Concluída a edição do próximo fim de semana da Revista Donna e terminadas as duas noites insones que passei, é o momento de um respiro. Acho até que vou descer para pegar um brigadeiro.
Finalmente, posso voltar a conviver com meu querido blog. Não que eu tenha alguma coisa de muito relevante para dizer. É mais para bater papo comigo mesma. Neste momento de reflexão pós-baixamento da edição, conto algo que vinha me incomodando nos últimos meses.
Dei uma interrompida no meu adorado pilates e pretendo voltar em breve, assim que a rotina corrida permitir, pois é uma prática que me faz falta. A ioga também me faz muita falta, mas a diferença é que a ioga eu pratico sozinha em casa, a hora que puder.
Com pilates é diferente. Necessito ir ao estúdio ter aulas com minha querida professora Flora – e este vinha sendo o problema: estava pagando e não conseguindo tempo de aproveitar.
Dia desses, almoçava com minha mãe e minha irmã e comentei o quanto andava desestimulada por, pela primeira vez na vida, não conseguir coordenar trabalho com lazer (= exercícios físicos). Entrei numa roda viva de Donna e Donna e Donna que acabou minando toda e qualquer atenção que dispensava ao meu corpo e à minha saúde.
Foi quando Lulu e mamãe disseram: “Mari, por que tu não combina com o Luis de ele ir na tua casa? Ele está vindo aqui dar aula pra gente e tem sido ótimo”.
Luis é o Luis Alberto, que eu conheço há pelo menos uns 20 anos, já foi meu professor de musculação nos idos anos 90. Pois agora o Luis especializou-se em treinamento funcional e atende em casa a maioria dos alunos.
A justificativa que a Lulu deu, garantindo que eu frequentaria as aulas sem chance de escapar, foi a melhor: “Mari, o Luis bate na porta da tua casa. A menos que tu te jogue pela janela, está garantido que tu não tem como não fazer a aula”.
E não é que a Lulu estava certa? Comecei há duas semanas as aulas com o Luis. Duas vezes por semana, ele bate na porta, o Bento se avança nas canelas do coitado, sai correndo e latindo atrás do Luis até o meu quarto de exercícios onde até então jazia a finada esteira, Luis abre sua mochila e tira de lá todos os apetrechos possíveis e imagináveis de uma aula de funcional.
ATÉ AGORA ELA NÃO SE JOGOU PELA JANELA
Não posso negar que ter um professor em casa é uma mordomia. Os pelos menos 20 minutos que eu perderia me deslocando pela cidade, aproveito para fazer algo de útil, como molhar as plantas, conferir emails, passear com o animal por mais tempo, tomar café com mais calma – enquanto a campainha da porta não toca.
Outro privilégio é poder me exercitar com a roupa que eu bem entender. Aquela calça de moletom podrinha com aquela camiseta mais podrinha ainda e pé descalço. Não tem preço poder fazer exercício de pés descalços.
Eu odeio de morte ter que colocar aqueles lanchões daqueles tênis de corrida.Sim, eu sei que são necessários, sobretudo para correr, eu mesma tenho meu querido Asics companheiro. Mas não compreendo quem consegue se alongar usando o trambolho.
Exercitar-se de pés descalços – eis aí um bom assunto que acabo de encontrar. Um dos conselhos mais ouvidos é saber escolher bem qual tênis usar para a prática de atividade física. Só que… Uma pesquisa realizada na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, mostrou os benefícios de treinar descalço.
Segundo a pesquisa, deixar os pés em contato com o chão pode melhorar a postura, reduzir o risco de lesões e proporcionar mais saúde no dia a dia.
Para alguns especialistas, os tênis, por serem acolchoados e apresentarem um “salto” em sua sola tendem a inverter a pisada, ou seja, a pessoa em vez de usar o amortecimento natural do corpo, colocando primeiro a parte da frente e central do pé em contato com o chão e só depois o calcanhar, acaba iniciando a pisada pela parte de trás do pé.
Ao fazer exercícios descalço como, por exemplo, treinamento funcional (meu caso!!), a estabilidade do corpo é maior, resultando num movimento mais natural, seguro e eficiente. A explicação fica por conta da pessoa ter uma maior percepção sensorial de onde está pisando, o que permite que os músculos trabalhem de maneira harmoniosa.
NÃO, ESSAS PERNAS AINDA NÃO SÃO MINHAS
O treino sem tênis proporciona ao praticante receber e decodificar os diferentes estímulos físicos e químicos do ambiente e interpretar estas informações em movimentos equilibrados com sua estrutura corporal.
Ao treinar com os pés no chão, o aluno consegue sentir melhor a base onde está pisando, e com isso potencializar a atuação das articulações sem lesionar tornozelos e joelho.
Outro fato que acontece é que o tênis confina o pé, mudando sua anatomia e não permitindo que ele se espalhe no chão da maneira correta. Isso aprendi muuuito com a ioga.
OBRIGADA, PELOS ENSINAMENTOS MESTRE UPENDRA
E assim, neste início de noite de quarta-feira eu me despeço com uma notícia que deixará o animal saltitante. Não sei nem por onde começar.
Chico me deu uma baita força hoje e levou e buscou o Bento no banho, lá no Hospital Veterinário, aos cuidados da Dra. Neusa Pacheco. Tínhamos marcado a cirurgia de castração do animal para amanhã – e tenho certeza que o fato contribuiu para minhas duas últimas noites insones.
EU PERCO AS BOLAS E ELA PERDE O SONO
Então, no meio da tarde de hoje a Dra.Neusa me ligou.
– Mariana, eu revi novamente todos os exames do Bento. Fiz uma nova ultrassonografia para comparar com a primeira realizada em julho. Os testículos e os cistos estão absolutamente iguais, nada se moveu ou mudou de tamanho. Conversei com várias colegas e todas nós concluímos que o melhor é não operar.
– Sério, Dra.Neusa?! – respondi.
– Mas claro que eu preciso saber o que tu deseja. Esta é apenas a nossa avaliação .A decisão é tua.
– Não operar era tudo o que eu queria ouvir!!! – vibrei.
– É mesmo? Que bom então. Estamos em sintonia.
– O que fez a senhora repensar a cirurgia? – eu quis saber.
– Bento tem 13 anos e seus órgãos são de um cachorro de 13 anos, ou seja, já apresentam sinais de senilidade. Apesar disso, é um cachorro que está super bem. Fiz alguns testes com ele e nem parece ter a idade que tem. Ao submetê-lo a uma anestesia, invariavelmente esta anestesia passará pelo rim ou pelo fígado. Então, a gente pode arrumar um problema que antes não tinha. Claro, pode ser que não aconteça nada também. Mas entre correr esse risco e monitorar os testículos dele com exames periódicos, ainda prefiro não levá-lo para a mesa de cirurgia.
VOU CONTINUAR COM AS MINHAS BOLAS?
Exatamente, querido. Não faremos a cirurgia da castração. Mas saiba que teremos que fazer visitas mais constantes para monitoramento – e eu te peço que colabore na hora dos exames.
FAÇO QUALQUER COISA PELAS MINHAS BOLAS