Como foram de fim de semana? Eu fui bem, obrigada. Fiz algumas coisas, poderia ter feito outras tantas, mas resolvi seguir os conselhos da minha irmã, que é sete anos mais nova, mas às vezes parece sete anos mais sábia, e parar de esperar toda a semana para resolver minha vida inteira no sábado de manhã.
– Sabe por que a tua cabeça dá um nó no sábado de manhã e tu fica andando pela sala em círculos sem sair do lugar? – ela perguntou, diante de um dia sábado de desespero qualquer.
– Por quê? – eu quis saber.
– Por que tu acha que o sábado é o dia de sanar todas as pendências. É o dia de arrumar a casa, de visitar a mãe, de ver as amigas, de ir ao salão, de fazer esteira, de passear com os cachorros, de ir ao supermercado… E daí tu não sabe por onde começar e acaba ficando ansiosa e não fazendo nada.
– Hummmm…
– Relaxa e escolhe uma coisa, no máximo duas. E tu vai ver que tudo vai melhorar.
Desde então, passei a acordar sábado sem um rol de compromissos a cumprir, exceto o passeio de sábado com a peludagem, claro.
Decidi que eu precisava passear com a peludagem, colocar um pouco do trabalho em dia e fazer algum esporte. Pronto. Foi então que acordamos, tomamos café, trabalhamos durante umas duas horas e saímos com Bento e Papaqui para o passeio que o animal mais surta de prazer: Parcão e arredores do Moinhos de Vento, mais precisamente as ruas Padre Chagas e Dinarte Ribeiro.
Terminamos a volta em um café pela redondeza. Impressionante como Papaqui está pegando aos poucos as manias do animal. Agora deu para adorar sentar em cafés ao ar livre e ficar admirando o vaivém de pessoas. Bento é tiro e queda neste quesito – sempre foi. Desde quando tinha meses de vida e morávamos em São Paulo, eu tinha que, em algum momento, sentar em uma padaria qualquer para ele beber água e ficar olhando o movimento. Podia ser fim de semana como podia ser quarta, quinta-feira. Ele não estava nem aí. Não arredava pé.
EU QUE CHEGASSE ATRASADA NA REDAÇÃO
Pois sentamos em um café em frente ao Moinhos Shopping, demos um tempo para que a peludagem apreciasse o movimento e bebesse sua água e seguimos o passeio de volta para casa. Como chegaram de língua de fora e contentes da vida, almoçaram e concluímos que a terceira e última tarefa do dia seria um passeio de bicicleta. Conseguiríamos unir lazer e esporte.
– Vamos até a Zona Sul? – sugeriu o Chico.
– Vamos – respondi.
“Que Deus me ajude”, pensei
Não sei por que diabos resolvi ir com uma calça de malha estilo saruel. Só sei que não sabia que estava tão quente na rua e, obviamente, quis morrer já no meio do caminho. Não conseguia arregaçar a calça porque a barra dela é de elástico, um elástico muito forte que fica preso na canela. Se eu puxasse mais para cima, prenderia a circulação da minha perna, eu sofreria uma trombose e cairia de cabeça no Arroio Dilúvio, algo que não julgo digno para com a minha pessoa, visto que sou uma trabalhadora, esposa, filha, irmã e dona de cachorro dedicada que procura fazer o bem.
+ MARI KALIL: Vou seguir o ensinamento de dois papas da medicina e andar mais a pé
Não sei quanto tempo levamos até a Zona Sul, mas sei que fiquei feliz de pedalar na Avenida Beira-Rio fechada para carros. E fiquei mais feliz ainda quando, enfim, chegamos ao shopping Paseo Zona Sul.
– Podemos fazer uma pausa? – falei para o Chico.
– Podemos. O que tu quer fazer? – ele quis saber.
SENTAR NUM BOTECO E TOMAR UMA CERVEJA!!!
Tentamos o Boteco Natalício, mas estava fechado e só abria a partir das 17h. Eram 16h. Tentamos o Tyrol. Também fechado. Eu só precisava de uma mísera cerveja, um chope que fosse. Água eu já tinha bebido ao longo do percurso.
– Vamos ao Japesca ali na esquina – falei. – Pegamos duas long neck.
Então, adentramos no Japesca e eu encontrei a imagem da felicidade, uma garrafinha de Heineken bem gelada que entornei sem pensar no amanhã!
GLUB, GLUB, GLUB, GLUB, GLUB!!
Sorvida em goles gelados a querida Heineken, voltamos para cima das bicicletas, fizemos uma visitinha rápida para minha cunhada que mora para o lado de lá e voltamos. Quando cheguei em casa… Mas quando cheguei em casa…. Minhas pernas batiam uma na outra. Eu estava em um estado de serotonina a mil. Parecia que tinha tomado uma injeção de alguma droga muuuuito alucinógena. Deitei na varanda e fiquei ali, olhando para o nada, quase babando pelo canto da boca.
– Estou quase alucinando – disse para o Chico.
– É a endorfina. Sensação boa, né?
– Muito… Pode fazer um ovo no micro-ondas para mim? Não consigo me mexer.
– Um ovo?
– Sim, um ovo. Estou com fome. É proteína.
– Ok.
No dia seguinte, acordei toda dolorida. Mas um dolorido bom, sabe assim? Apenas não queria fazer exercício. Folga, pelo amor de Deus! Então, novamente fomos ao parque para saciar o desejo do animal, que, quando percebeu que estava chegando ao parque, passou a dar mortal de costas no banco de trás do carro e a uivar e espirrar histericamente.
ADORO OS PASSEIOS DE FIM DE SEMANA
Seguindo o ritual, paramos no carrinho de água de coco. Bento ama água de coco. Não existe ida ao parque sem o momento água de coco. Agora tem até embalagem pet, sabiam?
MOMENTO ÁGUA DE COCO NO MESMO BAT-LOCAL DE SEMPRE
Trata-se de um copinho de boca mais larga para eles. Estou tentando introduzir a Papaqui neste hábito saudável, mas a Gordinha ainda não entendeu que água de coco é melhor do que Coca-Cola. Chico brinca que a Gorda só gosta de Coca-Cola normal. Só brinca, claro. Antes que venha alguma sociedade protetora dos animais me acusar de que dou refrigerante para cachorro, venho por meia desta dizer que isso não acontece. É só uma brincadeira em família. Se Papaqui quis saber da água de coco? Que nada!
Almoçamos camarão beeeem apimentado na casa de papai e mamãe e viemos para o nosso lar doce lar. Então, tomei banho e trabalhava com o notebook no colo na frente da tevê quando o relógio marcou 8h da noite e Chico perguntou se eu comeria uma pizzeta preparada por ele – aquelas nossas pizzetas caseiras, sabe? Comer eu até comeria, só que não havia nada para preparar as pizzetas. Foi então que eu lembrei de um episódio no sábado voltando da bicicleta.
Abríamos o portão do prédio quando eu estacionei a bicicleta e fui conferir a caixinha do Correio. Tenho fascinação por caixinhas de correio. Sempre me correspondi via cartas com minhas amigas e guardo até hoje aquela sensação boa de abrir a caixinha e ter uma cartinha delas me esperando. Com esse mundo da tecnologia, isso nunca mais aconteceu. Então, eu virei a louquinha do folder. Adoro ver se chegou folder de alguma coisa na caixinha de correio do prédio – e sempre chega algo.
Olha, dia desses fiquei sabendo, via folder, que o Subway que abriu perto aqui de casa tem serviço delivery de manhã até de madrugada. Acho uma informação muito importante. Pois no sábado, eis que abro a caixinha do correio e olha o que encontro!
FOLDER DA PIZZA QUE EU SEMPRE QUIS EXPERIMENTAR!
As pizzas do Bistrô da Travessa são bastante famosas. Sempre ouvi falar muito bem. Sempre ensaiei uma ida até lá e isso nunca aconteceu. Não tinha me perdoado por isso até então, porque há coisas em uma cidade que a gente precisa conhecer – e o Bistrô da Travessa é uma delas. Portanto, não tive dúvida quando Chico perguntou se comeria uma pizza e qual pizza seria.
– Mas tu quer sair de casa para ir até lá?
– Não! Tem delivery!
– Aqui no nosso bairro?
– Sim!!! Olha o folder! – e levantei para buscar.
Ligamos na mesma hora para lá. Há dois tamanhos de pizza – a broto e a grande. Pedimos a grande de dois sabores: metade margherita (tomate e manjericão) e metade vegetariana (brócolis, tomate seco, champignon e berinjela refogada).
– Quanto tempo para a entrega? – quis saber o Chico.
– De 30 a 45 minutos – a atendente respondeu.
Pois a pizza chegou em 25 minutos. Sozinha.
Sim, a pizza veio sozinha e quentinha. O motoboy contou que eles entregam uma pizza por vez para garantir a excelência. Não é genial?
Estava bem boa! Trata-se de uma pizza artesanal. O que eu quero dizer com isso: é feita com massa semi-integral fininha e praticamente não leva sal. Se você, querida amiga, gosta de comer batatinha Ruffles em vez de comer batata doce assada, você certamente não vai gostar da pizza do Bistrô da Travessa. Melhor pedir uma Pizza Hut, sabe assim? Mas se você curte uma coisa mais natureba, com ingredientes mais selecionados e, ao comer, sente que não está entupindo todas as artérias de sódio, eu recomendo as pizzas do bistrô.
Olha!
OOOOOOOOOHHHHHH!!!
Metade marguerita
OOOOOOOHHHHHHH!!!!
Metade vegetariana
Eu gosto de comer pizza com rúcula. Então, lavei um pé de rúcula que tinha na geladeira e coloquei em cima das fatias. Então, terminada a refeição de três pedaços para cada um e a sobra de dois na geladeira, voltamos para o sofá e dormimos sentados até o momento em que um acordou primeiro do que o outro, um acordou o outro e fomos rastejando até a cama.
Por falar em novela, esta semana me despeço da escravidão. Estou triste, mas também muito feliz com o final de A Regra do Jogo. É que estou viciada nesta maldita novela desde que ela começou. Explico: eu só assisto novelas assinadas pelo João Emanuel Carneiro. Então, a última que tinha visto havia sido Avenida Brasil. Quando soube que ele escreveria A Regra do Jogo, sabia que viria um novelão pela frente – e de fato veio. Então, faz meses que eu sou escrava. Que sento no sofá e fico abobalhada, que não quero ir para a cozinha fazer nada na hora da novela, que fico nervosa se tenho compromisso à noite e só vou conseguir ver a gravação depois… Um inferno. Pois sexta-feira, após a exibição do último capítulo, virá minha libertação.
Voltarei a ser dona da minha vida neste horário. Poderei fazer mil e uma coisas. Poderei ler mais livros, poderei assistir mais seriados no Netflix, poderei escrever, poderei preparar novas receitas, poderei ficar na varanda olhando para o nada…. Poderei até correr na esteira. Poderei fazer o que quiser e bem entender.
VAI FICAR RODOPIANDO PELA SALA