Mariana de Pijama

Até pouco tempo atrás, minha irmã ficava impressionada com a minha capacidade e desenvoltura de usar roupas que ela julga de festa no dia a dia.

Ela ficava me olhando assim ó

Existe uma explicação antropológica familiar para a cara de espanto dela: nossa mãe sempre nos ensinou a “poupar” algumas peças ditas mais arrumadinhas.

– Não venham reclamar depois, quando tiverem uma festa, que só tem coisa velha no armário! – vivia decretando.

Passei anos poupando algumas coisas que julgava mais arrumadinhas sem nunca questionar muito a mentalidade da minha mãe. Mãe é mãe: ela fazia, ela dizia; eu ouvia e obedecia.

Sim, senhora, Capitã Nascimento!

Até que, um belo dia, com aquelas roupinhas todas lindinhas amontoadas no armário, e eu feito uma maltrapilha no dia a dia, parei e pensei:

– Mas onde é que eu vou usar essas lindas roupinhas se EU NÃO VOU A LUGAR NENHUM NUNCA?

Sério. Eu acordo, passeio com meu cachorro, faço meus exercícios, venho trabalhar, volto pra casa e coloco o pijama. É assim diariamente. E não estou me queixando, não. Eu AMO ficar em casa de pijama.

Mariana, a banana, de pijama. Hahahahaha!

Pois é, a Mariana-banana guardava todas as suas melhores roupas e não ia a lugar nenhum. Resolveu, então, usá-las para ir ao trabalho, o único lugar para onde a Mariana realmente vai.

Mas não fiquem pensando que venho trabalhar em trajes de gala, não é isso. Aliás, meu único traje de gala é meu vestido de noiva.

Lembram como eu estava bem neste dia!?

Até que um dia, me olhei no espelho e pensei:

– Mariana, sua banana, você deve usar suas roupinhas mais bonitinhas à luz do dia. Use seu blazer de paetês, use sua blusinha de renda, use seu bolero dourado, use sua calça prateada, use seu colar Camila Klein, use, use, use, use tudo.

E um mundo azul se abriu no horizonte da Mariana

Mas brilhos à luz do sol??? Sim, brilhos à luz do sol. Se bem dosados, ficam lindos. Exemplo: blazer de mini paetês foscos marinho + camiseta branca + jeans + sapatilha. Quem vestia esse lindo look dia desses?

Ela, minha irmã!!!

SUSTO!

– Que linnnnnda! – eu disse, quando ela apareceu na minha frente, numa bela quarta-feira de sol, toda montada no paetê fosco marinho.

– Pois é, resolvi seguir teu conselho – ela respondeu. – Vou ficar guardando o blazer de paetê pra quê? Pra uma festa? Que festa? Quando? Onde?

Não pergunta pra mim. Eu é que não sei.

Tô só no pijama!

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Mari Kalil

Mari Kalil

Sou escritora, jornalista, colunista da Band TV e Band News FM e autora dos livros "Peregrina de araque", "Vida peregrina" e "Tudo tem uma primeira vez". Sou gaúcha, nasci em Porto Alegre, vivo em Porto Alegre, mas com os olhos voltados para o mundo. Já morei em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Barcelona. Já fui repórter, editora, colunista. Trabalhei nos jornais Zero Hora, O Estado de S.Paulo e Jornal do Brasil; nas revistas Época e IstoÉ e fui correspondente da BBC na Espanha, onde cursei pós-graduação em roteiro, edição e direção de cinema na Escuela Superior de Imagen y Diseño de Barcelona. O blog Mari Kalil Por Aí é direcionado a todas as mulheres que, como eu, querem descomplicar a vida e ficar por dentro de tudo aquilo que possa trazer bem-estar, felicidade e paz interior. É para se divertir, para entender de moda, de beleza, para conhecer lugares, deliciar-se com boa gastronomia, mas, acima de tudo, para valorizar as pequenas grandes coisas que estão disponíveis ao redor: as coisas simples e boas.

8 Comentários
  1. Aqui em casa era igual. Se ai em Porto tua mãe tem essa cultura, imagina a minha avó, aqui no interior! Usar roupas arrumadinhas no dia a dia era quase uma ofensa pra ela.
    Também não vou a festa nenhuma, no máximo faço coberturas de eventos. Então, vou guardar essas peças pra quê?
    Uso no trabalho. Embora na redação do jornal em que eu trabalho, muitas vezes comentem que me arrumo demais pra ir trabalhar. Haha…

  2. Aqui em casa era igual. Se ai em Porto tua mãe tem essa cultura, imagina a minha avó, aqui no interior! Usar roupas arrumadinhas no dia a dia era quase uma ofensa pra ela.
    Também não vou a festa nenhuma, no máximo faço coberturas de eventos. Então, vou guardar essas peças pra quê?
    Uso no trabalho. Embora na redação do jornal em que eu trabalho, muitas vezes comentem que me arrumo demais pra ir trabalhar. Haha…

  3. Mariana,
    Eu também fui criada assim, poupando roupas e tal, mas um dia também pensei, poupar para que? E se eu morrer de repente? Não vou nem aproveitar as roupinhas que comprei com o suor do meu trabalho e que eu adorei na hora que comprei? Faz tempo que nem perfume bom eu poupo mais, uso de dia mesmo, se acabar compro outro em 400 mil vezes se quiser. Que bom hoje, vários mitos de moda caíram, também para nos ajudar, pronto viajei…
    Só mais uma coisinha, achava muito engraçado quando uma colega do interior, tipo interior do interior que dizia que chamavam de “roupa de domingo”, para ir á missa e tal.
    Valeu, beijão.

  4. Mariana,
    Eu também fui criada assim, poupando roupas e tal, mas um dia também pensei, poupar para que? E se eu morrer de repente? Não vou nem aproveitar as roupinhas que comprei com o suor do meu trabalho e que eu adorei na hora que comprei? Faz tempo que nem perfume bom eu poupo mais, uso de dia mesmo, se acabar compro outro em 400 mil vezes se quiser. Que bom hoje, vários mitos de moda caíram, também para nos ajudar, pronto viajei…
    Só mais uma coisinha, achava muito engraçado quando uma colega do interior, tipo interior do interior que dizia que chamavam de “roupa de domingo”, para ir á missa e tal.
    Valeu, beijão.

  5. Bah, Mariana…. me identifiquei muito com teu post. Achei que acontecesse só comigo, rsrs….De uns anos pra cá, tb resolvi deixar de poupar minhas roupas mais bacanas. Azar! Mas não é muito fácil desapegar de algumas idéias que as mães colocam em nossa cabeça…. sempre fico imaginando a cara de desaprovação dela, rsrs.

  6. Bah, Mariana…. me identifiquei muito com teu post. Achei que acontecesse só comigo, rsrs….De uns anos pra cá, tb resolvi deixar de poupar minhas roupas mais bacanas. Azar! Mas não é muito fácil desapegar de algumas idéias que as mães colocam em nossa cabeça…. sempre fico imaginando a cara de desaprovação dela, rsrs.

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