De cor e aroma intensos, o alecrim é uma erva muito especial não só para o nosso paladar. Ela está presente em rituais, é usada na medicina, na cosmética e até nas artes literárias. A palavra alecrim tem origem no árabe, que significa coroa das montanhas. O nome científico do alecrim, no entanto, vem do latim rosmarinus (ros = orvalho, marinus = do mar) e foi dado pelos romanos por provavelmente acharem que a cor das suas flores parecia com o mar. E bem que podia ser, pois o alecrim é natural dos países do mar Mediterrâneo, onde a água tem aqueles tons lindos azulados…
A LINDA E AZULADA FLOR DO ALECRIM
Hoje, o alecrim está em praticamente todo o mundo. No Brasil, algumas pessoas brincam, dizendo que alecrim vem de alegria. Popularmente, ele ganhou muitos apelidos: erva da recordação, erva da graça, erva das bruxas, erva da alegria, erva mágica. E, de fato, ao longo da história e das culturas, existem relatos sobre o alecrim ter sido usado como um elemento místico, ganhando muitos significados.
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Na Grécia, o alecrim era usado nas coroas. Também era queimado nos santuários para afastar maus espíritos. Nas escolas, os alunos usavam pequenas aureolas para irem bem nas provas. Em Roma, o alecrim era plantado na soleira das portas, para trazer o amor e afastar a morte. Esse hábito perdurou até a idade média. No Egito, o vigor das hastes do alecrim era símbolo de imortalidade, e a planta era usada em seus rituais.
SANTIAGO DE COMPOSTELA: CHÁ DE ALECRIM NOS PÉS PARA SUPORTAR A CAMINHADA
Na Idade Média, era usado como defumador em dormitórios com pessoas enfermas. A Igreja Católica incorporou o alecrim em seus rituais, queimando-o em incensários. No norte da França, dizem que ainda existe o costume de colocar um ramo de alecrim nas mãos do defunto e depois plantá-lo ao lado de seu túmulo. E no Caminho de Santiago de Compostela dizem que há uma receita de banhar os pés com chá de alecrim, para suportar a caminhada.
FOCACCIA COM ALECRIM: DELÍCIA AROMÁTICA
O alecrim é intensamente aromático, e apresenta um toque de “cânfora” e algo picante ao mesmo tempo. É super versátil na culinária, se adaptando bem para recheios de porcos, aves, carneiro e cabrito; sopas, ovos, carnes, frangos, peixes e molhos básicos, grelhados e assados de cordeiro, saladas, pães. Pode ser usado fresco ou seco. Também é utilizado como condimento de queijos. Serve muito bem para aromatizar vinagres e azeites, e é também utilizado na decoração de pratos. Alguém já experimentou uma Focaccia, feita essencialmente de farinha de trigo, azeite de oliva, sal grosso e alecrim? É dos deuses!
CHÁ DE ALECRIM: AUXÍLIO PARA OS MAIS DIVERSOS DESCONFORTOS
As propriedades medicinais do alecrim são diversas e conhecidas há tempos. Foi muito utilizado como medicamento na Idade Média e na Renascença. Atualmente, com o aumento do interesse em alimentação saudável, o poder curativo das plantas é assunto que volta a ser conversado. O alecrim, na forma de chá, alimento, óleo essencial ou outra (dependendo de cada sintoma e sempre da orientação de profissional responsável) pode ser eficaz para problemas como memória, reumatismo, cãibras e dores musculares, azia, resfriados, tosses e bronquites, cansaço, depressão, anemia, debilidade circulatória, gordura localizada, erupção cutânea e cicatrização.
SABONETE COM ALECRIM: PODER ADSTRINGENTE E ANTIOXIDANTE
Na cosmética, o alecrim é utilizado como base para produtos com funções antioxidantes, adstringentes, tônicos, estimulantes. Shampoos, cremes para rosto e corpo, cremes anticelulite, cremes antiacne, repelentes, antissépticos e sabonetes são alguns dos itens das nossas compras de beleza em que podemos encontrar o alecrim. É mais comum encontrar a planta em marcas que valorizam ingredientes naturais ou pequenos negócios artesanais.
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Uma planta, com toda essa pompa, não poderia deixar em branco sua presença na literatura. E não é que o querido alecrim é personagem na mais famosa obra de Shakespeare, Hamlet? A personagem Ofélia mostra o Alecrim ao irmão, Laertes, e diz a ele que é “para lembrança”. Lá está, nos autos da literatura, o valor que a coroa das montanhas, ou o orvalho do mar assumiu em nossa cultura.