Tenho considerado que as melhores coisas da vida residem na oportunidade de fazer coisas banais e para as quais nunca temos tempo. Por exemplo: levantar sem pressa da cama, descer as escadas do prédio para passear com os cachorros, passar na La Coruñesa, uma de minhas padarias preferidas em Punta del Este, para comprar duas medialunas dulces para o café da manhã, voltar calmamente para casa, preparar o café, sentar na varanda de frente para o mar, dar uma dentada naquela medialuna fofinha recheada com presunto e queijo, mais um gole no café com leite, mais uma dentada na medialuna, mais outro gole no café com leite….
Então, cruzar os talheres e não sair correndo para lavar a louça, tomar banho, se vestir e ir trabalhar quase vomitando tudo o que comeu. Não!! Então, levar a louça para a pia, lavar quando quiser, sentar para ler o jornal, ter tempo de ler todo o jornal, admirar a vista mais um pouco e saber que há um dia inteiro para ser pensado no presente.
PODE EXISTIR FELICIDADE MAIOR?
Foi em mais um dia assim, de vida no momento presente, que resolvemos colocar em prática a ideia de fazer um ceviche em casa. Fomos à Banca da Maria, da qual somos clientes, no Porto, e escolhemos dois filés de linguado + 250 gramas de camarão. Eu havia encontrado no site do GNT uma receita que me pareceu bastante descomplicada e resolvi investir nela. Para quem quiser ver, o link está aqui abaixo.
Clica AQUI!
Resolvemos usar 200 gramas das 250 que compramos de camarão para fazer uma entradinha com direito à pôr do sol. Como o camarão era pré-cozido, bastou marinar ele dois minutinhos no limão, cortar uma salsinha, misturar e servir. Entradinha fácil e deliciosa de preparar.
Olha!
OOOOOOOOOHHHHHHHH!!!!!!
Colocamos junto duas pedras de gelo para manter a temperatura
Para acompanhar, terminamos a garrafa de vinho verde Casal Garcia que estava aberta na geladeira e nos deliciamos vivendo o presente, minuto a minuto, da puesta del sol regada a vinho e camarões marinados. Então, fomos para a cozinha preparar o ceviche.
Enquanto o Chico cortava em cubos os dois filés de linguado, eu espremia em um bowl o suco de 7 limões e reservava no congelador. Depois, peguei meia cebola roxa (deixei na água gelada um tempo para tirar a ardência) e cortei em tiras finas (sem utilizar o miolo). Cortei um punhado de salsinha, triturei um dente de alho, uma colher de sobremesa de gengibre e deixei tudo à disposição dele.
Quando o Chico terminou de cortar o linguado, colocou o peixe em um prato fundo e redondo junto com umas três pedras de gelo (ceviche requer que a gente preserve sempre a baixa temperatura do prato). Então, ele jogou ali dentro, junto com o peixe, gengibre + alho + salsinha + sal a gosto (utilizamos sal rosa) + pimenta do reino + pimenta calabresa em grãos (que substitui o famoso ají peruano) + as 50 gramas restantes do camarão (que ele encasquetou de botar na receita, mas não precisa). Mexeu, mexeu, mexeu e deixou dois minutos toda a turma se conhecendo melhor.
Então, passados esses dois minutos, joguei as tiras de cebola na mistura e o suco dos limões. Chico mexeu mais um pouco e…. Finito!
Olha!
OOOOOOOOOHHHHHHH!!!!!
Não ficou digno de restaurante cinco estrelas?
Olha, nenhum reparo a fazer. Estava delicioso, refrescante, temperado na medida certa. Barbadinha de fazer em casa!
Ai, esqueci de falar do milho. Mas nada de especial. Tínhamos uma espiga de milho em casa, cozinhamos e pronto. Mas a receita do GNT diz que pode ser milho em conserva também. Outra coisa que a receita do GNT diz é para colocar batata doce. Fica bom, claro. Nas receitas típicas peruanas, vai batata. Mas não acho fundamental e não tínhamos batata em casa. Portanto, deletei a batata. A última coisa que a receita do GNT indica – e que isso, sim, acho importante e não tivemos – é a utilização de coentro. A questão foi que não encontramos coentro (cilantro, em espanhol).
PS: Escrevi este post nas últimas férias de verão em Punta del Este e, atendendo a pedidos, visto que reproduzi a receita esta semana em casa, republico para vocês!