Adversário não é inimigo! Para ser a favor de um time não precisa vaiar o outro

Estamos caminhando para os últimos dias das Olimpíadas do Rio. A cidade continua com clima de festa, repleta de atletas e torcedores vindos de todas as partes do mundo. Devo admitir que antes dos Jogos começarem eu não estava muito confiante com o desempenho do evento na minha cidade. Afinal, o Rio de Janeiro abriria as Olimpíadas de 2016 com a imagem arranhada aos olhos dos brasileiros e também do mundo.

Apontada como perigosa e falida, a cidade tinha a responsabilidade de fazer um evento impecável. Eu, como milhares de pessoas, me perguntava se o Rio estava preparado para receber um evento deste porte. Um temor de que algo desse errado não saía da minha cabeça. Será que conseguiríamos ser bons anfitriões? Receber gente do mundo inteiro e não comprometer ainda mais a já combalida imagem do Rio?

rachel abertura jogosABERTURA DA RIO 2016 NO MARACANÃ: UM EXEMPLO PARA O MUNDO

A espera e a ansiedade pela festa de abertura faziam parte das rodas de conversa em todos os lugares. A pergunta recorrente era: a abertura dos Jogos 2016 seria um desastre como foi a da Copa do Mundo? Apreensão geral. Mas não! Que surpresa maravilhosa! A festa foi linda e acolhedora, deixando os cariocas, brasileiros e estrangeiros de queixo caído. Quanto orgulho ao ler as notícias na manhã seguinte ao evento nos principais jornais do mundo elogiando a festa.

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Tive a oportunidade de ir a dois jogos até o momento: o de basquete, no Parque Olímpico, e o de vôlei, no Maracanãzinho. Achei tudo fantástico. As obras que deixaram os cariocas furiosos e sem paciência durante os últimos anos resultaram em vias urbanizadas e planejadas, pelo menos a princípio, transporte mais eficiente, estádios lindos, organização eficaz e voluntários solícitos.

RACHEL5TORCER É DIFERENTE DE VAIAR: PRECISAMOS DE MAIS CIVILIDADE

Mas, infelizmente, nem tudo é perfeito. Em meio ao clima alegre e festivo que tomou conta dos estádios, uma situação em particular saltou aos olhos do mundo: o comportamento da torcida brasileira diante dos adversários. Alguém consegue explicar para que tantas vaias? Meu Deus! Fiquei horrorizada! Achei uma falta de educação. Achei feio. Em uma festa tão linda, com atletas de ponta que devem ser somente admirados, incentivados e celebrados, só as palmas deveriam ter lugar.

Muita gente sequer imagina o que um atleta passa até chegar a conquistar um lugar numa Olimpíada. Fiquei pensando se deveria chamar a atenção das pessoas que estavam a minha volta ou fazer algum comentário que elas pudessem ouvir, mas deixei pra lá… E apenas batia palmas para os dois times que eu estava assistindo. Será que eu estava sendo chata?

RACHEL nytMANCHETE NO NYT: TORCIDA BRASILEIRA NÃO TEM ETIQUETA ESPORTIVA

A resposta para a minha dúvida viria logo no dia seguinte. Ao acordar, tive uma bela surpresa. Todos os jornais brasileiros e internacionais estavam apontando a mesma falta de educação que eu havia presenciado e que tanto me incomodara. Compartilhei uma dessas notícias na minha fan page e percebi, pelos compartilhamentos e comentários, que eu não estava sozinha. Me senti bem, eu não estava sendo chata afinal. Muitas pessoas se incomodaram e pensam igual a mim. Graças a Deus! Nem tudo está perdido!

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Será que a vaia é mesmo necessária para demonstrar o quanto você quer que seu time ou atleta preferido ganhe? Que ideia será que os brasileiros estão passando para o mundo? De população alegre e receptiva ou de anfitriões com falta de educação e de respeito? Parece que não aprendemos ainda que não é com vaias que se recebe um convidado para participar da sua festa. Andei lendo que em algumas arenas o comportamento que tanta vergonha me causou já está diminuindo. Tomara que até o encerramento das competições a gente consiga virar esse jogo e demonstrar para todos os atletas, até mesmo os adversários, reações de carinho e admiração como as que receberam os geniais Usain Bolt e Michael Phelps.

RACHEL2PRA TER EM MENTE NAS ARQUIBANCADAS: ADVERSÁRIO NÃO É INIMIGO

Voltando aos comentários postados na minha página sobre o assunto, um em especial me chamou atenção. O que dizia que no Brasil muitas pessoas não entendem que, para ser a favor de um a gente não precisa, necessariamente, ser contra outro. E que adversário é diferente de inimigo.

É a mais pura verdade. Em um mundo cheio de homofobia, xenofobia, racismo, dentre tantos outros preconceitos, que o esporte nos traga o verdadeiro espírito de confraternização e respeito. Vamos lá pessoal, menos vaias e mais expressões de afeto com todos. Afinal, é a nossa imagem que está em jogo.

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Rachel Jordan

Rachel Jordan

Consultora de Imagem, Rachel Jordan é especializada em Comportamento, Moda, Etiqueta Social e Corporativa, Dress Code e formada em Protocolos Internacionais pela renomada The Protocol School of Washington. Referência em seu segmento, a consultora é palestrante e instrutora. Executa um trabalho estratégico e personalizado para empresas e pessoas que desejem melhorar sua imagem pessoal e profissional com o objetivo de se reposicionar na carreira ou se colocar de forma mais adequada nas diferentes situações do cotidiano. O olhar diferenciado, observador, sensível e profissional de Rachel Jordan é potencializado também por sua formação como artista plástica. Membro da Association of Image Consultants Internacional (AICI), tem especializações em História da Moda, Consultoria de Imagem, Produção de Moda, Comportamento, Etiqueta Social e Corporativa, Análise Cromática. Rachel Jordan estreia este mês (janeiro 2016) como colunista de moda, etiqueta e comportamento do site Mariana Kalil (marianakalil.com.br).

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