Sou profundamente agradecida a todas as mulheres que, ao longo da história, contribuíram para a conquista dos direitos femininos. Trata-se de uma longa jornada que não começou ontem e tampouco terminará amanhã. Ainda falta muito a garantir e somente unidas conseguiremos chegar a um mundo sem violência contra mulheres, mais igualdade, melhores salários, mais respeito e dignidade.
MAS ALTO LÁ!
Não aceito que falem por mim individualmente, na intimidade das minhas escolhas. Discursos e textos carregados de preconceito não me representam. A bola da vez é a primeira-dama Marcela Temer. Agora, eu pergunto: o que eu tenho a ver se Marcela Temer resolveu ser “bela, recatada e do lar”, casar-se com um homem 43 anos mais velho, cuidar da casa, ter as contas pagas e dedicar-se à família?
NADA!!!
A vida é dela – e o livre arbítrio também. O que Marcela tem a ver se eu resolvi não ter filhos, ser uma mulher emancipada, profissional liberal e pagante das minhas contas? Nada. A vida é minha. Nossas escolhas particulares só dizem respeito a cada uma de nós.
OU NÃO É?
Afirmar, como tem sido afirmado, que uma figura pública como Marcela terá capacidade de influenciar novas gerações a aderirem ao papel de “princesas do século passado” é menosprezar o poder pensante e decisório que cada mulher adquiriu graças às lutas históricas de muitas gerações. É reiterar uma visão míope e intolerante, que se propõe a defender um modelo feminino tido como o certo e o melhor para todas.
NÃO FALEM POR MIM
Todas as lutas e batalhas que as mulheres já travaram devem servir para dar a essas mesmas mulheres o direito de ser como elas quiserem. A verdadeira luta feminista é a que concede à mulher o poder de ser o que ela bem entender, com consciência e determinação. Nosso desafio enquanto sociedade e enquanto mulheres formadoras das próximas gerações é ofertar o poder de decisão às próprias mulheres, mostrando a elas que todos os caminhos são possíveis, permitidos e legais. E que elas sigam com liberdade e dignidade o que mais lhes agradar.
TODAS AS DIREÇÕES SÃO POSSÍVEIS
Para sermos respeitadas, precisamos respeitar. Meu desejo maior é que cada uma de nós seja livre para escolher sua jornada. E que nós, mulheres, sejamos unidas e saibamos aceitar a opção de cada uma, com suas particularidades, preferências e diferenças.
SEM “NÓS” E “ELAS”
Faço minhas as palavras de uma escritora que admiro demais, Mariliz Pereira Jorge, e que considero uma das vozes mais sensatas da minha geração: “Não preciso que ninguém me represente ou me diga como eu devo ser. Eu sou a mulher que consigo ser apesar de tudo. Eu sou a mulher que consigo ser graças a tudo. Mas eu sou a mulher que sou principalmente graças a mim”.
Mari, adoro seus posts, mas vou discordar dessa vez rs
“”Verdadeira”” Luta Feminista… WTF
Feminismo é plural, nao existe UM feminismo certo e universal, são varias visões, debates e vivências diferentes..
E não é a Marcela em si que esta sendo criticada, ela pode ser oq ela quiser, se ela quer ser “bela, recatada e do lar” ela pode sim.
O verdadeiro problema reside na questão dela ser exaltada não como pessoa mas apenas no quadro em que ela se coloca na posição de “mulher tradiconal”. O problema não é a Marcela, são todas as pessoas que acham que “ela sim que é mulher de verdade”, que ficam comparando sua “feminilidade” com a da Dilma, Marisa ou Ruth Cardoso no intuito de desvaloriza-las por não se adequarem ao mesmo padrão. É o machismo das pessoas que emerge nas opiniões sobre a Marcela, é usar o exemplo de felicidade e sucesso dela para condenar a vida das outras.
O papel da Marcela levanta todo um debate não sobre a Marcela em si, mas sobre o papel e as cobranças da mulher na sociedade e pq somente mulheres como a Marcela tem destaque na midia conservadora.
Problematizar é ir muito alem do superficial “todo mundo faz oq quer/É problema dela”. A Marcela é só a ponta do iceberg.
Muito bem posto, amiga Mari!!!!
Muito bem!! Disse tudo. Belo texto. A patrulha com essa Marcela Temer é muito chata!! Até o que ela veste cria polêmica.