Da série “a humanidade produz cada uma…”, leio no jornal La Nación, da Argentina, que a onda agora é correr para trás, correr de costas. Na verdade, não tem nada de novo. Trata-se de uma prática antiga (nasceu na China, onde era uma disciplina esportiva), mas vem ganhando mais e mais seguidores no mundo todo.
Alguns estudos realizados sobre a modalidade mostraram que a corrida de costas promove a estimulação e sincronização dos hemisférios cerebrais, estimula a abertura da caixa torácica, melhora a postura e a circulação sanguínea, além de desenvolver a visão periférica e interior. Como o movimento é antinatural, o corpo precisa se esforçar para se adaptar e esse esforço aumenta a queima calórica. É indicada para todas as idades, desde crianças até idosos. Só deve ser evitada por quem sofre de labirintite e hérnia de disco.
Os adeptos e os profissionais do esporte, entre eles o medalhista Venezuelano Franklin Daniel Vásquez, relatam vários benefícios para a prática. É um desafio para a concentração e o equilíbrio, atestam. Os profissionais aconselham a só experimentar a técnica quem já tem um certo conhecimento da corrida para frente, pois correr de costas requer uma coordenação muito maior.
Olhar para trás ou não olhar? Eis a questão! Na prática batizada de retrorunning, os especialistas dizem que o corredor não corre olhando o tempo todo para trás. Pouco a pouco, ao adquirir maior habilidade, até pode tentar a proeza. A ideia é que a pessoa, enquanto corre, dê uma olhadinha para trás, memorize os obstáculos do caminho e tente desviar deles – até, claro, ser obrigado a olhar de novo, desviar de novos obstáculos, e assim sucessivamente.
COMO A GENTE COMEÇA A TREINAR O RETRORUNNING, MARIANA?
Os professores ensinam que se começa com caminhadas curtas e de costas de até 10 metros de distância, combinadas a caminhadas de frente, de costas, de frente… Para ir se ambientando e entrando no clima. Essa alternância funciona para perder o medo natural de tropeçar e cair.
O retrorunning beneficia trabalhar glúteos e panturrilha – e a pisada é diferente. Obriga o praticante a manter-se na ponta dos pés. Trabalha-se mais também todos os músculos da parte posterior das pernas – e os músculos da frente realizam uma contração distinta da corrida habitual. Ao praticar a alternância de ora correr de frente, ora de costas, dá pra sentir direitinho a diferença de trabalho de respectivos músculos, dizem os professores.
O impacto nos joelhos é menor do que correr para frente, a postura fica mais ereta, os ombros ficam mais para trás e isso provoca um relaxamento maior dos músculos abdominais e da lombar. É bastante útil para quem pratica esportes em que a necessidade de correr para trás está presente, como tênis, futebol, vôlei e basquete.
Os profissionais defendem que o retrorunning estimula a confiança e a segurança. Os praticantes desse esporte consideram que, claro, é importante andar para frente na vida, mas que muitas vezes precisamos dar alguns passinhos para trás. Por mais que não vejamos alguns obstáculos, sabemos que eles estão ali, mas isso não deve ser motivo de retrocesso, estresse ou demasiada preocupação.
TU VAI PASSEAR COMIGO DE COSTAS?
Não tinha pensado nisso, mas podemos tentar já a partir de agora, que tal? Vamos?