Tenho o “azar”de ter na família um cunhado que sabe tudo de cozinha: o Magro, mais publicamente conhecido como Pila, de nome completo Rodrigo Pila, músico da banda BIDÊ OU BALDE. O que eu gosto na comida do Magro é que ela é descomplicada, é pra gente que trabalha, que chega em casa meio cansada, mas não abre mão de uma comidinha saudável no lugar de congelados.
Sempre que estamos desfrutando de férias em família, Magro gosta de ir para a cozinha. Por ele, iria todos os dias, mas a gente não deixa, pois lembra que ele também está de férias – apesar de ele insistir que cozinha é sinônimo de férias também. No início do ano, Magro fez um prato que deixou a todos com água na boca: peixe no forno. Algo simplíssimo de fazer, mas que passa batido pelas nossas ideias quando estamos naquela roda viva de trabalho em Porto Alegre. Peixe é sempre a última coisa que lembramos de fazer em casa às 9h da noite, quando chegamos exaustas, vai dizer? Pois não deveria ser assim.
O peixe ao forno do Magro não tem mistério algum. Tanto não tem mistério algum que eu e o Chico conseguimos reproduzir esta semana – estamos os dois bastante lejos de sermos alguma coisa importante na cozinha. No dia do nosso peixe, uma tempestade desabava sobre Punta del Este. Não havia como sair de casa. Vento e chuva fortes. Passamos o dia pelo computador, com a TV ligada e os jornais à disposição. Lá pelas tantas, lá pelas 6h da tarde, como suele acontecer aqui em Punta, o dia abriu e fez sol. Estava fresquinho, o tempo ideal, sol e friozinho, e saímos a passear com o animal.
Saímos de casa com a roupa de ficar em casa mesmo e decidimos dar uma esticada até o Porto. A ideia era comprar ingredientes para reproduzir o peixe do Magro, abrir um vinho tinto e continuar por casa até o dia seguinte. Primeira parada foi supermercado para a compra de… Comece a anotar!
1) Gengibre
2) Alho
3) Cebola
4) Tomate
5) Pimentão amarelo (acho os outros fortes, mas vai do gosto de cada um)
6) Limão
7) Salsinha
PS: Tínhamos em casa o arroz negro para acompanhamento
A segunda parada foi nosso destino final, o Porto.
Mariana nas banquinhas do Porto atendendo ao chamado de seu marido para o “olha o passarinho!”
Mariana com roupa de ficar em casa interessada nas mercadorias de uma das bancas
Bento de sentinela preso próximo às bancas, mas sob vigilância ainda que à distância da Mariana. Motivo: não molhar as patinhas com a água que escorre no chão perto das bancas da lavagem dos peixes e frutos do mar
Oferta de uma das bancas! Buscávamos o melhor linguado e as melhores rabas
A dona de outra banca arrumando sua mercadoria
Nossa compra entregue em duas sacolas plásticas separadas: 600 gramas de linguado e 200 gramas de rabas. Pagamos R$ 25 pela aquisição!
Ganhamos esse punhado de salsinha de brinde
As três lindas postas de linguado e as rabas devidamente colocados em uma fôrma para ir ao forno
Agora, as postas e as rabas (lulas) cobertas com os ingredientes da receita. A quantidade vai muito do gosto de cada um. Nós colocamos três dentes de alho picados e a mesma quantidade de gengibre picado. Em seguida, esprememos por cima o suco de meio limão para cada posta e regamos com azeite de oliva. Neste momento, em levantei as postas para que o líquido entrasse por baixo delas também. Segui colocando cebola (cortamos uma inteira, mas usamos menos), um tomate, a salsinha, pimenta negra e um pouco de sal. Para finalizar, mais azeite por cima. Bastante azeite, sem pena. Quando achar que está ficando exagerado de azeite, é aí que está ficando bom. O ideal é cobrir o prato com papel laminado, que jurávamos ter em casa. Na falta dele, colocamos assim mesmo no forno. Sem papel, deixamos ficar um pouco mais, aproximadamente 30 minutos (íamos espiando, claro). Coisa de marinheiros de primeira viagem!
TCHARAN!
O prato pronto para ir à mesa. Assim que coloquei o peixe no forno, comecei a fazer o arroz. Só que arroz negro demora um pouco mais para cozinhar do que o branco. Então, se essa for a sua ideia de acompanhamento, comece a fazer um pouquinho antes. Meu arroz não tem nada demais. Eu frito um pouquinho no azeite (aprendi com a Ju) e, em seguida, coloco o dobro de água e deixo cozinhando em fogo baixo. Como Chico é fissurado em amêndoas – e eu ainda não tenho em mãos a receita da Elis de arroz negro com amêndoas -, salpicamos mal e porcamente essas amêndoas por cima do arroz. E olha que ficou bom!
Sobre o prato: ficou uma delícia. Ficamos muito orgulhosos de nós mesmos e já entrou para nossa listinha de receitas fáceis de fazer em Porto Alegre. É aquela coisa: chega em casa, pica tudo, coloca no forno e vai tomar um banho. Quando volta, jantinha pronta para ir à mesa.
PORQUE A FELICIDADE ESTÁ MAIS DO QUE NUNCA NAS DESCOMPLICAÇÕES DA VIDA