA COM QUEM NÃO CONHECE
Não me reprimo mesmo a chamar atenção para um sinal feio que percebo em alguém – seja no vendedor da Vivo, na caixa do supermercado, no garçom do restaurante, na moça da sorveteria… Eu falo – e falo mesmo. “Desculpa se parece uma intromissão, mas já consultou sobre este teu sinal?”, pergunto. Cem por cento das vezes, ouvi a resposta “não”.
POIS DEVERIA CONSULTAR JÁ!!
BENTO NÃO QUER MAIS SAIR COM ELA
SÓ DE PERUCA E ÓCULOS ESCUROS