As sardinhas da discórdia

Sábado passado, abri o congelador e lembrei que tinha comprado um saco com umas 15 sardinhas congeladas. Minha ideia era um-dia-sei-lá-quando viajar a Portugal na cozinha de casa a fazer sardinhas no forno. Elas ficariam bem crocantes, e eu comeria com um limãozinho, sal grosso e uma cervejinha bem gelada na varanda de casa. Pois sábado passado havia chegado esse dia.

– Temos sardinhas congeladas pra fazer no forno! – exclamei, feliz da vida, para meu marido.

– Huuuummm – ele respondeu, sem tirar os olhos do jornal.

– Elas não têm cabeça, estão limpinhas, colocamos no forno elétrico, vão ficar crocantes e comemos com limão e sal grosso.

– Huuummmm – ele não tirava os olhos do jonal.

“Tenho um problema…Acho que não estou sendo muito convincente”, pensei.

–  Tu não gosta de sardinhas? Não queria ir ao Calamares comer sardinhas? Pois podemos fazer em casa! – insisti.

– Sardinha, Mariana querida, a gente come na rua. Tu tem ideia do fedor de sardinha que tu vai deixar o apartamento durante todo o fim de semana?

– Impossível – respondi. – Vou enrolar cada sardinha em papel alumínio. Nós cansamos de fazer peixe no forno enrolado com papel alumínio e nunca fica cheiro, não é verdade.

– Sim, é verdade. Mas estamos falando de sardinhas.

– Deixa pra mim!

Eu tinha comprado a bronca. E agora teria que fazer as sardinhas congeladas ficarem crocantes e sem feder todo o apartamento. O desafio estava lançado.

Abri o saco, tirei duas sardinhas, enrolei no papel alumínio, coloquei um fiozinho de azeite de oliva pra não grudar e coloquei no forno. O ideal é que elas estivessem descongeladas. Mas não havia tempo.

– Se for colocar sardinha congelada no forno, ao menos coloca no fogo baixo até descongelar. Senão vai ficar uma água só – gritou ele da varanda.

Uuups, hahahahaha!! Eu tinha colocado no fogo altíssimo! Tirei correndo e segui a dica.

E lá ficaram as sardinhas uns 20 minutos até descongelarem. Uma vez descongeladas, aumentei o forno. A função toda levou uns 40 minutos. E começou um leeeeeve cheiro de sardinha, mas nada de horror. Cheirinho bom, daqueles de abrir o apetite.

Tirei do forno, desenrolei o papel alumínio, coloquei uma sardinha sem cabeça em cada prato, cortei dois limões, servi lindamente na mesa. Ficou mais ou menos assim.

Menos tostadinha, devo confessar, porque o ideal seria ter feito na brasa, mas daí já viu a fedentina… E o divórcio.

– Está pronto!! – avisei.

E sentamos para comer.

E ficamos mais uns 40 minutos tentando comer as sardinhas sem nos espetarmos com as espinhas. Haaaaaaahahahaha!!!

Chico, coitado, não querendo ser um estraga prazeres, comia mudo aquela sardinha, lambuzava as mãos nas espinhas, lambuzava o copo de cerveja, se engasgava com uma outra espinha.

– Tá péssimo, né? – dei a mão à palmatória.

– Tá ótimo, mas sardinha é bom em restaurante. E agora me deu fome.

Prevendo que tinha feito uma indiada e que o resto das sardinhas ia apodrecer no congelador, fui atrás de uma receita com sardinhas para dar para a super Rosa fazer. Receita legítina portuguesa que acho que deve ficar incrível! Encontrei neste blog português que gosto muito. Precisamos de:


Sardinhas
Azeite
Cebolas às rodelas
Alho picado
Louro
Vinagre
Vinho branco
Sal e pimenta

E se interessar, a receita está AQUI!

Compartilhar
Mari Kalil

Mari Kalil

Sou escritora, jornalista, colunista da Band TV e Band News FM e autora dos livros "Peregrina de araque", "Vida peregrina" e "Tudo tem uma primeira vez". Sou gaúcha, nasci em Porto Alegre, vivo em Porto Alegre, mas com os olhos voltados para o mundo. Já morei em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Barcelona. Já fui repórter, editora, colunista. Trabalhei nos jornais Zero Hora, O Estado de S.Paulo e Jornal do Brasil; nas revistas Época e IstoÉ e fui correspondente da BBC na Espanha, onde cursei pós-graduação em roteiro, edição e direção de cinema na Escuela Superior de Imagen y Diseño de Barcelona. O blog Mari Kalil Por Aí é direcionado a todas as mulheres que, como eu, querem descomplicar a vida e ficar por dentro de tudo aquilo que possa trazer bem-estar, felicidade e paz interior. É para se divertir, para entender de moda, de beleza, para conhecer lugares, deliciar-se com boa gastronomia, mas, acima de tudo, para valorizar as pequenas grandes coisas que estão disponíveis ao redor: as coisas simples e boas.

Sem comentários ainda.
  1. Tem dias que queremos ser o máximo ( como a Mulher Maravilha), mas quando não é nossa praia, desista.
    Acredito as sardinhas tenham ficado boas, mas a experiência pelo que entendi não foi muito aprovada.
    Não vou comprar Sardinhas congeladas. valeu a dica!
    bjs

  2. Tem dias que queremos ser o máximo ( como a Mulher Maravilha), mas quando não é nossa praia, desista.
    Acredito as sardinhas tenham ficado boas, mas a experiência pelo que entendi não foi muito aprovada.
    Não vou comprar Sardinhas congeladas. valeu a dica!
    bjs

  3. Possivelmente vc não vai arriscar assar sardinhas de novo, mas lá vai o segredo;
    para não deixar cheiro,coloque agua para fever com canela em pó, enquanto assa as sardinhas.Essa dica vale p qualquer tipo de fritura.

  4. Possivelmente vc não vai arriscar assar sardinhas de novo, mas lá vai o segredo;
    para não deixar cheiro,coloque agua para fever com canela em pó, enquanto assa as sardinhas.Essa dica vale p qualquer tipo de fritura.

Deixar uma resposta Cancelar Resposta

Seu endereço de email não será publicado

Utilize as tags HTML : <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>

Facebook

InstagramInstagram has returned invalid data.