Não sei se alguém sentiu minha falta, mas eu devo confessar que ficaria fácil mais uma semana no meio do mato, sem celular, sem internet, sem contato com seres humanos. Hahahahaha! Tô rindo, mas é sério. Sabe quando tu não aguenta mais abrir email? Não aguenta mais atender a Embratel ligando para a tua casa e para o teu celular querendo vender serviço? Não aguenta mais acordar correndo, tomar banho correndo, ir trabalhar correndo? Não aguenta mais chegar em casa exausta, se atirar no sofá e pensar que ainda é terça-feira? Eu andava assim. E não aguentava mais compromisso também: tem que ir à reunião, tem que receber fulano, tem que responder a sicrano, tem que, tem que, tem que…
Sábado, acordei sem despertador em meu quarto no meio do mato. Sem despertador, sem celular e sem internet, levantei e fiz meu café. Sentei no meio das árvores com o Bento e tomei café com leite e pão com manteiga (nada de requeijãozinho light). Inspirei e expirei. Olhei pra cima e fiquei observando a algazarra das caturritas, o canarinho que passava correndo rumo ao ninho, o abacate que havia caído do abacateiro, o vento que batia naquela florzinha amarelinha que balançava daqui e dali e se mantinha em pé.
Percebi que minha respiração, naturalmente, começava a ficar mais calma. Percebi que por mais que a gente corra, trabalhe, invista, ao fim e ao cabo a essência da vida é simplesmente essa: a não complicação das coisas. Eu sempre gostei de me refugiar, porque sempre consegui reencontrar meu eixo nesses momentos de solidão. Uma vez, li uma frase em espanhol que passou a ser regente da minha vida:
“Si no sabes a donde vas, regresa; para saber de donde vienes.”
Quando tudo começa a ficar tumultuado e confuso demais, quando percebo que estou perdendo um pouco o discernimento das coisas, que estou dando a meros contratempos o status de tragédias, meu remédio é este: sair fora, desconectar. Pisar na grama, respirar ar puro, dar tempo ao tempo e voltar ao eixo. Quando não sei mais para qual lado seguir, corro para perto da natureza e peço socorro. Me volto bem para o fundo da minha alma. Ela sempre me diz quem sou e para onde devo ir.