Meu 2017 já começou. Mais precisamente à 1h39min da madrugada de 19 para 20 de dezembro quando meu querido astrólogo afirmou ser este o horário do novo ano na minha vida. O que senti? Não sei, estava dormindo. Como acordei na manhã do dia 20? Com o interfone aos berros na cozinha. Era a síndica. Queria avisar que alguém não havia segurado o intestino na garagem do edifício e tampouco no hall de entrada do prédio. Havia cocô perto dos carros e rastros de xixi ao lado do tapete.
ESTAVA DOS APERTADOS
Assim sendo, meu 2017 começou agarrada em um balde, um pano nojento e úmido e um vidro de Veja Lavanda.
SUPER LEGAL
Estamos, Bento, Papaqui e eu, a cinco dias de embarcamos de férias para Punta del Este. Eu já avisei: não levarei Veja Lavanda para o Uruguai para limpar dejetos e incontinência urinária de cachorro sem vergonha. Ficaremos por lá alguns dias de janeiro, só nós três, escrevendo, passeando, conhecendo novos lugares, revendo antigos que amamos e reportando tudo neste querido e amado blog diário. Eu espero ter tempo para meditar, para me ouvir mais (tenho passado muito pouco tempo comigo e isso está me angustiando), para ler, para inspirar, para expirar, para caminhar, andar de bicicleta, comer frutos do mar, beber vinho gelado, Spritz e clericot e voltar a entrar em sintonia com o ritmo normal que deveria reger a vida de pessoas normais.
QUAL VAI SER A PROGRAMAÇÃO?
Ainda não sei. Ou melhor, não haverá programação. Cada dia vamos inventar algo diferente, que será bolado naquele dia. Sem muitos planejamentos. Um dia após o outro, fazendo o que se tem vontade. No meu entender, é isso que se chama férias, ou não?
NÓS ESTAMOS DOS INCLUÍDOS EM TODOS OS PASSEIOS?
Naqueles passeios em que se incluem animais, sim. Por exemplo, algumas rotinas serão seguidas. Vamos acordar, vamos juntos comprar o pão, os frios e o jornal para o café da manhã, faremos momento leitura na varanda, depois eu vou dar uma corrida no Porto, depois escreveremos um pouco e depois pensaremos em qual será o passeio do dia. Se vamos a pé a alguma praia pertinho, se vamos de carro a uma praia distante, se não vamos a praia nenhuma, mas sim petiscar e bebericar em algum parador… E os dias vão ir passando, lindo e calmamente.
VAMOS COMER MILANESAS?
Sim, comeremos milanesas da Tienda Inglesa, sorvete do Arlecchino, compraremos frutos do mar no Porto, carnes divinas no super… Enfim, como toda temporada em Punta que se preze, comeremos e beberemos à lá vontê.
EU AMO PUNTA
EU TAMBÉM
A GORDA AMA LASANHA À CARBONARA
Pois, então… A alimentação de férias da Gorda será um capítulo à parte, pois temos que reeducá-la. A Gorda só quer saber de burger, massa e lasanha à carbonara. Não que eu ofereça, óbvio que não. A Gorda come a ração de muita má vontade e, quanto muito, engole um franguinho de cara feia. Só que a Gorda precisa perder uns quilinhos para o bem da saúde dela. Ela sabe disso, mas não ajuda.
A GORDA COME ESCONDIDO
Enquanto espero sentada provas do animal de que a Gorda come escondido, algo que ele jura há um ano de pé junto, mas nunca conseguiu comprovar, faço uma listinha de leituras que quero levar para as férias. Livros que há hoooooooras estão me encarando na estante do bunker escritório pedindo “me leia, me leia, me leia”, e eu me faço de cega por falta de tempo que agora terei. Que livros são esses, Mariana?
Olha!
A AMIGA GENIAL
De Elena Ferrante
Este livro me encara há quase dois anos. Fiasco total! Mas agora vai! Ele apresenta a narrativa de duas amigas que crescem juntas em Nápoles e inaugura uma série de quatro volumes que cobre mais de cinco décadas da amizade entre Lila Cerullo e Elena Greco, as principais personagens da saga, na qual a autora lida com questões políticas de seu país, principalmente da região de Nápoles, dominada pela máfia. Credita-se ao sucesso a capacidade de Elena de escrever sobre mulheres atuais como ninguém.
Elena é um pseudônimo para uma autora que ninguém sabe, ninguém viu. Uma autora que faz questão de manter-se anônima. Supõe-se que tenha lá seus 50 anos, especula-se que seja o pseudônimo de alguém bastante reconhecido e que deseja refugiar-se no anonimato sem ter que dar muitas explicações sobre suas obras. Estou tão atrasada na leitura deste livro que já saiu até o segundo volume da tetralogia aqui no Brasil, História do Novo Sobrenome.
Olha!
HISTÓRIA DO NOVO SOBRENOME
Deveria criar vergonha na cara e já levar este também.
Aliás, é o que vou fazer!
MEIA-NOITE E VINTE
De Daniel Galera
Considero um dos grandes escritores brasileiros da atualidade. Já leu Barba Ensopada de Sangue? Pois leia. Daniel é daqueles que nos prende na leitura, sabe assim? Este é seu mais recente livro – e esta é a sinopse:
“Em meio a uma onda de calor devastadora e a uma greve de ônibus que paralisa a cidade, três amigos se reencontram em Porto Alegre. No final dos anos 1990, eles haviam incendiado a internet com o Orangotango, um fanzine digital que se tornou cultuado em todo o Brasil. Agora, quase duas décadas depois, a morte do quarto integrante do grupo vai reaproximar Aurora, cientista e pesquisadora vivendo uma pequena guerra acadêmica, Antero, artista de vanguarda convertido em publicitário, e Emiliano, jornalista que tem uma difícil tarefa pela frente. Captando com maestria a geração que cresceu em meio ao início da internet, Galera explora essas vidas acuadas entre promessas não cumpridas e anseios apocalípticos. Nas vozes de Aurora, Antero e Emiliano, Meia-noite e vinte é um retrato marcante de uma juventude que recebeu um mundo despedaçado e para quem o futuro pode não significar mais nada”.
FICANDO LONGE DO FATO DE JÁ ESTAR MEIO QUE LONGE DE TUDO
De David Foster Wallace
Esta foi uma dica da Lu Thomé, a querida editora dos meu livros, aquela mezzo carrasca mezzo amiga, que sabe dosar a hora de me puxar a orelha e me fazer um afago. Conversava com a Lu dia desses sobre ideias para meu novo livro e, entre tantas coisas que surgiram, pensamos em crônicas em que eu seria colocada em ambientes e lugares completamente estranhos à minha pessoa. Por exemplo: uma corrida de rali. Pergunte o grau do meu mau humor em ter que participar de uma corrida de rali? DEZ. Pois a li jogou a cabeça para trás às gargalhadas e disse: “É isso! Imagina o quão engraçado seria ler!”
ENGRAÇADO PRA QUEM, CARA PÁLIDA
Então, a Lu sugeriu que eu lesse este livro de David Foster Wallace e amadurecesse a ideia. Diz a sinopse:
“Ficando longe do fato de já estar meio que longe de tudo'” reúne alguns ensaios de David Foster Wallace. Com a proposta de fornecer uma porta de entrada ao universo literário do autor, o volume abriga três reportagens – entre elas o ‘texto do navio’, o relato de um cruzeiro pelo Caribe -, uma palestra sobre Kafka, uma crônica sobre o tenista Roger Federer e ‘Isto é água’, o discurso de paraninfo que se difundiu pela internet. Na reportagem que dá título ao livro, Wallace, enviado pela Harper’s a uma feira agrícola em Illinois, sai com uma crônica sobre o estilo de vida americano. Em ‘Pense na lagosta’, o autor aproveita a visita a uma feira gastronômica para refletir sobre a legitimidade ética de ferver lagostas vivas para degustá-las. Ao tratar desses e de outros temas, o autor busca ignorar as convenções da apuração jornalística e se concentra nos detalhes mais inusitados.
TU VAI LER TUDO?
Olha, vou tentar. A ideia é esta.
E OS PASSEIOS?
O que tem os passeios?
NÃO VÃO FICAR DOS COMPROMETIDOS?
Eu prometo que não. Mas só peço uma coisa a vocês dois: que vocês tenham paciência, que a gente possa fazer tudo sem pressa, afinal estaremos de férias. Que vocês não comecem a uivar na frente da porta de entrada do apartamento me apressando, por favor. Posso contar com a compreensão e colaboração dos dois?
PODE
A GORDA NÃO FALA POR MIM
Ok, e o que tu me diz então?
NÃO SEI SE CONSIGO ME CONTROLAR
AS FÉRIAS PROMETEM
Estou ja no terceiro livro da tetralogia de Helena Ferrante, amei os dois primeiros e não consigo para de ler o terceiro. Descobri esses livros e essa escritora graças a ti, acho que a uns dois anos atras quando tu comentaste que estava para ser lançado no Brasil. Fiquei aguardado e amei, Obrigada.
Eu concordo muito com a tua Editora. Acho que tu, melhor que ninguém, saberia nos divertir com o teu senso de humor.
Bjão e Feliz 2017.