Tinha um péssimo hábito quando morava em São Paulo e trabalhava que nem um cão na redação da revista Época, uma jornada de no mínimo 12 horas. Qual era a primeira coisa que colocava na boca de manhã? Dois comprimidos de Dorflex. Como fazia para engolir os dois comprimidos de Dorflex? Bebia uma lata de energético.
Claro que eu sabia que aquilo não fazia nada bem para o meu pobre corpo cansado de guerra. Mas naquela época, idos anos 1999 e 2000, ainda não tinham inventado a moda do suco verde, eu nem sabia que suco verde existia – e mais: mesmo que existisse, não tiraria as dores do meu corpo e nem me faria abrir os olhos num piscar de olhos como o combo Dorflex + energético.
Não era sem drama de consciência que eu fazia aquilo comigo, tampouco engolia o combo todos os dias. Mas era algo que, sim, estava bastante presente na minha vida. Lembrei daquela temporada de quase escravidão na redação justamente porque conheci um produto que promete gerar o efeito contrário daquele promovido pelo energético. Trata-se de um antienergético.
Olha!
Slow Cow (vaca lenta, em tradução livre) é uma bebida que se apresenta como o oposto do energético, enquadrada na categoria “relax drink”. O lema é “mais calma, mais foco”. Em sua composição encontra-se camomila, capim-limão, chá-verde, lúpulo, maracujá, melissa, tília e valeriana.
A bebida nasceu no Canadá em 2008; em 2010, levou o prêmio de bebida inovadora da Specialty Outstanding Food Innovation e espalhou-se por mais de 10 países. Muitas pessoas perguntam se Slow Cow causa sono. Eu não sei responder porque ainda não experimentei, mas já estou providenciando meu depoimento para breve.
A Mari Alfonsin, amiga minha, disse que experimentou. Falamos no fim de semana. Perguntei:
– O que tu sentiu, Mari?
– Ahhhhh…. – foi o que ela respondeu.
– Mas tu ficou mais calma? – insisti.
– Ahhhhhh…..
A proposta da bebida é ajudar a melhorar a concentração, a memória e a capacidade de aprendizado – sem causar sono. Segundo o fabricante, aumenta os níveis de dopamina, o neurotransmissor responsável pela sensação de prazer, reduz o cansaço na prática esportiva e ajuda no tratamento da insônia e da qualidade do sono.
Só que justamente este ingrediente, o L-Theanine, que aumenta a produção de dopamina no cérebro, foi proibido pela Anvisa, que considera a substância um medicamento. Assim, Slow Cow teve que alterar sua fórmula para entrar no mercado brasileiro. Para atender as exigências, sem perder o poder calmante, a concentração dos outros ingredientes foi aumentada.
ALGUÉM DÁ UM TAPA NA ORELHA DO ANIMAL, POR FAVOR