Eu não acredito que um dia homens e mulheres terão funções domésticas iguais. Me refiro ao gerenciamento da casa e dos filhos. As mulheres já ganharam muito nesse sentido ao longo dos anos. Não podem mais se queixar como antigamente. Mas igualdade? Esqueça. Jamais.
NÃO, NÃO NÃO
Não é que eu seja descrente, mas acredito que seja parte da natureza humana alguns trabalhos e tarefas que já estão tão intrincados na nossa cultura que dificilmente passarão por uma transformação. Refletia sobre isso dia desses quando deparei com um artigo de Cynthia de Almeida, jornalista e estudiosa do comportamento feminino.
MUITO PRAZER, SOU CYNTHIA!
Cynthia contava que conversava com uma amiga sobre lugares inspiradores para trabalhar em casa e esta amiga revelou passar um longo tempo trancada no banheiro.
DOR DE BARRIGA?
NÃO, TRABALHO MESMO…
HÃ?
EXPLICA MELHOR, MARIANA!
Conversa daqui, conversa dali, Cynthia identificou que não apenas sua amiga, mas as colegas dela e as colegas das colegas (e se bobear muitas mulheres por esse Brasil afora) que são executivas, com jornadas de 10 a 12 horas por dia, tem levado trabalho não só para casa. Mas para dentro do banheiro.
OI, ESCRITÓRIO!
Prolongam o expediente trancafiadas no banheiro na companhia de todos os aparatos tecnológicos necessários. A questão mais alarmante é que não é a privacidade que elas buscam. É do marido que elas fogem. Diz Cynthia: “Fico sabendo que, às mulheres que trabalham muito (ou em proporção igual à dos homens), é vedado pelo parceiro levar trabalho para casa sob pena de discussões, cara feia e acréscimo injusto à carga de culpa que costumam carregar por ‘descuidarem’ de seu terceiro turno diário”.
FALA SÉRIO, MARIANA!?
Justamente porque se esforçam para sair cedo do trabalho a tempo de jantar com a família, essas mulheres têm optado por permanecer conectadas dentro do banheiro a fim de terminar o expediente depois que os filhos foram dormir e o marido ganhou a atenção devida.
MACHISTAS
Pergunte a uma mulher o que falta em sua vida. Algumas poderão responder bens materiais, outras afeto. Mas sou capaz de arriscar que 9 entre 10 dirão: falta tempo. O gerenciamento do tempo é um dos grandes desafios femininos deste século e uma das maiores armadilhas para o sucesso profissional. “Costuma-se atribuir à maternidade o principal obstáculo a crescimento”, observa Cynthia. “De acordo com o senso comum, elas têm a ascensão prejudicada porque saem do jogo em prol dos filhos”. Sem parar para pensar muito, posso dizer que encho uma mão de mulheres que se enquadram nessa categoria.
UM, DOIS, TRÊS, QUATRO, CINCO
Outras tantas mantêm dupla jornada (mãe + profissional), mas arcam com um custo alto e um sacrifício muito maior. São elas que, ao fim e ao cabo, devem deixar a reunião para levar os filhos ao dentista, participar da reunião da escola etc. Segundo recente pesquisa da Harvard Business School, nos Estados Unidos, os maridos não fazem quase nada disso. A carreira é prioridade número 1.
ENTENDIDO?
Conclui Cynthia: “Embora acreditem que têm os mesmos direitos e ambições em relação à profissão, elas assumem para si o que ficou estipulado culturalmente: a administração doméstica, os filhos incluídos, é prioritariamente delas. Se não conseguem conciliar tudo perfeitamente a tempo e precisam levar o trabalho para casa, pedem licença e correm para o banheiro”.
NORMAL
MACHISTA