Conserta de um lado, estraga do outro

Sou relativamente cética quanto à ideia de que num dia, numa galáxia não muito distante, todos os brasileiros levarão para o supermercado – por livre e espontânea vontade, ressalte-se – suas próprias sacolas recicláveis, evitando, assim, a utilização da tão discriminada sacolinha plástica.

plastic_bag2ESTA TÃO MAL FALADA SENHORA!

Não sou uma pessoa politicamente correta. Acho o mundo dos politicamente corretos (principalmente daqueles que adotam o discurso politicamente correto) bastante chato e não vou negar que me utilizo da praticidade das sacolinhas plásticas do supermercado para acondicionar o lixo doméstico.

Homem NoISSO É FEIO, VIU, MARIANA!?

Sim, todo mundo diz que é feio. Só que eu ainda não encontrei outra solução para o lixo de casa. Jornal? Sim, já me disseram para forrar o lixo do banheiro e da cozinha com jornal em vez de usar sacolinha plástica. Mas e a tinta que o papel de jornal solta? Eo lixo molhado em contato com o jornal? Já viram a lambança que fica a casa?

mulher doidissimaEU NÃO QUER VER DE NOVO

Outra solução seria comprar sacos de lixo. Mas qual é a diferença, além de pagar por eles e enriquecer alguém que vai viver de vender plástico? O x da questão é mais embaixo: precisamos de um sistema mais sofisticado de acondicionamento, manipulação e coleta do lixo.

Ahhhhhhh!!PODE EXPLICAR MELHOR, MARIANA?

Um exemplo que conheci em algumas cidades americanas e europeias é um sistema que usa latões de plástico que se encaixam nos caminhões de coleta. O lixeiro não precisa abrir o latão e manipular o lixo, apenas facilitar seu encaixe no caminhão.

4oliviaTU ACHA QUE VAI VIVER PARA VER ISSO NO BRASIL?

Acho que não vai dar tempo. Por isso, ando empenhada em fazer aquilo que, por enquanto, está ao meu alcance. Semana passada, estive em Belo Horizonte e fui conhecer uma das lojas do supermercado Verdemar. Já tinha ouvido falar maravilhas dessa rede – desde a enorme variedade de produtos até a maneira ordenada como dispõe frutas, verduras e legumes em suas gôndolas.

VerdemarSENTEI AQUI PARA TOMAR UM CAFÉ

Tomava meu café na padaria do Verdemar e observava os clientes acomodando suas compras apenas em sacolas recicláveis que traziam de casa. Minha primeira reação foi pensar: “Meu Deus, que povo bem educado!”. Só que era muita educação para ser verdade. Então, pedi mais um café e continuei observando. Todos, todos, absolutamente todos levavam suas sacolas recicláveis para o caixa. Era muita coincidência.

woman-thinkingHUMMM… AÍ TEM

Levantei da cafeteria e procurei o gerente da loja. Questionei se toda aquela educação não era uma espécie de alucinação da minha cabeça.

Frustrated_Woman_Medium1-202x300O QUE ELE RESPONDEU, MARIANA?

Que as pessoas eram educadas, sim. Mas foram forçadas a tal. O Verdemar é pioneiro no país na proibição de sacolas plásticas. Mas o melhor é que encontrou uma maneira estilosa e divertida de estimular essa mudança de consciência nas pessoas. Fechou parceria com o estilista mineiro Ronaldo Fraga e delegou a ele o desenho de suas sacolas retornáveis. Assim, quem não tem a sua, pode adquirir alguns dos modelos de Ronaldo por R$ 2,50.

bento clássicaELA TEVE UM ATAQUE CONSUMISTA

Comprei seis modelos para usar nas minhas idas ao supermercado aqui em Porto Alegre.

sacolasOLHA QUE LINDAS!

bento clássicaE O LIXO DE CASA AGORA?

mulher-assustada-.jpegNÃO TINHA PENSADO NISSO

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Mari Kalil

Mari Kalil

Sou escritora, jornalista, colunista da Band TV e Band News FM e autora dos livros "Peregrina de araque", "Vida peregrina" e "Tudo tem uma primeira vez". Sou gaúcha, nasci em Porto Alegre, vivo em Porto Alegre, mas com os olhos voltados para o mundo. Já morei em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Barcelona. Já fui repórter, editora, colunista. Trabalhei nos jornais Zero Hora, O Estado de S.Paulo e Jornal do Brasil; nas revistas Época e IstoÉ e fui correspondente da BBC na Espanha, onde cursei pós-graduação em roteiro, edição e direção de cinema na Escuela Superior de Imagen y Diseño de Barcelona. O blog Mari Kalil Por Aí é direcionado a todas as mulheres que, como eu, querem descomplicar a vida e ficar por dentro de tudo aquilo que possa trazer bem-estar, felicidade e paz interior. É para se divertir, para entender de moda, de beleza, para conhecer lugares, deliciar-se com boa gastronomia, mas, acima de tudo, para valorizar as pequenas grandes coisas que estão disponíveis ao redor: as coisas simples e boas.

Sem comentários ainda.
  1. Ola, sobre a coluna sobre sacolas de supermercado. Sou gaucha de Porto Alegre mas moro ha 6 anos em Sao José dos Campos, Sao Paulo. Aqui a Prefeitura distribui para os condominios carrinhos para coleta de lixo com cores diferentes para organicos e inorgânicos. Esses carrinhos funcionam como vc mencionou ns coluna. O lixeiro acopla no caminhao e o cesto eh virado automaticamente na caçamba do mesmo! Mas mesmo assim usamos sacolas…..com levar o lixo do seu apartamento ate local dos carrinhos? Nao escapamos dos sacos. Seja de lixo, seja sacola de super!
    Ah, e aqui, depois da lei das sacolinhas de super, muita gente se acostumou a usar as sacolas retornaveis nas suas compras e os supermercados colocam muitas caixas de papelão a disposicao do cliente! Espero que tenha contribuido! Ate mais, Beatriz

  2. Olá Mariana, realmente é complicado achar a maneira mais correta de jogar o lixo fora. Não vou ao supermercado sem ecobag!! Meu marido (que é gaúcho) é “mega sustentável”! E para o lixo orgânico usamos sacos plásticos biodegradáveis, que são menos prejudiciais ao solo…pq fazer aquela dobradura com o jornal todo dia é meio complicado. Sou de São José dos Campos e realmente lá a coleta seletiva é bem eficiente! No momento moramos em Uberaba, aqui nunca vi coleta seletiva!! Mesmo assim separamos o lixo e levamos até o Walmart, pq eles tem uma “ilha ecológica” que recebe os recicláveis! Com o pouquinho de cada um conseguimos bons resultados, né?!
    Parabéns pelo blog e pelo livro!! Abraço!!

  3. Também tento fazer a minha parte, embora ainda falte muuuuiiito.
    A título de contribuição, já há sacolas plásticas de material biodegradável, que poderiam ser adotadas, embora o custo seja um pouco superior. Se compra em casas que vendem produtos para embalagem, material de festa, etc.
    Tambem procuro não pegar sacolinha em cada comprinha. Já da uma economia.

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