Já ouviu falar na Tiquira? Eu nunca até então. Trata-se de uma bebida genuinamente brasileira. É produzida de forma artesanal em apenas alguns municípios próximos aos Lençóis Maranhenses, no norte do país. Tem como característica o alto teor alcoólico (variando de 38 a 56 graus). Há uma lenda no Maranhão, que de tão forte, após tomar três ou quatro doses de Tiquira, as pessoas não deveriam tomar banho ou molhar a cabeça, correndo o risco de morrerem ou ficarem “aluadas” ou seja, ruins da cabeça.
OI, TIQUIRA
A coloração é levemente rosa/azulada e um detalhe: é bem mais cara do que a cachaça – cerca de 60% mais cara.
POR QUE TÃO MAIS CARA, MARIANA?
É por conta da produção ser muito pequena em relação ao que se produz no Brasil de cachaça. A demora no processo de obtenção também provoca acréscimo no valor da bebida, já que, para a mandioca obter fécula suficiente para gerar uma boa Tiquira, é preciso esperar até 15 meses desde o seu plantio até sua colheita. Ah, sim: a Tiquira é feita por meio da destilação da mandioca e da adição de folhas de tangerina.
Pois a Tiquira é a queridinha da vez dos barmans do Rio de Janeiro, a cidade da invenção de moda. Chegou chegando – pleiteando o posto de única bebida 100% brasileira. Contra a cachaça, o argumento de que a cana de açúcar não é nativa daqui, foi trazida por colonizadores. A favor da bebida típica do Maranhão, o fato de o destilado resgatar origens indígenas no nome – tikira significa “líquido que goteja” em tupi.
A versatilidade do destilado vem sido explorada à exaustão pelos barmans. Um dos drinques mais famosos na cidade leva Tiquira, pepino, limão siciliano e laranja, licor de laranja e folhas de manjericão frescas. Outro leva nozes, mirtilo, abacaxi e mel. Estou pensando seriamente em copiar a receitinha em casa.
TU NÃO TEM TIQUIRA
MAS TENHO CACHAÇA