“A Amiga Genial”, o livro que todas nós vamos querer ler!

Andei lendo por aí que o livro que eu (e todas as mulheres do Brasil!) irão querer devorar em 2015 chama-se A Amiga Genial e foi escrita pela italiana ELENA FERRANTE. A obra chega em junho ao país, apresenta a narrativa de duas amigas que crescem juntas em Nápoles e inaugura uma série de quatro volumes (a promessa é que o último saia na Itália em setembro de 2015)  que cobre mais de cinco décadas da amizade entre Lila Cerullo e Elena Greco, as principais personagens da saga, na qual a autora lida com questões políticas de seu país, principalmente da região de Nápoles, dominada pela máfia. Credita-se ao sucesso a capacidade de Elena de escrever sobre mulheres atuais como ninguém.

FFFFFFMUITO PRAZER, SOU ELENA FERRANTE

woman-yelling-istock-de20MAS O QUE É ISSO, MARIANA?

Woman-confused3CADÊ A FOTO DA ELENA?

Pois aí é que está! Elena é um pseudônimo para uma autora que ninguém sabe, ninguém viu. Uma autora que faz questão de manter-se anônima. Supõe-se que tenha lá seus 50 anos, especula-se que seja o pseudônimo de alguém bastante reconhecido e que deseja refugiar-se no anonimato sem ter que dar muitas explicações sobre suas obras.

bento1ELENA É DAS ESPERTAS

Aqui no Brasil, muito pouco já se ouviu falar dela. Lá fora, Eelena já desponta há algum tempo. Foi apontada pelo New York Times como uma das grandes escritoras contemporâneas, obtém sucesso de crítica e público onde suas obras são lançadas e coleciona elogios de nomes como o inglês James Wood, um dos críticos literários mais importantes da atualidade, e Jhumpa Lahiri, escritora britânica que esteve na Flip no ano passado.

Frustrações, conflitos de maternidade e homens que abandonam a família são alguns dos temas tratados por Elena, e A Amiga Genial é o primeiro de uma série que já está no quarto volume na Europa e nos Estados Unidos. Muitos falam na escrita cruel de Elena. Pesquisando mais sobre ela encontrei uma reportagem no jornal espanhol Público sobre uma de suas obras que se encaixa bem com essa definição.

professoraPRESTEM ATENÇÃO

“Por fim, A Filha Obscura (2006). Outra vez uma mulher nas suas contradições. Chama-se Leda, tem 47 anos, duas filhas, e um casamento onde se confrontou com maternidade, a responsabilidade de ser mulher de alguém e a carreira. Até ao divórcio. ‘Quando as minhas filhas se mudaram para Toronto, onde o pai vivia e trabalhava havia anos, descobri com perplexo espanto que não sentia qualquer desgosto, sentia-me leve, como se só então as tivesse posto definitivamente no mundo. Pela primeira vez em quase vinte e cinco anos, deixei de sentir a ansiedade de ter de me preocupar com elas.’ A escrita de Ferrante é tão limpa quanto bruta. Incomoda. O modo como cada personagem pensa o seu corpo e a sua mente e/ou o corpo e a mente dos outros; a sexualidade, o trauma, o amor, a pulsão de morte; os filhos, os amantes. É no desequilíbrio que nos revelamos, parece querer dizer Ferrante, em livros que não são de mulheres. Com ela o feminino ganha dimensão universal, ainda que volte a questão sobre se há um modo feminino de escrever”.

1507-1A EDIÇÃO PORTUGUESA!
Esta é a edição portuguesa de “A Amiga Genial”, que encontrei no e-commerce da Fnac de Portugal (percebe-se que já comecei a ficar meio incomodada de ter que esperar até junho pelo lançamento no Brasil…). O livro saiu recentemente em Portugal pela Relógio D’Água, editora que, da autora, já publicou “Crônicas do Mal de Amor”.

Francisco Vale, editor da Relógio D’Água, considera Elena “uma grande autora pelos temas e pelo estilo”, que define como “despojado e contidamente irônico”. Ele acredita que seja possível compará-la com Clarice Lispector, principalmente pela introspecção e pelo modo com o qual a brasileira explorava o psicológico dos personagens.

+LIVRO: O livro que ensina a ter uma casa mais florida (e feliz)

No site da Livraria da Travessa, no Rio, encontrei o livro Crônicas do Mal de Amor. Escreve James Wood no prefácio: “Ferrante disse que gosta de escrever histórias ‘em que a escrita é clara, honesta, e em que os factos — os factos da vida normal — prendem extraordinariamente o leitor’. Com efeito, a sua prosa possui uma clareza despojada, e é muitas vezes aforística e contida (…). Mas o que os seus primeiros romances têm de eletrizante é que, ao acompanhar complacentemente as situações desesperadas das suas personagens, a própria escrita de Ferrante não conhece limites, está ansiosa por levar cada pensamento para diante, até à sua mais radical conclusão, e para trás, até à sua mais radical origem. Isto é sobretudo óbvio na forma destemida como os seus narradores femininos pensam sobre filhos e sobre maternidade.”

areias-do-tempo--psd-ampulheta-icone_30-2249CONTAGEM REGRESSIVA PARA A CHEGADA DE “A AMIGA GENIAL”

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Mari Kalil

Mari Kalil

Sou escritora, jornalista, colunista da Band TV e Band News FM e autora dos livros "Peregrina de araque", "Vida peregrina" e "Tudo tem uma primeira vez". Sou gaúcha, nasci em Porto Alegre, vivo em Porto Alegre, mas com os olhos voltados para o mundo. Já morei em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Barcelona. Já fui repórter, editora, colunista. Trabalhei nos jornais Zero Hora, O Estado de S.Paulo e Jornal do Brasil; nas revistas Época e IstoÉ e fui correspondente da BBC na Espanha, onde cursei pós-graduação em roteiro, edição e direção de cinema na Escuela Superior de Imagen y Diseño de Barcelona. O blog Mari Kalil Por Aí é direcionado a todas as mulheres que, como eu, querem descomplicar a vida e ficar por dentro de tudo aquilo que possa trazer bem-estar, felicidade e paz interior. É para se divertir, para entender de moda, de beleza, para conhecer lugares, deliciar-se com boa gastronomia, mas, acima de tudo, para valorizar as pequenas grandes coisas que estão disponíveis ao redor: as coisas simples e boas.

1 Comentário
  1. Olá Mariana. Sou também jornalista, mas portuguesa. Ao ler este post, não resisti a comentar, porque os livros de Elena Ferrante são de facto únicos, quer pela caracterização psicológica das personagens, como pela descrição dos ambientes e situações (muitas vezes através de pensamentos e consciência da personagem principal). A sua escrita honesta, mesmo dura e cruel, é por vezes absolutamente desconcertante e o ritmo e enredo da história são viciantes. Em Portugal já foram editados (e já li) todos os livros da escritora (estou a ler o último da tetralogia) e tenho constatado que o fenómeno Ferrante se está a transformar numa febre, que se repete em vários países. Claro que o anonimato da autora e a discussão em torno de saber se é uma mulher, um homem ou até um coletivo de escritores, contribuem para esta aura que ela ganhou, mas não lhe tira o mérito, antes pelo contrário (como a própria autora diz, se um livro é bom, não precisa do seu autor depois de escrito: ele fala por si e ganha uma vida própria). Aconselho vivamente todos os livros dela. As aventuras de Lila e Lenù são imperdíveis, mas as “Crónicas do mal de amor”, num estilo de enredo um pouco diferente, mas iguais na essência, são também geniais. Só uma pequena chamada de atenção: a reportagem citada neste post não é de um jornal espanhol, mas sim português. Este “Público” é um jornal diário português e a reportagem é assinada por Isabel Lucas, uma crítica literária portuguesa que segue desde o início Elena Ferrante e que muito tem escrito sobre ela.

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