Se um dia eu tiver a honra de sentar na cadeira de entrevistada da Marília Gabriela, e ela me perguntar qual é um dos maiores prazeres que tenho na vida, sabe o que eu vou responder? “Sair para jantar”.
O QUE PRECISAMENTE VOCÊ GOSTA DE COMER, MARIANA?
Olha, Marília… Gosto de tudo. Sou parceira para um boteco, com chope de boteco e petisco de boteco, como também sou parceira para um três estrelas Michelin, com menu de cinco pratos, vinho fino e guardanapo de pano no colo.
Jantar fora é um programão, escolher o lugar é um programão, chamar os amigos para sentar à mesa é um programão, não ter hora para ir embora é um programão. Em qualquer lugar do mundo, de Paris ao Chuí.
TU DÁ TAPA NA GENTE E NA MESA O TEMPO TODO
Vocês dois estão bastante enganados. Eu não odeio almoçar milanesa com papas no Chuí. O que eu odeio são as moscas do Chuí, que ficam pousando no nariz de vocês, no meu prato, no meu garfo, na minha boca e na beira do meu copo. Elas, sim, transformam meu almoço em uma sucursal do inferno.
Estava falando do programão que é jantar fora – e foi pesquisando sobre o tema que encontrei uma notícia muito curiosa. Proprietários de muitos restaurantes, sobretudo em grandes centros, costumam contratar consultores para o desenvolvimento de cardápios mais atraentes e que… Nos fazem gastar mais!!
Surpresa, Hillary? Eu também. Escuta esta: consultores ensinam a evitar símbolos monetários nos cardápios. De acordo com o estudo realizado pela Cornell University School of Hotel Administration, menus com símbolos relacionados ao dólar vendem menos do que cardápios sem “$” ou algo do tipo (aqui, seria sem o R$).
Para a pesquisa, assim que o consumidor nota o símbolo, a lembrança remete ao fato de gastar dinheiro e isso faz com que ele aja com mais cuidado. Então colocar valores só com os algarismos e sem o R$ no cardápio é uma forma de diminuir a cautela com que interpretamos o preço do prato. Outra: descrever a comida aumenta o número de vendas. Um menu descritivo sempre anima o consumidor, afirma pesquisa da Cornell University. Menus com pratos explicados de maneira até levemente romântica (sabor frutado, textura delicada e suave etc) vendem 27% a mais do que menus comuns, diz o resultado do estudo da Universidade de Illinois.
Juro. Outra curiosidade: consumidores ligam comida à família. Gostam quando os nomes dos estabelecimentos têm ligações familiares. Com esse tipo de conexão com o cliente, a meta dos restaurantes é apelar para a nostalgia. Daí entende-se muito restaurantes e cantinas que atendem por Macarronada da Mama, Filé do Tio. Mais uma? Itens extremamente caros chamam a atenção para os mais baratos. De acordo com o pesquisador Greg Rapp, a ideia é fazer com que você não compre o caro, mas crie razões para levar o “baratinho”. Segundo artigo da New York Magazine, a única função de um prato com valor de três dígitos no cardápio é dar a impressão de que todo o resto é uma grande barganha – mesmo que não seja.
CONTA A HISTÓRIA DA LEITURA, MARIANA!
Consultores de cardápios analisam os nossos padrões de leitura, os chamados scanpaths – pontos onde as pessoas fixam os olhos para ler. De acordo com um estudo coreano, um terço dos comensais está suscetível a pedir o que lhe chamou a atenção de primeira. Por isso, restaurantes colocam os itens mais caros no canto superior esquerdo, já que é o caminho natural tomado pela nossa vista. Para terminar: eles indicam criar um clima para gastar. De acordo com um estudo da Universidade de Leicester, tocar música clássica em um restaurante pode encorajar o cliente a gastar mais. No entanto, música pop faz com que pessoas gastem 10% a menos.
AINDA É UM PROGRAMÃO JANTAR FORA?