Quando se fala em férias, logo surge no imaginário popular uma cena lugar-comum: areia branquinha, mar cristalino, um par de cadeiras debaixo de um guarda-sol colorido e pés para cima. Férias para a maioria das pessoas remete à praia, a banhos de mar, a horas e horas a fio de mergulhos, corpos ao sol, partidas de frescobol, caipirinhas, cervejinha gelada e camarões fritos. Eu fico apenas com a parte etílica e gastronômica, obrigada.
ODEIO PRAIA
Só fui me dar conta de que fazia parte da turma da exceção já adulta. Quando a gente é criança, vai à praia porque castelinhos de areia e ondinhas no mar são o paraíso para pais desopilarem um pouco, entreter os filhos e ter a certeza de que os anjinhos voltarão exaustos e menos hiperativos para casa (pelo menos por algumas horas).
DORME, MIMOSO, DORME…
Quando cheguei à adolescência, ia à praia porque sim. Porque as amigas gostavam, porque ainda estava construindo minha personalidade e não queria me sentir um peixe fora d’água. Fazia parte da regra do jogo adolescente. Então, acometida de uma pseudo-depressão, me enfiava naqueles sunquinis com a calcinha até o umbigo, me agarrava em um livro, sentava embaixo do guarda-sol fincado nos molhes de Torres, epicentro da galera jovem, bronzeada e sarada dos anos 1990, e só levantava para ir embora.
Passava o dia assim!
FEITO UM TATU BOLA
Horas e horas enrolada em uma canga debaixo do guarda-sol querendo acreditar que minha intelectualidade lendo Nietzsche aos 18 anos sobrepunha-se a todas aquelas barrigas tanquinhos, coxas bem torneadas e silhuetas douradas dos bem-aventurados corpos da minha idade. Os anos foram passando, eu saí da adolescência para a vida adulta e comecei a perceber que aquele habitat não era o meu. E o melhor: não havia nada de errado comigo.
EU SOU NORMAL!!!
Então, já com algum discernimento de mulher feita e consciente de que era normal (apesar de não gostar de praia, o que para muitas pessoas, incluindo minha mãe, soa como uma aberração), parei para tentar entender o porquê de não curtir um lugar tão desejado e idolatrado pela maioria dos mortais. Motivos não faltam.
- Carregamento de tralhas: guarda-sol, cadeiras, jogo de frescobol, merendeira… Coloca no carro, tira do carro, caminha, caminha, caminha naquela areia quente com uma mudança nas costas, suando em bicas para tentar achar um canto de dois metros quadrados na areia. Esta é só a ida. Tem a volta – parecendo um croquete com aqueles grãos de areia grudados no corpo gosmento e suado de protetor solar.
- Areia: encarde o pé, entra nos olhos, cola no corpo, suja a bolsa, enfia-se entre a capinha e o celular… Isso quando não passa uma turminha de uns cinco amiguinhos brincando de pega-pega e joga uma revoada de areia na canga que você acabou de estender.
- Mar: tenho problemas com água em geral. Por mais aquecida que esteja, sempre acho gelada. Portanto, entrar no mar é um verdadeiro suplício. E aguentar o biquíni molhado, então? E quando entra areia dentro do biquíni? E o cabelo duro de sal?
- Necessidades fisiológicas: sempre chego na praia já pensando o que vou fazer quando der vontade de ir ao banheiro. Então, não bebo água e passo sede para não ter vontade de fazer xixi. Eu sei que a maioria dos mortais faz xixi no mar. Não os julgo. É assim desde que o mundo é mundo. Mas, se já não gosto de biquíni molhado, o que dirá molhado e mijado?
- Banheiro público: resta, então, caminhar quilômetros até o banheiro público – isso quando a praia dispõe de algum. Com muita sorte, você encontrará papel higiênico. Com mais sorte ainda, o assento não estará levantado e todo mijado. E com a maior sorte do mundo (coisa que nunca tenho), ao levantar a tampa da privada você não topará com uma diarreia de cinquenta tons de marrom.
- Frescobol: nem que tivesse nascido cachorro ia achar programa correr atrás da bolinha.
- Caminhada: me convide para dar uma volta à beira-mar com o sol torrando meus miolos e o biquíni saindo do lugar a cada passo que se dá e você conhecerá uma face bem menos elegante da minha pessoa.
ELA DIZ COISAS HORRÍVEIS
Mas sabe o que é melhor de crescer, amadurecer e se conhecer? É aceitar que nem sempre fazemos parte do senso comum e que não há nada de errado em pertencer ao time da exceção. Você também não gosta de praia? Deixa eu te falar uma coisa, então!
NÓS SOMOS NORMAIS!
PS: Convido as queridas leitoras de Caxias do Sul e cidades arredores para estarmos juntas no dia 7 de março, às 19h, no Café de la Musique, para a edição especial da Confraria da Mulher by Paulla Segala com o tema “Eu sou normal?”. Vamos bater papo e dar muita risadas? Vamos, Mari!!! Oba! Os ingressos podem ser adquiridos pelo tel. (54) 99965-8600.
NÃO ME DEIXEM SÓ!
VÃO LÁ DAR UMA FORÇA PRA ELA
Olá Mariana,
Adorei o que escreveste, demais!
Enfim alguém que também não gosta de praia!!!! Sou normal!!!!
Que alívio Mariana! Pensei que era só eu…ainda bem que sou normal.
Morri rindo!!!!!!!! adorei o texto!!!! hehehehehe Mari, eu adoro praia… apesar de concordar com todos os teus argumentos, sempre falo disso com meus amigos, porque realmente, pra quem não gosta da função toda, deve ser um suplício! hehehehe Amo teu blog! Beijoooooo*
Gosto muito de ler as publicações da Mari. As vezes acho ela meio doida, ótimo, não é bom ser muito normal.
Curto ver que ela se fotografa sem maquiagem muitas vezes e tá nem aí.
Parabéns Mari por ser tão espontânea e autentica.
Maravilhoso texto, Mari!!!!!
Estou contigo!!! Também não gosto de praia!!!!!
Para mim, férias é viajar…..longe de praia!! Pode e deve ter água. Até pode ter mar! Mas para apreciar, não se atirar na areia!
Adooooro ler teus “escritos”!!
Beijo grande, Helga
Oi Mari, lembra de mim? Uma vez conversamos sobre melanoma vc ficou de voltar e nunca voltou.
Vc tem acompanhado? Quando quiser é só falar!! Abraço
nadjaw@ig.com.br
Facebook : Melanoma Vivendo e Aprendendo
Excelente texto Mariana. Eu não gosto de praia por esses motivos e mais alguns….
Ou você tem congestionamento na ida, ou na volta, fato.
Eu sou muito branca, então apesar do protetor e das reposições alguma queimadura vai ter.
Concordo comtido que disseste! Até gosto de um banho meio rápido num mar verdinho, mas lá de vez em quando!
Torrar no sol , ficar cheia de areia, torrada,.,não me agrada!
Todas as vezes que falo que odeio praia, as pessoas me olham como se eu fosse de outro planeta! Mas a verdade é que ODEIO de verdade!!!! Aceitem que dói menos!
Quando me perguntam o motivo de não gostar de praia eu respondo; se não tivesse areia, mar e sol, seria o lugar ideal. Fiquei feliz em saber, “eu sou normal’
Então …. Rsrsrsrs
Eu penso mais ou menos como vc.
Tenho todas essas sensações que vc sentia na praia.
Gosto da paisagem do mar, não temos dúvida que é muito lindo, mas agora entrar no mar ?
Isso não kkkk
Beijos
Nossa, quanta frescura
Mari, tive que ler pro meu querido marido, apesar de ser uma arma contra mim. Eu amo praia e passo o verão inteiro dizendo que só ele não gosta e que precisa ir comigo e com as crianças! Hehe Ele diz que o sol arde, que eu gosto de ir nos piores horários, que todo mundo quer sentar no mesmo lugar e ficam disputando sombra, enfim, tudo isso! Tentarei ser mais compreensiva com ele! Kkkk Ele deve estar te mandando uma caixa de vinhos nos próximos dias! 🙂 bjs pra ti e parabéns!
Gabi
Seja compreensiva, por favor, Gabi!! Só quem não gosta entende o suplício! kkkk. Bjo. Mari
Também odeio areia no corpo?????todo mundo me olha torto quando digo que praia com Povão é nojenta.
Esse texto me representa totalmente! Concordo com todos os motivos listados e acrescentaria mais alguns. Atualmente, só vou à praia porque tenho filho pequeno, do contrário… e sempre me olham como se fosse um ET quando digo que não gosto de praia.
De novo, faço minhas as suas palavras!
Adorei. Me identifiquei.
Amei o texto,também me tratam como ET. E não é só o sol, a agua fria e a areia: o sal que fica no ar também é responsavel por uma parte dessa sensação ruim. Estive denteo de uma mina de sal no interior da Espanha e saí de lá com a mesma sensação grudenta de beira de praia… tive q ficar quase uma hora no chuveiro e botar para lavar todas as peças de roupa que estava usando, incluindo gorro de lã e casaco grosso. E tem mais uma coisa, nunca me achei mais bonita bronzeada.:)
Sou de Cabo Frio, RJ e costumava fazer escova no cabelo para ir a praia. Meus amigos morriam de rir. Mas é que praia pra mim sempre foi ficar num restaurante na orla, curtindo a vista, bebendo água de coco, ouvindo musica ao vivo. Vou mandar esse link pra minha família inteira para que eles entendam que eu sou normal!!!! 🙂
Claro que existem exceções.
Eu amo praia.
Sou apaixonada.
Só, que, não é assim um horror como vc disse à respeito de praia.
Pelo menos pra mim, nunca foi tão terrível ir ao banheiro em um quiosque, nem entrar na água pra fazer xixi, a quantidade de água do mar, é suficiente pra o seu biquíni não ficar mijado como vc mesma disse. Não é pq vc não gosta de praia, que vc esculhamba com ela.
Respeita quem gosta.
Amei seu texto! Pelo direito de ser normal sem ser igual.