Você gostaria de viver mais de 100 anos como a senhora Misao?

Estava quase indo embora da redação, ontem à noite, quando resolvi dar uma última bisbilhotada na internet. Meus assuntos preferidos são sempre saúde, nutrição e bem-estar. Sou encantada por temas como qualidade de vida. Persigo diariamente a minha e sempre fico matutando no que posso melhorar. A gente sempre pode melhorar. Nas bisbilhotices de final de expediente, eis que a imagem acima me saltou aos olhos. Era do site da revista Veja e trazia a seguinte legenda: A japonesa Misao Okawa, reconhecida pelo Guinness Book como a pessoa mais velha do mundo, come bolo durante comemoração de seu aniversário de 117 anos em Osaka, Japão.

svgSABE O QUE É ISSO?

Fiquei com cara de paisagem pensando o que eu achava da imagem daquela senhorinha, que suponho não conseguir fazer mais nada sozinha, comendo uma fatia de bolo em homenagem aos seus 117 anos. Não sabia se sentia uma certa dó pelas limitações ou pura admiração. Fiquei confusa. Fui ler a matéria. Dizia que “a mulher mais velha do mundo, a japonesa Misao Okawa, completou 117 anos nesta quinta-feira, em Osaka, região oeste do país, conhecido pela longevidade de seus habitantes. Nascida em 5 de março de 1898 em uma família dedicada ao comércio de quimonos naquela região, a idosa comemorou o aniversário com um dia de antecedência e posou para os fotógrafos com um quimono rosa”.

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A senhora Misao tem três filhos, quatro netos e seis bisnetos. Todos estavam ao lado dela na hora do Parabéns a Você, incluindo o primogênito, de 92 anos. Fiquei pensando no privilégio desse primogênito de ainda ter uma mãe viva – e com saúde, ressalte-se. Dizia a matéria: “Ao ser questionada se os 117 anos demoraram muito, Misao Okawa respondeu: ‘Não, passaram depressa’. De acordo com um funcionário do asilo em que mora, Misao tem boa saúde”.

woman-question16QUAL É O SEGREDO DA LONGEVIDADE DA SENHORA MISAO, MARIANA?

Não faço ideia. Nem ela soube responder. Então me coloquei no lugar da senhora Misao e fiquei pensando se gostaria de viver mais de 100 anos. Ouço muito gente próxima a mim dizer que não quer envelhecer, que “a velhice é pior do que o comunismo” etc.e tal. Na verdade, é preciso coragem para envelhecer. Eu quero envelhecer. Eu quero ficar velhinha, bem velhinha e, se o destino permitir, com todos os meus amores e amigos na volta. Eu quero viver até o último suspiro. E quando morrer, quando tiver que passar para o outro lado para seguir aperfeiçoando meu espírito no plano de lá, quero que minha passagem seja tranquila. Quero olhar para trás e seguir em frente com a tranquilidade de ter feito o meu melhor por mim.

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Li uma entrevista do cantor Ney Matogrosso que reflete muito sobre aquilo que acredito. Perguntaram a Ney se ele teme a morte. O que ele respondeu:

Ney+Matogrosso“Penso no fim com tranquilidade. Vou embora em algum momento, faz parte da existência. Como vou temer a morte? A única coisa que queria é poder atravessar isso conscientemente. Queria ter consciência de que estou abandonando meu corpo e indo para outra história. Sem sofrer, sem lamentar. Apenas sair com coragem, clareza, lucidez”.

Ney não diz se gostaria de sair de cena com 80, 90, 100, 120 anos – e na minha opinião, isso não é o principal de tudo. Simplesmente porque não há idade certa para morrer. Como devota do espiritismo, creio que reencarnamos para determinada experiência. Voltamos ao corpo para viver uma série de situações fáceis e difíceis em que exercitaremos nosso discernimento. Vamos nos submeter a diversas experiências em que teremos que escolher caminhos o tempo todo.

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Por quanto tempo ficaremos encarnados? Por quanto tempo viveremos? Simples: pelo tempo necessário para que a gente consiga atingir nossos objetivos. Entendendo assim a vida, compreende-se que uns morram aos 117 anos, outros aos 50, alguns até muito mais jovens. O que de verdade importa é a gente aprender a se observar o tempo inteiro. Gostar de se estudar, de se entender – profunda e honestamente. Estamos agindo como deveríamos com a sociedade, no trabalho, na família e, principalmente, conosco mesmos? É isso o que de fato importa. O resto é música de fundo.

Por isso, uma salva de palmas para a senhora, Misao Okawa. Feliz aniversário! Viva o tempo que tiver que viver para cumprir seu objetivo. E aproveite cada minuto das delícias desta Terra, ao lado dos amores, amigos, curtindo alguns dos prazeres mais mundanos.

originalCOMO ESSA DELICIOSA COLHERADA DE UM BOLO DIGNO DE GUINNESS BOOK

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Mari Kalil

Mari Kalil

Sou escritora, jornalista, colunista da Band TV e Band News FM e autora dos livros "Peregrina de araque", "Vida peregrina" e "Tudo tem uma primeira vez". Sou gaúcha, nasci em Porto Alegre, vivo em Porto Alegre, mas com os olhos voltados para o mundo. Já morei em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Barcelona. Já fui repórter, editora, colunista. Trabalhei nos jornais Zero Hora, O Estado de S.Paulo e Jornal do Brasil; nas revistas Época e IstoÉ e fui correspondente da BBC na Espanha, onde cursei pós-graduação em roteiro, edição e direção de cinema na Escuela Superior de Imagen y Diseño de Barcelona. O blog Mari Kalil Por Aí é direcionado a todas as mulheres que, como eu, querem descomplicar a vida e ficar por dentro de tudo aquilo que possa trazer bem-estar, felicidade e paz interior. É para se divertir, para entender de moda, de beleza, para conhecer lugares, deliciar-se com boa gastronomia, mas, acima de tudo, para valorizar as pequenas grandes coisas que estão disponíveis ao redor: as coisas simples e boas.

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