Quais tesouros podemos encontrar no fundo do mar? Mergulhe e saberá!

Os últimos estudos sobre felicidade e consumo apontam que comprar experiências pode levar as pessoas a terem uma vida mais feliz do que comprando bens materiais. De fato, as experiências têm poder de nos trazer novos aprendizados, de nos emocionar, de marcar nossa memória e até mesmo de mudar nossas convicções. Isso significa que uma experiência nos afeta na essência, de forma muito mais prolongada do que o consumo de coisas. Assim, encontrar a felicidade é uma lógica de comprar para viver e não viver para comprar.

Viagens têm sido uma opção bastante importante para viver experiências e sentir a alma mais preenchida. Em viagens, podemos abrir nosso olhar para o novo e mesmo nos arriscar ao diferente. Foi numa dessas viagens que me encontrei com a experiência de mergulhar. Uma vivência que mudou minha imaginação sobre o planeta e que me reconectou comigo mesma. Foi tão bacana o que vivi que resolvi seguir adiante com a experiência.

Rangiroa-1024x690RANGIROA, POLINÉSIA FRANCESA:O DESTINO NÚMERO 1 PARA MERGULHO

Na verdade, nunca tinha pensado sobre mergulho como uma experiência. Me dei conta de que precisaria experimentar. Estava de férias na Polinésia Francesa e escolhi visitar um atol chamado Rangiroa. Era muito estranho; só tinha mergulhador lá. As poucas pessoas que encontrava perguntavam se eu iria mergulhar. Sem saber, estava no lugar número 1 do mundo de mergulho. Perdi a eoportunidade única. No último dia da viagem, em Bora Bora, é que caiu a ficha e decidi fazer um batismo de mergulho. Um instrutor muito bacana me levou para uma viagem sem volta.

beautiful underwater world (7)VIVEMOS CEGOS PARA MAIS DA METADE DO MUNDO

Foram seis metros de profundidade. Foi como nascer de novo. O mergulho te tira do teu habitat natural. Primeiro, aprender a respirar com equipamento é um drama porque é tão automática a maneira como respiramos que não percebemos como funciona mesmo a nossa respiração. Isso sem contar o pânico de não conseguir respirar embaixo d’água, de faltar oxigênio no equipamento…. Depois, o choque em perceber que existe 70% do teu planeta que tu não sabe como é… Mais da metade do mundo ignoramos, está subterrâneo e estamos cegos para ele. Ali embaixo tem um ecossistema, tudo organizado, vida funcionando. Vida linda por sinal.

mergulhoOBSERVAR E EXPLORAR TORNAM-SE AS ATIVIDADES MAIS NOBRE DO MUNDO

Quando minimamente consegui me acostumar com a minha própria respiração e com o novo lugar em que eu estava, comecei a me dar conta de muita coisa interessante. Estar envolto por água, e não por ar, proporciona outra dinâmica. O corpo fica fluido, é preciso usar a respiração para subir ou descer (não apenas pernas ou braços), existe um silêncio de paz enorme na mesma medida em que tem som, observar e explorar se tornam as atividades mais nobres do mundo.

O mais lindo, pra mim, é olhar para cima. Quando se olha pra cima, de lá de baixo, a gente se lembra de onde estamos. Em risco, sim, mas praticando o que é mesmo o ser humano: uma coisa pensante, não determinada, frágil, capaz de se adaptar e de se emocionar pela sua coragem e pela beleza das suas descobertas.

Banho de mar: a cura para todos os males é prática de outro século

Mergulhei meses depois em Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro. Doze metros de profundidade. Nadei com tartarugas; como foi lindo poder nadar ao lado delas, como se a gente estivesse juntos em bando, amigas, e se elas soubessem disso e tivessem permitido… Foi uma dádiva, foi religioso. Fiquei no meio de um cardume lindo de peixes. Foi paralisante, foi estranho não saber se eles estavam nos vendo ou não, se iam fugir ou atacar… E eu ali, com a missão única de observar e sentir.

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Priscilla Guimarães

Priscilla Guimarães

É analista cultural. Gosta de estudar os porquês da vida, o sentido das coisas. Se dedica a entender as formas de expressão e os significados da cultura. Hoje é sócia diretora na City - consultoria de pesquisa em comportamento humano que tem o propósito de trazer novas perspectivas sobre a sociedade para dentro das empresas. Também coordena a Clínica do Subterrâneo, workshops filosóficos organizados pela City, com o objetivo de trazer conhecimento das ciências humanas para as práticas empresariais. Ainda é sócia diretora na Comunidade Criativa, plataforma de co criação de produtos e serviços que une consumidores e marcas. É graduada em jornalismo e mestra em comunicação social. Já trabalhou com produção de TV, redação jornalística e publicitária, planejamento de comunicação e marketing. Foi professora de graduação e pós graduação. Morou em Paris. Faz psicanálise há 13 anos. Faz ballet e treinamento funcional. Pra relaxar, viaja, faz amigos e mergulho amador.

1 Comentário
  1. Sempre tive vontade de mergulhar até que comecei e durante 5 anos mergulhei mensalmente em SC e fuz viagens sempre para pontos de mergulho. Realmente a sensação é indescritível. Fiz até nergulho notorno. Experimentem!! O texto é lindo e bateu uma saudade….

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