De Kuduro a Rolling Stones

E foi então que aconteceu. Depois de algumas noites tranquilas e adormecidas, enfim, aconteceu.
Tive INSÔNIA de novo.

VISÃO DO INFERNO

Devo confessar que, desta vez, não fiquei tão abalada pela insônia em si. Mas pelo motivo da insônia: o Latino.

HÃ??!!
O CANTOR LATINO???!!!

Sim, o cantor Latino.
Agora me diz se um pobre bicho feito eu, como diz minha amiga Alemoa, que trabalha de sol a sol, chega em casa cansada e só quer repousar no sossego do seu lar merece ter insônia por causa do Latino?

ME DIZ!!!!????

Pior do que ter insônia e acordar de madrugada por causa do Latino só o pesadelo que tive com o Latino. Eu sonhei que o Latino tinha morrido. E que os familiares queriam velar e enterrar o Latino em âmbito privado, sem a presença dos fãs. E que eu me revoltei e encabecei o movimento “Queremos velar o Latino”. E confeccionei bandeiras, entreguei abaixo-assinado de porta em porta, fui na TV angariar seguidores para o movimento “Queremos velar o Latino ao som de Kuduro”.

HÃ?!!
TU QUERIA DANÇAR KUDURO NO VELÓRIO DO LATINO?


SIM, EU QUERIA DANÇAR KUDURO AO REDOR DO CAIXÃO DO LATINO

Agora me diz: isso é sonho que se tenha uma pessoa em pleno domínio de suas faculdades mentais? Quando eu digo que ando transtornada pela demora da entrega do meu TRAVESSEIRO AVESTRUZ, ninguém acredita. Pois comecem a acreditar. O que aconteceu logo em seguida ao meu despertar? Primeiro, quis cortar meus pulsos pelo motivo do despertar. Em seguida, achei que dar uma volta pela casa seria a melhor opção em vez de ficar rolando de um lado a outro da cama pensando em como seria a minha performance ao redor do caixão do Latino.

Só que, DE NOVO, o Bento armou a pegadinha de dormir ao meu lado – e não na cama dele.
E o que acontece quando a dona de um Lhasa Apso pisa no rabo do próprio Lhasa Apso sem querer na calada da noite?

BENTO = TUBARÃO
MARIANA = FOCA

Com o pé mordido e o Kuduro na cabeça, pensei em me jogar de cabeça do terceiro andar. Mas resolvi ligar a tevê. E zapeando encontrei no canal Bis um documentário sensacional sobre os Rolling Stones, Shine a Light. A produção é de 2008, antiga portanto. Mas eu ainda não tinha visto. E parei pra assistir. E digo: nunca fui muito ligada a Rolling Stones, mas recomendo a aquisição desse DVD.

UM ÓTIMO PRESENTE ATRASADO DE NATAL

Diferentemente do Humberto Gessinger, não gosto de Beatles e nunca dei muita bola para Rolling Stones. Algumas pessoas já me disseram que eu deveria falar isso em voz bem baixinha, de preferência nem falar, já que todo mundo no planeta Terra (e talvez em outros planetas também) precisa gostar ou de Beatles, ou de Rolling Stones. Ou melhor ainda: dos dois.

CASO CONTRÁRIO, PODE SER VÍTIMA DE APEDREJAMENTO

O problema é que eu não só falei que não gostava de Beatles, certa ocasião, como escrevi (como podem ver AQUI).
E a confusão estava armada.

WE ALL LIVE IN A YELLOW SUBMARINE
YELLOW SUBMARINE, YELLOW SUBMARINE
WE ALL LIVE IN A YELLOW SUBMARINE
YELLOW SUBMARINE, YELLOW SUBMARINE

Acho Beatles quase bobo. Acho que só comprarei algo dos Beatles quando tiver filhos pra cantar com eles – e olhe lá.
Pior que Yellow Submarine, Yellow Submarine só o Leãozinho e o Caetano Veloso.

GOSTO MUITO DE TE VER, LEÃOZINHO
CAMINHANDO SOB O SOL
GOSTO MUTO DE VOCÊ, LEÃOZINHO

O documentário Shine a Light mudou meu conceito completamente a respeito dos Rolling Stones. Os críticos musicais devem pensar “mas em que mundo viveu até hoje esta débil mental que ainda não tinha visto Shine a Light?”. Pois é, eu ainda não tinha visto Shine a Light. Ainda bem que consegui ver antes que o mundo acabe, na semana que vem. O mais próximo que eu havia chegado dos Rolling Stones havia sido em 2006 num show que eles fizeram na Praia de Copacabana – e que eu fui arrastada pelas minhas amigas, já que eu morava no Rio e “não tinha cabimento não ir ao show dos Rolling Stones”.

TU VOLTOU PRA CASA CHORANDO, LEMBRA?

Sim, voltei pra casa chorando. Além de não conseguir ver nada, pois fui parar lá no Leme e mal enxergava o telão, levei um copo de xixi na cabeça, roubaram o celular do meu bolso, fui arrastada pela multidão a ponto de meus pés levantarem do chão e passei a odiar Rolling Stones com todas as minhas forças. Até assistir Shine a Light esta madrugada. Fiquei com uma vontade incrível de ler Life, a biografia do Keith Richards, que dei de presente de amigo secreto para meu cunhado, dois anos atrás.

Tem uma parte do documentário em que os coitados dos Rolling Stones são submetidos a perguntas imbecis de jornalistas. Sim, alguns jornalistas adoram fazer perguntas imbecis, tipo uma que presenciei uma vez com a Fernanda Montenegro. Ela tinha vindo a Porto Alegre apresentar um espetáculo, e o assessor de imprensa disse a um repórter:

– Você tem 5 minutos com ela.
E sabe o que ele perguntou?
– Eu gostaria que a senhora contasse como começou sua trajetória de atriz?

MANDRAKE!
Fernanda Montenegro congelou

E eu dei meia volta para pegar um café de tão constrangida que fiquei.
Lembrei desses episódio diante da pergunta de uma repórter para o Keith Richards no documentário.

– Qual é a primeira coisa que você faz antes de subir ao palco?

EU ACORDO

HAAAAAAAAAAHAHAHAHHAHAAHAHAHAHA!!

E outra que uma repórter japonesa, toda certinha como são as japonesas, fez para o Mick Jagger, no alto dos seus 40 e tantos anos, enquanto ele segurava uma taça de vinho.

– Quantos anos você tem?
– Vinte e nove – ele respondeu.
– Eu também! Hihihihihihihi.
E ele olha pra câmera, bebe o vinho de uma tacada só e solta aquela gargalhada.

HAAAAHAHAHAHHAHAHAHAA!!!!

Mas por que estou falando tudo isso? Porque eu vi como a gente se engana com algumas bandas e artistas simplesmente porque só temos a opção de assisti-los em lugares em que eles não deveriam se apresentar, tipo Madonna no Olímpico e Rolling Stones na Praia de Copacabana. Madonna é um espetáculo de Broadway, que deveria ficar meses em cartaz em um lindo e belo teatro para que a gente pudesse ter uma ampla visão do palco – e não esmigalhado num estádio com 4 horas de atraso.

O que a senhora fez foi muto feio, viu dona Madonna?
E eu avisei! Não digam que não avisei!

 

E Rolling Stones é um show para ser visto em um teatro, como o Beacon Theater, em NY, retratado no documentário, e não no meio do xixi de todo mundo nas areias da praia de Copacabana. Nem que se cobre muito, muito mais por isso. Porque daí, sim, o preço do ingresso cobrado terá valido a pena.

OLHA QUANTA DIFERENÇA

E o melhor de tudo!

Fui dormir esquecendo que o Latino existia

 

 

 

 

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Mari Kalil

Mari Kalil

Sou escritora, jornalista, colunista da Band TV e Band News FM e autora dos livros "Peregrina de araque", "Vida peregrina" e "Tudo tem uma primeira vez". Sou gaúcha, nasci em Porto Alegre, vivo em Porto Alegre, mas com os olhos voltados para o mundo. Já morei em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Barcelona. Já fui repórter, editora, colunista. Trabalhei nos jornais Zero Hora, O Estado de S.Paulo e Jornal do Brasil; nas revistas Época e IstoÉ e fui correspondente da BBC na Espanha, onde cursei pós-graduação em roteiro, edição e direção de cinema na Escuela Superior de Imagen y Diseño de Barcelona. O blog Mari Kalil Por Aí é direcionado a todas as mulheres que, como eu, querem descomplicar a vida e ficar por dentro de tudo aquilo que possa trazer bem-estar, felicidade e paz interior. É para se divertir, para entender de moda, de beleza, para conhecer lugares, deliciar-se com boa gastronomia, mas, acima de tudo, para valorizar as pequenas grandes coisas que estão disponíveis ao redor: as coisas simples e boas.

28 Comentários
  1. Mari, tbém não sou fã de Beatles e Rolling Stones, e quando falo as pessoas ficam chocadas hehehehe mas que posso fazer se prefiro Dieguito Torres???hahahahahaha…cadum, cadum!!!Mas ontem quando assisti o programa me dei conta de uma coisa que gosto nos Rolling Stones: ver o Mick Jagger dançando no palco!!!É demais!!!!Lumbriga dançante!!!!A-d-o-r-e-i!!!!Mas o show deles confesso que não faço questão nenhuma de assistir!!!!Mudando de assunto: presentes comprados p domingo!!!Iupiiiiiiiiiiiii!!!!!!!!!!!!!!!!!!!hehehehehehe…

  2. Mari, tbém não sou fã de Beatles e Rolling Stones, e quando falo as pessoas ficam chocadas hehehehe mas que posso fazer se prefiro Dieguito Torres???hahahahahaha…cadum, cadum!!!Mas ontem quando assisti o programa me dei conta de uma coisa que gosto nos Rolling Stones: ver o Mick Jagger dançando no palco!!!É demais!!!!Lumbriga dançante!!!!A-d-o-r-e-i!!!!Mas o show deles confesso que não faço questão nenhuma de assistir!!!!Mudando de assunto: presentes comprados p domingo!!!Iupiiiiiiiiiiiii!!!!!!!!!!!!!!!!!!!hehehehehehe…

  3. Mari, fiquei imaginando a cena, você e nós, suas fiéis leitoras, todas dançando kuduro em volta do caixão do latino, mto cômico!!! rsrsrs
    Bjo!

  4. Mari, fiquei imaginando a cena, você e nós, suas fiéis leitoras, todas dançando kuduro em volta do caixão do latino, mto cômico!!! rsrsrs
    Bjo!

  5. Olá MK, adoro seus textos, leves, diretos e com um bom humor, críticos e as vezes, e na maioria das vezes sarcásticos, são ótimos. Compartilho com você, no auge dos meus 41,
    também não era um fã dos stones, sempre achei o U2 mais band, mas o stone tem seu charme, é um som de praia, curtição. Hoje sempre passo para ler uma nota sua, e o que me fez te conhecer, aqui, foi quando postou o livro da tua amiga/colega de ZH Cláuda Tajes ” A Vida Sexual da Mulher Feia “, que li e tbm admirei. Para terminar, sei que em breve fará 40, então é assim, quando fizemos 20 “achamos” que somos e quando fizemos 40 já “somos”. Grande beijo, Marcos

  6. Olá MK, adoro seus textos, leves, diretos e com um bom humor, críticos e as vezes, e na maioria das vezes sarcásticos, são ótimos. Compartilho com você, no auge dos meus 41,
    também não era um fã dos stones, sempre achei o U2 mais band, mas o stone tem seu charme, é um som de praia, curtição. Hoje sempre passo para ler uma nota sua, e o que me fez te conhecer, aqui, foi quando postou o livro da tua amiga/colega de ZH Cláuda Tajes ” A Vida Sexual da Mulher Feia “, que li e tbm admirei. Para terminar, sei que em breve fará 40, então é assim, quando fizemos 20 “achamos” que somos e quando fizemos 40 já “somos”. Grande beijo, Marcos

  7. Fiquei babando de vontade de ler o livro e rindo a beça com o sonho do Latino. Adoro saber que não sou a única a ter sonhos bizarríssimos envolvendo celebridades nada a ver.
    Beijos!!

  8. Fiquei babando de vontade de ler o livro e rindo a beça com o sonho do Latino. Adoro saber que não sou a única a ter sonhos bizarríssimos envolvendo celebridades nada a ver.
    Beijos!!

  9. Vamos por partes, como diria Jack. Sonhar com o Latino, ainda que morto, realmente é um pesadelo. A única função social do cara é revelar aquelas mulheres pujantes, digamos assim, com seios enormes de silicone e coxas da grossura de uma palmeira da independência, para a alegria do macharedo (Pergunte ao Potter).
    Quanto aos Beatles e Rolling Stones, gosto não se discute. Eu sou fã dos dois, mas gosto mesmo é de Led Zeppelin. Conheço esse show/documentário dos Stones. É realmente muito bom. O velho Scorsese não perde a mão. Quanto ao show ser velho, bom. Para ti, Mari, que estás no auge e vigor dos teus dezenove aninhos, pode ser. Mas para mim, com 47 primaveras, o ano de 2008 foi há quinze minutos. Grande abraço.

  10. Vamos por partes, como diria Jack. Sonhar com o Latino, ainda que morto, realmente é um pesadelo. A única função social do cara é revelar aquelas mulheres pujantes, digamos assim, com seios enormes de silicone e coxas da grossura de uma palmeira da independência, para a alegria do macharedo (Pergunte ao Potter).
    Quanto aos Beatles e Rolling Stones, gosto não se discute. Eu sou fã dos dois, mas gosto mesmo é de Led Zeppelin. Conheço esse show/documentário dos Stones. É realmente muito bom. O velho Scorsese não perde a mão. Quanto ao show ser velho, bom. Para ti, Mari, que estás no auge e vigor dos teus dezenove aninhos, pode ser. Mas para mim, com 47 primaveras, o ano de 2008 foi há quinze minutos. Grande abraço.

  11. Sensacional o texto Mariana!

    É realmente preocupante ter insônia por causa desse copiador. É um pouco parecido com o que os apreciadores de Rock, de Blues, de Jazz, boggie-woggie e derivados fazem (falo daqueles que moram nesse país onde a cultura existe mas pouco exposta por veículos que têm poder de mudar acredito eu o caminho das pessoas). Quero dizer, é chato e terrível a sensação de todos os dias as mesmas músicas chatas, repetitivas, sem fundamento algum estarem tocando pelas rádios ou por uns que obrigam os outros a ouvir tal babaquice sem tamanho (aqueles que ouvem som alto e que vão na onda dos outros). Pois bem, depois de ter que ouvir toda essa “maravilha brasileira”, se chega em casa e desentope os ouvidos ao som de quem se gosta de ouvir (meu caso é Clapton, Nat K. Cole, Ray Charles). Lendo sua brilhante colocação e engraçada situação lembrei do “sofrimento” que é ser um músico e ter que aguentar tamanha babaquice e caretice mostrada como se fosse uma grande coisa. Quando se quer esquecer dessas coisas ruins (claro, música ruim parece que gruda, por isso tem que agir rápido) logo a distração é simples, algo que você gosta de ouvir, ler ou ver ou algo que você gostaria de ouvir, ler ou ver.
    Dica de música: natalia lafourcade – Si No Pueden Querer Te
    Dica de livro: O Guardião de Memórias – Kim Edwards

    uOu!

  12. Sensacional o texto Mariana!

    É realmente preocupante ter insônia por causa desse copiador. É um pouco parecido com o que os apreciadores de Rock, de Blues, de Jazz, boggie-woggie e derivados fazem (falo daqueles que moram nesse país onde a cultura existe mas pouco exposta por veículos que têm poder de mudar acredito eu o caminho das pessoas). Quero dizer, é chato e terrível a sensação de todos os dias as mesmas músicas chatas, repetitivas, sem fundamento algum estarem tocando pelas rádios ou por uns que obrigam os outros a ouvir tal babaquice sem tamanho (aqueles que ouvem som alto e que vão na onda dos outros). Pois bem, depois de ter que ouvir toda essa “maravilha brasileira”, se chega em casa e desentope os ouvidos ao som de quem se gosta de ouvir (meu caso é Clapton, Nat K. Cole, Ray Charles). Lendo sua brilhante colocação e engraçada situação lembrei do “sofrimento” que é ser um músico e ter que aguentar tamanha babaquice e caretice mostrada como se fosse uma grande coisa. Quando se quer esquecer dessas coisas ruins (claro, música ruim parece que gruda, por isso tem que agir rápido) logo a distração é simples, algo que você gosta de ouvir, ler ou ver ou algo que você gostaria de ouvir, ler ou ver.
    Dica de música: natalia lafourcade – Si No Pueden Querer Te
    Dica de livro: O Guardião de Memórias – Kim Edwards

    uOu!

  13. Eu tb vi esse documentário, mas tinha posto pra gravar e tb adorei! não sou fã incondicional dos Stones, mas acho bem bacana os shows deles. Claro que vistos em casa e não no meio de uma turba de gente. Qto ao livro já li e é SEN-SA-CI – O NAL !!! Eu amo ler biografias e a mais chata de todas até agora , que eu li, foi a do Eric Clapton. Recomendo a leitura do livro do Keith Richards.
    Qto ao velório do Latino, me inclua fora dessa kkkkkk.
    Bjocas

  14. Eu tb vi esse documentário, mas tinha posto pra gravar e tb adorei! não sou fã incondicional dos Stones, mas acho bem bacana os shows deles. Claro que vistos em casa e não no meio de uma turba de gente. Qto ao livro já li e é SEN-SA-CI – O NAL !!! Eu amo ler biografias e a mais chata de todas até agora , que eu li, foi a do Eric Clapton. Recomendo a leitura do livro do Keith Richards.
    Qto ao velório do Latino, me inclua fora dessa kkkkkk.
    Bjocas

  15. Oi Mari, adoro o seu blog, me diverte muito. O link da vez que você escreveu dizendo que não gosta dos Beatles não abriu no meu computador, pode estar com algum problema.

    Abraços.

  16. Oi Mari, adoro o seu blog, me diverte muito. O link da vez que você escreveu dizendo que não gosta dos Beatles não abriu no meu computador, pode estar com algum problema.

    Abraços.

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