Nesta semana que passou, como bem disse aqui no meu querido blog-diário Por Aí, tive uma crise de branco. Blecaute mental. Estafa. Cansaço de pensar em assuntos, em palavras, em frases que se conectassem para formar um parágrafo. Vontade de sair correndo, fugindo do mundo, de braços para cima e boca aberta como aquele gurizinho do filme Esqueceram de Mim.
ASSIM ESTAVAM OS NEURÔNIOS DENTRO DO MEU POBRE CÉREBRO
Então, sumi por dois dias sem dar explicação. Fechei o computador e fui. Como bem canta Chico Buarque, “se perguntarem por mim, diz que fui por aí”. Fui por aí me distrair. Arrumei minhas gavetas, meus cabides, os temperos dos vidros da cozinha e saí caminhando. Fui fazer coisas a pé. Precisava ir ao médico, fui a pé. Precisava levar exames para outro médico, fui a pé. Precisava comprar um livro, fui a pé. E me dei conta de que preciso – precisamos, aliás – andar mais a pé.
No ano passado, minha irmã ficou grávida e passou toda a gestação comendo o que tinha vontade e sem deixar de entrar em sua calça 38. Lulu foi a grávida mais linda e mais saudável com quem já convivi. Uma grávida que inspira outras mulheres a ficarem grávidas, sabe assim?
Eu acredito que uma grávida sem neurose é meio caminho andado para manter a forma. O outro meio caminho, segundo minha mãe, foi que Lulu passou a fazer coisas a pé. Caminhava para o trabalho, voltava a pé para casa, ia a pé até a casa da mãe almoçar, voltava a pé para casa…. O fato de andar mais a pé e menos de carro contribuiu para sua saúde física e mental. Foi quando minha mãe me alertou: “Tu também deveria andar mais a pé, minha filha”.
Eu amo andar a pé. Mas a correria da vida, a falta de segurança, o calor do verão de Porto Alegre…. Tudo isso vai desmotivando a gente, sabe assim? Em Barcelona, minha vida de andarilha dividia-se entre meus pés e as duas rodas da minha bicicleta. Eu fui para lá pesando 53 quilos e voltei com 48. Comia pão todos os dias, paella, massa, bebia vinho… Fazia horrores de orgias alimentares. E perdi cinco quilos.
Todo sábado de manhã, gosto de sentar e pensar na minha próxima semana. Arrumar o calendário do celular com meus compromissos, deixar a vida esquematizada. Para a próxima semana – e para todas as outras que virão este ano -, decidi que vou me organizar para fazer mais coisas a pé. Vou ao pilates a pé, à ioga a pé, vou pintar minhas raízes brancas do cabelo a pé. Vou a reuniões a pé. É tudo questão de arrumar um tempinho, sair mais cedo, se organizar mesmo.
+ MARI KALIL: De Mariana para Mariana: uma carta para lembrar dos reais valores da vida
Faz bem para a cabeça sair caminhando, apreciando a paisagem, olhando vitrines, atravessando ruas, pensando na vida. Caminhada diminui a pressão arterial, ajuda na circulação, combate a osteoporose, alivia a depressão, melhora a autoestima. No ano passado, entrevistei para a revista Donna o doutor Emilio Moriguchi, uma das maiores autoridades brasileiras da geriatria (a entrevista pode ser lida AQUI), e ele disse que se obrigava a caminhar 10 mil passos por dia. Eis o trecho em que falamos sobre o assunto:
Donna – O senhor faz caminhadas?
Moriguchi – Nunca uso o elevador. Independentemente do número de andares, só me movimento pela escada. Tem uma regra consagrada no Japão que manda caminhar 10 mil passos por dia. A maioria dos japoneses segue à risca. Acredita-se que seja o necessário para uma vida saudável. Meu celular tem um contador de passos e está sempre no meu bolso. (Ele tira o celular do bolso e mostra o aplicativo que conta os passos.)
Donna – Agora são quase duas da tarde e o senhor caminhou 3.861 passos. Falta um bocado para os 10 mil, hein?
Moriguchi – Mas vou subir e descer escadas e caminhar bastante hoje ainda no hospital (risos). Se não conseguir completar 10 mil passos, quando chegar em casa, termino o que ficou faltando em cima da esteira (risos). Rejuvenescimento é um termo que deveria ser banido. Rejuvenescimento é uma mentira. O que existe é o envelhecimento saudável, que pode se conseguir com hábitos saudáveis de vida. É impossível parar o tempo e nosso relógio biológico.
Resolvi, então, nesta manhã, ao lembrar da nossa conversa escrevendo este post, entrar na APP Store e baixar um contador de passos. Fui no setor de busca do aplicativo e coloquei “contador de passos”. Achei vários e não cheguei a nenhuma conclusão sobre qual baixar. Tecnologia não é o meu forte. Se alguém tiver uma dica, estou aceitando.
Quando fiz esta entrevista com o doutor Moriguchi, uns meses antes havia realizado outra que – foi outro grande aprendizado – com o doutor J.J.Camargo (pode ser lida AQUI). Conversa vai, conversa vem (e como é bom conversar com o doutor JJ…), ele contou que seguia a mesma prática do doutor Moriguchi (um sem saber do outro, ressalte-se). Também procurava fazer a maioria das coisas a pé e não pegava elevador. Eis o trecho em que falamos sobre o tema:
Donna – O senhor pratica algum tipo de atividade física?
Camargo – Caminho bastante na esteira e subo escada toda hora. Não uso elevador. Estou fazendo uma dieta para perder uns quilinhos, pois estava com o colesterol alto. Mas, no geral, estou muito bem. Sou um trabalhador, tenho uma atividade física sempre intensa, sou capaz de operar 10 horas por dia.
Esse fato me chamou tanto, mas tanto a atenção, que eu juro: cada vez que chego em casa para subir até o terceiro andar do apartamento, penso no doutor Moriguchi e no doutor J.J.Camargo e lembro os dois papas da medicina me dizendo que não usam elevador. E quem disse que depois dessas duas entrevistas consegui subir novamente em um elevador impunemente?
Só pego elevador na ida e na volta do passeio com a peludagem.
Devido à artrose do animal, não posso fazer com que suba e desça escadas. Fora isso, nada de elevador. Não só em casa, mas no estacionamento subterrâneo do supermercado, em consultas médicas. Passo por louquinha, claro. Semana passada, em vez de esperar o elevador para ir até o consultório da médica, no oitavo andar, perguntei onde ficava a escada de emergência. O porteiro me tirou para louca, é verdade. Eu cheguei lá em cima botando os bofes para fora – e cada degrau que subia pensava: “doutor J.J não usa elevador; doutor Moriguchi só anda de escada”. Tornou-se meu mantra na hora de optar pela via mais difícil.
DOUTOR MORIGUCHI SÓ ANDA DE ESCADA
ELA ADORA COMPANHIA PARA AS INDIADAS
Mari, compra uma pulseira Up Jawbone, ela conta passos, mede qualidade do sono, da varias dicas. Eu adoro <3
Uau! Vou comprar! Adorei a dica, Anita. Obrigada! Bjo. MK
Olá Mariana!!!
Esse seu post me lembra dos tempos em que morava no interior… Tudo era a pé :)) ir ao dentista, livraria, escola, academia, encontrar os amigos… Mas, atualmente, morando em Porto Alegre, confesso que esse hábito tornou-se inexistente. Não porquê as distâncias são mais longes, e sim por causa da extrema violência e da revoltante falta de segurança. Tenho apenas 20 anos e vou começar a tomar remédio porque 6 meses de terapia pouco adiantaram para superar os 3 assaltos seguidos do ano passado e resolver os constantes ataques de pânico que sofro somente PENSANDO que tenho que sair de casa – imagina quando eu saio -. Minha intenção não é desanimar você, Mariana, mas sim, pedir que tu não te empolgues tanto e esqueça de tomar cuidado ao sair. Minha motivação seria: ANDE MAIS A PÉ, MAS ACOMPANHADA!!! Se eu não me engano existe até mesmo um grupo no face com uma proposta parecida para mulheres….
Minha preocupação é que, a cada dia, pessoas MAIS NOVAS do que eu possam ficar igualmente apavoradas e em situações talvez até piores do que a minha e, consequentemente, o andar a pé acabe diminuído cada vez mais com a nova geração… Eu por exemplo, que fazia tudo a pé, agora não saio de casa se não for com alguém ou dentro de um veículo…
Um enorme abraço!!
ps: aceito sugestões diferenciadas de como andar mais a pé se tu pensar em algo, ou encontrar porque tu sempre encontra umas entrevistas com sugestões diferentes, sério mesmo, beijos.
Oi, Gustavo! Puxa vida, que infelicidade, hein? Pior é que tu tem razão: difícil a gente sair a pé sem estar sempre com o coração na mão. Espero profundamente que tu melhore desse pânico, que a segurança melhore em nossa cidade e no nosso país e que a gente possa exercer com saúde um direito básico de todo cidadão que é a liberdade de ir e vir. Um grande abraço. MK
Mari querida, que saudade de vc.
Amanhã começo a caminhar Tb prq estou pré diabética, mas a endocrinologista disse que com caminhadas e corridas and uma boa dieta eu vou superar isso.
Bah, nem sabia que a Lulu era mãe.
Que legal, manda um super bjo para ela.
Tb quero comprar a pulseira, mas enquanto não compro vou baixar o aplicativo, mas penso que quando estou trabalhando e ele estiver na bolsa, não vai adiantar muito né?
Mas então vou seguir a tua dica e vem me fazer uma visita com os peludinhos mais amados do RS.
Fica bem querida!!! Bjs
Rosilda, tu conseguiu comentar, viu!!! Saudade também! Vamos juntas nesta empreitada da caminhada! Beijo grande. Mari