Peregrina de Araque por David Coimbra

O Segundo Caderno de ZH trouxe uma matéria do David Coimbra sobre meu livro, Peregrina de Araque, que reproduzi abaixo. Riam, se forem capazes :-). Eu quase morri!

A Mariana Kalil não gosta dos Beatles. A Mariana Kalil não gosta de shows. Na verdade,
a Mariana Kalil não gosta nem de música. A Mariana Kalil não gosta de aglomerações.
A Mariana Kalil não nada em piscinas públicas exatamente porque essas piscinas são públicas,
cheias de pessoas que suam e produzem outras secreções das quais não gosta a Mariana
Kalil. Do que a Mariana Kalil gosta mesmo é de paz, de não ser incomodada e não incomodar
ninguém. Mas não é mal-humorada, a Mariana Kalil, nem mesmo arredia ela é; é apenas tímida. Na dela.

Pessoas como a Mariana Kalil não vão a excursões com estranhos, sobretudo se essas excursõessão de fundo místico ou religioso, para países que se situam fora do elegante eixo formado entre a América do Norte e as nações da Europa Ocidental. Não, não, pessoas como a Mariana Kalil não são vistas em peregrinações coletivas. Mas foi justamente isso que aconteceu com a Mariana Kalil: de repente, viu-se sentada no banco de um ônibus que rodava pelas tórridas estradas do Oriente Médio bravio, cercada de senhoras carolas, padres de batina e penitentes crédulos. O que é que a Mariana Kalil estava fazendo ali? Nem ela sabia, mas foi descobrindo ao longo do caminho.

É a história dessa viagem insólita que ela conta em Peregrina de Araque – Uma Jornada de Fé e Ataque de Nervos no Oriente Médio, livro da Editora Dublinense (144 páginas, R$ 32) que será lançado hoje, no segundo andar do Shopping Iguatemi, a partir das 19h.

Mariana foi fazer essa viagem sem querer fazê-la,mas ao mesmo tempo querendo. Era um prêmio de trabalho, ela achou que terminaria sendo uma punição, mas, ao fim e ao cabo, foi de fato um prêmio. E acaba sendo de fato encantadora a rabugice divertida de Mariana em suas aventuras
(e desventuras).

Será que ela vai subir o Monte Sinai? Ou será que terá medo de sofrer um ataque e não
voltar viva lá de cima, como ocorreu com um antigo peregrino? Será que ela subirá no camelo?
“Sim, subi no camelo”, espantou-se a própria Mariana na página 48. E foi adiante, para deleite do leitor:
“O camelo não deu nenhum passo. Ficou estático. Enquanto isso, eu abanava, levantava um pé, levantava outro. Achei, por fim, que a palhaçada estava de bom tamanho, que as fotos
estavam garantidas – e quis descer.

– Mais um pouco em cima – disse o vendedor ambulante, dono do camelo.
– Eu quero descer – pedi, montada no camelo estático.
– Custa um dólar. Ficar mais um pouco em cima – mandou o vendedor.
– Eu não quero ‘mais um pouco em cima’. Eu quero descer! – gritei.

Eu estava ficando histérica. Comecei a fantasiar que aquele camelo ia sair em disparada e meu bom senso não conseguiu mais alcançar meus devaneios.

– Vai ficar mais um pouco em cima, sim! – decretou o dono do camelo.
– Me tira agora daqui! Me tira daqui, me tiraaaaa daquiiiii – comecei a berrar.
– Não – disse ele, de braços cruzados.”

Como a Mariana Kalil desceu do camelo? Como é que se desce de um camelo?
Descubra você mesmo lendo Peregrina de Araque.

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Mari Kalil

Mari Kalil

Sou escritora, jornalista, colunista da Band TV e Band News FM e autora dos livros "Peregrina de araque", "Vida peregrina" e "Tudo tem uma primeira vez". Sou gaúcha, nasci em Porto Alegre, vivo em Porto Alegre, mas com os olhos voltados para o mundo. Já morei em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Barcelona. Já fui repórter, editora, colunista. Trabalhei nos jornais Zero Hora, O Estado de S.Paulo e Jornal do Brasil; nas revistas Época e IstoÉ e fui correspondente da BBC na Espanha, onde cursei pós-graduação em roteiro, edição e direção de cinema na Escuela Superior de Imagen y Diseño de Barcelona. O blog Mari Kalil Por Aí é direcionado a todas as mulheres que, como eu, querem descomplicar a vida e ficar por dentro de tudo aquilo que possa trazer bem-estar, felicidade e paz interior. É para se divertir, para entender de moda, de beleza, para conhecer lugares, deliciar-se com boa gastronomia, mas, acima de tudo, para valorizar as pequenas grandes coisas que estão disponíveis ao redor: as coisas simples e boas.

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