No post anterior, Sauvignon Blanc, o vinho jovem e fresco que tem o espírito do verão, apresentei algumas dicas de vinhos brancos brasileiros elaborados com a uva Sauvignon Blanc. Hoje, quero dividir com vocês um pouco sobre vinho branco italiano, a partir de uma viagem que fiz recentemente para a Itália.
A Itália tem uma diversificação enorme quando o assunto é vinho. E há centenas de microrregiões vinícolas. Uma delas é bem famosa por lá pela qualidade dos vinhos brancos. Chama-se Collio. Está localizada no Friulli, nordeste daquele país, na fronteira com a Eslovênia.
REGIÃO DO COLLIO, NO NORDESTE DA ITÁLIA: EXCELÊNCIA EM VINHOS BRANCOS
Entre as principais variedades cultivadas no Collio (cuja denominação de origem é datada de 1968) estão Malvasia, Ribolla e Friulano (o mais famoso e que, até o final de 2007, era conhecido como Tocai Friulano) ao lado de um universo de variedades internacionais, com destaque para o Pinot Grigio. Hoje, cerca de 28% do território é destinado para o plantio desta variedade.
PINOT GRIGIO: VARIEDADE INTERNACIONAL DA REGIÃO
Outras cepas, como Chardonnay, Müller Thurgau, Riesling e Sauvignon Branc, também são cultivadas. O vinho que apresenta a expressão do território é o Collio Bianco, elaborado num blend com as uvas Ribolla, Malvasia e Friulano. Estima-se que quase 85% dos vinhos do Collio sejam brancos. No entanto, há também excelentes tintos, como Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon e Merlot.
CABERNET FRANC: UMA DAS RARAS VARIEDADES TINTAS DO COLLIO
A área DOC Collio se estende por uma superfície de 1,5 mil hectares localizados em oito dos 25 municípios que fazem parte da província de Gorizia. São eles: Capriva, Cormòns, Dolegna del Collio, Farra d’Isonzo, Gorizia, Mossa, San Floriano del Collio e San Lorenzo Isontino. São cerca de 300 produtores de uvas e vinhos, cada qual com quatro hectares cada, em média. No Brasil, o vinho desta região começa a ganhar espaço, sendo que alguns importadores já revendem rótulos. Porém, o valor desses brancos ainda é bem alto.
Variedades autóctonas (nativa na região) do Collio:
Malvasia
Cultivada há séculos no Collio, onde encontrou seu habitat ideal. É uma variedade caracterizada por um amarelo palha claro, com reflexos esverdeados e perfumes de frutas exóticas. No paladar é fresco, vivaz e tem um bom corpo.
VINHO DA VARIEDADE RIBOLLA GIALLA: PERFUME INTENSO E COLORAÇÃO DOURADA
Ribolla Gialla
Variedade autóctona mais antiga da região, tendo centenas de anos. Os primeiros documentos que atestam o cultivo dessa cepa são do ano de 1300. Sua coloração é amarelo dourado e seus perfumes são intensos e elegantes. Pode ser vinificada também em carvalho.
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Friulano
Um dos mais famosos e renomados vinhos desta região. Até 2007 o friulano era conhecido com Tocai Friulano. Precisou mudar de nome devido a legislações. Sua cor é amarelo com reflexos verdes e uma aroma fresco vegetal. O sabor enche a boca, seu corpo é harmônico. No Collio, este vinho é usado como aperitivo.
PICOLIT: PERFEITA PARA A CRIAÇÃO DE VINHOS DE SOBREMESA
Picolit
É um vinho nobre e raro. Sua coloração é amarela com reflexos dourados intensos. Seu perfume lembra flores de campo e mel. Na boca, é doce e aveludado. É perfeito como um vinho de sobremesa.
VILLA RUSSIZ, VINHO E TRABALHO SOCIAL
Durante minha visita, uma vinícola em especial chamou muito a minha atenção pela história. Chama-se Villa Russiz. É uma das mais antigas e importantes vinícolas do Friulli. Fundada em 1868 pelo conde francês Teodoro de La Tour, um dos pioneiros a descobrir a qualidade do terroir para elaboração de vinhos, tem uma adega subterrânea construída em 1889.
ELVINE RITTER, A FUNDADORA DA INSTITUIÇÃO
A vinícola também é reconhecida pelo trabalho social que realiza, já que no prédio também funciona uma casa de acolhimento para crianças abandonadas ou que sofrem maus tratos. A instituição foi criada pela esposa do conde, a austríaca Elvine Ritter, logo após a morte do marido, em 1894. Como não teve filhos, resolveu dedicar-se às crianças e à população carente.
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Após seu falecimento, a instituição foi gerenciada por uma freira e hoje conta com a ajuda de congregações religiosas, regidas por um conselho administrativo, que é incumbido pela administração das atividades no vinhedo e da vinícola. Os recursos obtidos com o vinho são destinados para manter o instituto. Com o trabalho e dedicação de todos, a Villa Russiz tem conquistado diversos prêmios importantes da enologia italiana.