De tirar do sério

Não foi fácil ir e voltar das férias. Quem precisa pegar a BR-116 sabe do que estou falando. Me refiro mais especificamente àquela região ali perto de Barra do Ribeiro. Gostaria que os senhores governantes deste Estado dessem uma olhadinha em como anda o asfalto ali pela volta depois que as cancelas do pedágio foram levantadas e depois do calor escaldante que fez nesse canto sul do mundo.

MULHER DANDO MORALPASSEM O QUE EU PASSEI E DIGAM SE É LEGAL!!

Me senti em um trem fantasma dentro de um carro desgovernado tentando fugir de asfalto derretido e esburacado a cada 500 metros. Então fiquei pensando que grande parte da produção agrícola deste mesmo Estado passa por aquele chão que mais parece um mingau revirado. E então fiquei pensando em como ficará o mingau revirado depois que caminhões e mais caminhões começarem a ir e voltar do Porto de Rio Grande levando nossa espetacular produção de soja para exportação.

Successful business womanOUVI FALAR QUE SERÁ O ANO DA SAFRA RECORDE DE SOJA!!

mulher em dúvidaOU ESTOU ENGANADA?

Sim, voltei das férias meio indignada com muitas coisas, das mais graves, como as estradas estaduais e federais, às mais simplórias. Música alta em loja, por exemplo. Me responda qual é o ser humano de bom senso que consegue permanecer mais de dois minutos dentro de uma loja com o alto-falante aos berros?

musica-eletronica-3É UMA RAVE OU UMA LOJA?

Uma coisa é a loja oferecer uma trilha sonora agradável em volume audível,  o que até estimula a compra, segundo pesquisas. É o chamado “marketing sensorial” que contribui para despertar o desejo de consumo. Outra coisa é uma música eletrônica de romper tímpanos que obriga a falar gritando feito uma demente com a vendedora.

mulher gritando1TEM NÚMERO 38?!!

Labor PainsQUARENTA??!

mulher gritando1NÃO, TRINTA E OITO!!!

Labor PainsSÓ TEMOS  36!!

mulher gritando1OBRIGADA!!

4olivia10GENTE LOUCA

É de enlouquecer qualquer cristão mesmo  – assim como etiqueta em roupas. Por que razão uma grife precisa costurar uma etiqueta de três camadas com quase 10cm de comprimento em uma blusinha de seda?

bento clássicaPRA ELA CORTAR UM PEDAÇO DA BLUSA FORA

Conheço muitas pessoas como eu que não suportam etiqueta em roupas – e a primeira coisa que fazem ao chegar em casa com uma peça nova é passar a tesoura na maldita. Também conheço muitas pessoas que, como eu, erram um pouco o cálculo.

Mulher com vergonhaCORTAM UM PEDAÇO DA ROUPA JUNTO

Minha última rateada foi com a blusinha de seda, mas também já aconteceu com uma saia e um short, o que sempre me causa uma irritação bastante aguda, uma vermelhidão que sobe pelo pescoço, a sensação de mandíbulas trincadas e a promessa de que jamais voltarei a comprar qualquer alfinete daquela marca.

bento clássicaÉ UMA CENA HORRÍVEL

Bem menos horrível foram as férias do animal. Bento refestelou-se pelas areias uruguaias, devorou rabas a la romana e, antes de chegarmos na BR-116 da assombração, fizemos um pit stop no Free Shop para comprar as melhores batatas do mundo, de origem chilena, assadas no forno, com baixíssimo teor de sódio, sem glúten e temperadas com pimenta seca e coentro.  merken

CROC CROC CROC CROC

bento clássicaPELO MENOS NÃO TÊM ETIQUETA

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Mari Kalil

Mari Kalil

Sou escritora, jornalista, colunista da Band TV e Band News FM e autora dos livros "Peregrina de araque", "Vida peregrina" e "Tudo tem uma primeira vez". Sou gaúcha, nasci em Porto Alegre, vivo em Porto Alegre, mas com os olhos voltados para o mundo. Já morei em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Barcelona. Já fui repórter, editora, colunista. Trabalhei nos jornais Zero Hora, O Estado de S.Paulo e Jornal do Brasil; nas revistas Época e IstoÉ e fui correspondente da BBC na Espanha, onde cursei pós-graduação em roteiro, edição e direção de cinema na Escuela Superior de Imagen y Diseño de Barcelona. O blog Mari Kalil Por Aí é direcionado a todas as mulheres que, como eu, querem descomplicar a vida e ficar por dentro de tudo aquilo que possa trazer bem-estar, felicidade e paz interior. É para se divertir, para entender de moda, de beleza, para conhecer lugares, deliciar-se com boa gastronomia, mas, acima de tudo, para valorizar as pequenas grandes coisas que estão disponíveis ao redor: as coisas simples e boas.

Sem comentários ainda.
  1. Adorei a tua crônica deste domingo …
    Não posso deixar de compartilhar contigo esta mania horrível que algumas lojas adotaram de colocar o som no volume máximo … Cheguei a mandar um email para uma loja de calçados que adoro perguntando o porque disso e nunca recebi resposta …
    Beijos

  2. Mariana, fazes muito bem em comentar sobre as estradas. Trecho Bagé-Porto Alegre tinha pedágios, mas depois que acabaram os contratos com o Estado, a estrada está horrível! Eu acho que começa a ficar perigoso após Cachoeira do Sul, pois o tráfego de caminhões é intenso e danificou muito o asfalto. São crateras, um perigo!
    Mudando de assunto, já ouviste falar da Lean In, e a campanha Ban Bossy? Que tal fazer uma matéria no Donna sobre mulheres líderes e por que a mulher é tão apta para papéis de chefia quanto os homens? http://banbossy.com/ E leanin.org
    Eu abri um círculo para o Ban Bossy Brazil. Acho que isso pode ajudar muitas mulheres.
    Beijão!

  3. Toda vez que entro na Gang aqui de Rio Grande, pra comprar algum presente(filhas, sobrinho, genros) é um martírio. Fico tonta, não consigo ser ouvida pelo atendente, pois me nego a falar gritando, pego alguma coisa bem básica e me vou ao caixa. Lá, as gurias ficam perguntando se cartão, etc. Eu respondo. Daí, elas pedem pra eu repetir. Eu digo, quase gesticulando: a música tá muito alta. Elas ficam com cara de deboche. E a loucura do som não diminui. A Marisa também tinha som alto. Não sei se continua. Abandonei.

  4. Mariana, as chips Tika aqui em Rivera se encontra além do DFA também no Siñeriz, mas é aquela história em fim de semana é uma avalanche e desaparece das prateleiras rapidinho.O bom é comprar no meio da semana, vantagem de quem mora aqui em Santana/Rivera.

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