Tem dois peludos esgotados embaixo da mesa do bunker-escritório. Os dois de boca aberta, como se quisessem engolir todo o vento gelado que sopra do ar-condicionado. Eu avisei, não digam que eu não avisei! Eu avisei que estava um calor insano lá fora e que o melhor a fazer era não passear. Mas quem ouve? A peludagem não quer saber, quer sair correndo porta afora tão logo o raiar do dia se faça ver. E agora estão aí, esbaforidos, enfiados nos cantos mais impróprios do bunker. A Papaqui, por exemplo…
Olha!
ME DIGAM SE ISSO É POSSÍVEL?
Reparem onde a Gorda enfiou a cabeça: entre o cesto e o pé da mesa. Sabe por quê? Porque o fio de vento do ar-condicionado espirra bem ali na cara dela
A GENTE NÃO ABRE MÃO DO PASSEIO
Eu que me exploda junto com vocês de calor, não é mesmo? Com otite e com calor. Sim, porque minha otite externa aguda, como foi diagnosticada, segue me deixando surda e com o ouvido dolorido. Segundo o médico, só vou ficar boa na segunda-feira que vem, após sete dias de antibiótico. Defina pobre bicho. Muito prazer, Mariana.
Ontem, minhas Migues Pati Lima e Mari Scholze tinham me convidado para fazer um programinha delicioso: participar do lançamento do vinho branco da Haus Burger. Só que a sensação de uma agulha de tricô perfurando meu tímpano me fez sentar na fila de espera do otorrino do Hospital Mãe de Deus em vez de sentar à mesa da hamburgueria para saborear vinhos e burguers.
Mandei um Whats App para elas – temos o grupo das Migues. Avisei que não conseguiria ir e pedi pelamordedeus que colhessem todas as informações e fizessem registros. E bebessem por mim, claro. Lá pelas tantas, por volta de 9h da noite, eis que apita meu Whats App com uma foto e a hashtag #PerdeuMary (reparem que as Migues, em vez de serem solidárias à mim, tiram uma onda da minha cara).
Eis o que me enviam!
HASHTAG PERDEU, MARY!!!
As Migues lépidas e faceiras (Pati à esquerda e Mari à direita) ainda tiveram o privilégio de encontrar a Betinha, a sabichona de Gastronomia do Rio Grande do Sul, ex-editora do Gastrô do jornal Zero Hora e agora autora do delicioso site Saborosa Viagem
Então, começam a bombardear meu celular com fotos de cortar os pulsos.
Olha!
OOOOOHHHHHH!!!!
Burger + vinho + batatinha croc croc croc!!
OOOOOOOOOOOHHHHHHHH!!!
Burger + taça de vinho servida!!
OOOOOOOOOOHHHHHHHH!!
Close no protagonista geladinho da festa!
OOOOOOOOOOOOOOOOHHHHHHH!!!!
Burguers, burguers e mais burguers Bávaro!!!!
– Vocês poderiam parar com a sessão de tortura? – pedi, enquanto pingava antibiótico no ouvido, deitada no sofá.
– O Burger Bávaro é feito com entrecot e maionese com curry – respondeu a Mari Scholze. – O vinho branco está sendo lançado em parceria com a Guatambu para ser o “vinho do verão” da casa. É um blend de Chardonnay, Gerwüztraminer e Sauvignon Blanc. Levinho, refrescante, aromático, uma delícia!!!
– Que mais, que mais? – eu quis saber. – Continuem trabalhando por mim, por favor! – ordenei.
Mari, obediente e bela jornalista que é, seguiu mandando as informações:
– Sobre a harmonização do vinho com o hambúrguer, em comparação com a cerveja, por exemplo: no vinho, os polifenois presentes na bebida ajudam a quebrar as moléculas de gordura (da carne, da maionese, da batatinha…), limpando o paladar entre cada mordida e facilitando a digestão – explicou.
– De onde tu sabe tudo isso? – eu quis saber.
– Eu não sabia! É a Isadora Pötter, da Guatambu, que explicou. Ela apresentou o novo vinho com o Junior Maroso, proprietário da Haus Burger. O Junior é irmão do Juliano, da Vinum Enoteca.
– Huuuummm….. Não sabia! Adoro a Vinum!!! – respondi.
+ MARI KALIL: A Virgem Bar, onde fui e quero voltar muitas vezes
Fomos uma noite jantar lá na Vinum – eu, Chico, Paulinha e Georginho. Estava uma delícia!!! Lembro até hoje. A comida é divina, e o preço dos vinhos que eles servem no jantar é o preço da loja, ou seja, muito mais em conta. Preciso voltar lá para viver aquele momento de novo e para fazer um post sobre a Vinum, que acabei não escrevendo naquela ocasião sabe-se lá o porquê.
Mari Scolze continuou, obedientemente, o bombardeio de informações, conforme solicitado:
– Ah, very important! O pessoal aqui da Haus Burger já tinha lançado um vinho tinto, o WeinHaus Tannat, que é simplesmente imperdível. Inclusive, comprei uma garrafa para levar para o Lê (Lê = Leandro = marido da Mari).
+ MARI KALIL: Bar do Gomes, um novo boteco para chamar de meu
Um trio de Migues sempre conta um uma integrante mais lesada – neste caso, não sou eu, mas a Mommy. A Mommy é como nós chamamos a Pati Lima. Ela começou a me chamar de Mommy, eu passei a chamá-la de Mommy; agora, Mari Scholze chama ela de Mommy e é tudo uma confusão só. A Mommy é a mais lesada de todas disparado. O que quero dizer com mais lesada: ela sempre chega depois. Chega depois na conversa, chega depois no Instagram, chega depois no Facebook, chega depois nos eventos e, consequentemente, chega depois no Whats App. Mas não é um depois de 10, 15 minutos. É um depois de quase 24 horas de atraso. Foi o que aconteceu neste caso. Mommy chegou só agora há pouco na conversa. Acaba de escrever (bem ao estilo Mommy de ser).
– As Migue só na reportagy! Estava bem legal, Mommy (Ela está referindo-se a mim). Te mandaram um abraço e querem, querem porque querem que tu vá lá. Falei que no próximo vamos nós três!
– Reporta algo, Mommy – falei.
Mommy, obedientemente, reportou:
– Era o lançamento do vinho branco da casa. O Junior abriu a Haus Burger com esta proposta de servir hambúrguer com vinho, algo muito comum na Europa. Ele é sommelier de formação, trabalhou muito tempo com isso e, durante as viagens que realizou, percebeu essa tendência gastronômica. Na Haus Burger, o vinho é servido em garrafa ou em taça, o que também é muito comum na Europa. E essa história de restaurante ter rótulo também é coisa de europeu. Então, a proposta desta parceria com a Guatambu é estimular o consumo de vinho. Neste caso, com burguers.
CLAP CLAP, CLAP
Enviei palminhas de emoticon pra Mommy!
Ela continuou (como grande repórter que é!):
– Quanto ao rótulo dos vinhos, tanto do branco quanto do tinto: trata-se de uma representação do Muro de Berlim, pois este é para ser o papel do vinho – derrubar muros, unir as pessoas, quebrar barreiras. Ahhhh, as batatinhas são algo….
– Conta!!!!! – respondi, quase morrendo por batatinhas.
– Elas são fritas em óleo de algodão. Tem a inglesa e a doce. Uma perdição!
– A doce é de chorar, Mary – complementou a Mari Scholze, entrando de novo na conversa.
– Tá tudo ótimo. Agora me deixem escrever o post! – falei.
QUANDO EU DIGO QUE ELA EXPLORA AS MIGUES, ELA BRIGA COMIGO