Depois da preguiça, a tempestade

Duvido que alguma criatura em suas plenas faculdades mentais tenha levantado sem preguiça da cama na manhã desta sexta-feira tenebrosa de feia.

EU NÃO LEVANTEI

Bento não levantou. Pelo contrário: se cobriu ainda mais quando o despertador tocou e ele percebeu que o passeio estava dos ameaçados. Já eu, um pobre bicho que não veio ao mundo a passeio, nem tive tempo de pensar se gostaria ou não de ficar dormindo mais um pouco. Saltei debaixo das cobertas como uma ninja e….

UUUUUUIIIIIIIAAAAAAAA!!!

POR ONDE COMEÇO, MEU DEUS?

Como Bento gosta de dizer, comecei pelo começo. Fui tomar me adorado café da manhã. Como não havia suco de laranja ou de uva para misturar com minha linhaça dourada e minha chia e assim criar a emulsione nossa de cada dia, tive que me contentar em misturar a linhaça e a chia no resto de mamão que restava. Foi quando olhei para o lado e vislumbrei a lista da Rosa.

PRECISO IR AO SUPER

Foi então que lembrei que a Rosa chegaria em instantes e me perguntaria sobre o fermento para fazer o bolo. Mas resolvi não perder o foco no café da manhã.

DEPOIS EU PENSO DE ONDE VOU TIRAR FERMENTO

Bastou colocar o último pedaço de mamão na boca e dar o último gole no meu café pretinho passadinho na cafeteira para o animal se apresentar.

VAMOS?

Neeeeem pensar! Está chovendo, criatura de Deus!

JÁ PAROU

Não acreditei e fui espiar. Pior é que tinha parado mesmo. Fiquei em estado de choque olhando aquele vento gelado pela janela, a calçada toda molhada e o animal estaqueado na porta.

VAMOS?

Fui quase chorando até o quarto, coloquei minhas supergalochas Crocs.

LEMBRAM?

Saímos porta afora. Tudo andava relativamente sob controle, começamos a descer e a subir as mesmas ruas de sempre quando de repente, não mais que de repente….

CABUUUUUMMMMMM!!!!

O MUNDO CAIU NA NOSSA CABEÇA

O mundo caiu na nossa cabeça. Ficamos feito dois pintos molhados sem dinheiro para pegar um táxi.

FOI HORRÍVEL

Horrível foi ter que pegar o animal ensopado no colo e sair numa corrida desesperada Castro Alves acima. Mas eu me vinguei, ah, me vinguei. Enrolei o animal numa toalha e atirei dentro do tanque do Bicho Papão.

NÃO TIVE COMO ESCAPAR DO BANHO

E assim minha sexta-feira começou toda errada. Pingando, deixei o animal no banho. Pingando adentrei o Nacional para comprar fermento. Pingando, cheguei em casa com o maldito fermento. Pingando, me joguei embaixo de um banho quente. Feito gente de novo, busquei o animal no banho. Feito gente de novo entrei na cozinha e lá estava ele, reluzindo no prato!

O BOLO!!

– Dona Mariana, não vou conseguir tirar o bolo do prato – disse a Rosa.
– Mas tem que tirar?
– É tem.
– Me diz uma coisa, Rosa. Estão me perguntando como tu fez o bolo.
– A senhora me deu a receita.
– Que receita?

ESTA!

– Ah, tinha receita junto na sacola?
– Tinha. Dá próxima vez que for ao super, a senhora compra aquelas formas próprias para bolo.
– Tá bem.
– Daí eu deixo sempre um bolinho para o fim de semana.

NÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOO

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Mari Kalil

Mari Kalil

Sou escritora, jornalista, colunista da Band TV e Band News FM e autora dos livros "Peregrina de araque", "Vida peregrina" e "Tudo tem uma primeira vez". Sou gaúcha, nasci em Porto Alegre, vivo em Porto Alegre, mas com os olhos voltados para o mundo. Já morei em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Barcelona. Já fui repórter, editora, colunista. Trabalhei nos jornais Zero Hora, O Estado de S.Paulo e Jornal do Brasil; nas revistas Época e IstoÉ e fui correspondente da BBC na Espanha, onde cursei pós-graduação em roteiro, edição e direção de cinema na Escuela Superior de Imagen y Diseño de Barcelona. O blog Mari Kalil Por Aí é direcionado a todas as mulheres que, como eu, querem descomplicar a vida e ficar por dentro de tudo aquilo que possa trazer bem-estar, felicidade e paz interior. É para se divertir, para entender de moda, de beleza, para conhecer lugares, deliciar-se com boa gastronomia, mas, acima de tudo, para valorizar as pequenas grandes coisas que estão disponíveis ao redor: as coisas simples e boas.

Sem comentários ainda.
  1. Hahahahaha,
    eu sempre rio sem parar lendo teu blog, tu é demais Mari!!!!! Me diverte nas tardes do meu trabalho, quando tenho momentos de ócio!!! O problema é que sempre que abro teu blog eu fico com vontade de comer alguma coisa, tipo uma nhá benta de frutas vermelhas, um brigadeiro, ou como hoje, um bolo de chocolate!!!

  2. Mari,

    Que querida que é a Rosa!!! Mostra ela pra gente um dia desses!!!

    Só não agora, que com essa proposta de bolo novinho todo fim de semana vai chover de gente querendo roubar ela de ti….hahahah

    Beijos e bom bolo!!!

  3. Poxa o Bento podia maneirar nestes dias gelados e chuvosos…quanto ao Bolo esta com uma cara ótima!

    mas e cobetura melhor parte cade? hehehe

  4. Mari, o encontro do Bento e Sophie foi uma graça, a paquera dos dois, ela é linda. Não contaste como foi a visita do Bento a ZH, tinhas uma reunião, ele ia tb …

  5. Mari!!!
    Não sei se tu conheces – achei até que já tinha comentado aqui – mas dá para fazer supermercado pela internet no Nacional. Não acho que resolve todos os problemas (algumas coisas eu gosto de escolher pessoalmente) mas pelo menos uma grande parte deles dá pra resolver … o site é http://www.nacional.com.br Eu não trabalho no Nacional… mas falo dele pq acho esse serviço ÓTIMO. Eles entregam em casa, dentro de uma faixa de horário que tu escolhes.
    bjs

  6. E o brabo de subir a Castro Alves com chuva é que aquela calçada (da esquerda de quem sobe a última quadra) é muiiiito escorregadia!!! Morro de medo de cair ali!!!

  7. O que todo mundo quer saber: como estava o bolo (pela cara uma delícia)? O Bento deixou um pedacinho para o domingo?
    Queria ver o animal que nem um pintinho, todo molhado…rsrsrs. Bjs.

  8. hehehe

    Lindo bolo feito com licor de choc… com a mistura da garrafa!

    XXXXXXXX

    Vcs tem mais sorte do que eu. Eu já caí tombos na Castro, Quintino, Bordini, Mariland, etc. Este é o resultado de uma equação que é uma mistura de solados vagabundos (mesmo em calçados e tênis “de marca”), pavimento inadequado – essas ladeiras deveriam ter calçadas porosas, como aquelas de “antigamente”, sabem? – e não essas pedras lisas, e, por fim, mas não menos importante, a porquice de alguns condomínios em que os funcionários fazem de conta que limpam as calçadas, mas só fazem uma enganação com a mangueira. Resultado: em dias úmidos ou de chuva cria-se uma fina camada de limo… Um desrespeito aos pedestres, aos vizinhos, a todo mundo. É, falei…

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