Fora da tomada

Minha última aparição por aqui data de quinta-feira passada. Não pensem que não me envergonho disso, claro que sim. Mas eu precisava de férias. Férias do computador, férias de tecnologia, férias de tudo que exija pressa e rapidez. Passei uma semana fora, uma semana agitada, com o olho grudado no iPhone, respondendo a emails, conectada no notebook, atendendo a demandas que surgiam de todos os lados.

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Uma bela tarde, me vi atravessando a paisagem do Rio de Janeiro, no banco de trás do táxi, sem desgrudar o olho do telefone e da enxurrada de emails que não parava de entrar. O Cristo Redentor, a Lagoa, o Aterro do Flamengo, todas as paisagens me abanando do lado de fora, e eu em estado de esquizofrenia total, tentando dar conta de quinhentas mil solicitações ao mesmo tempo. Alguma coisa estava muito errada.


Eu não nasci para isso. Não nasci para esse mundo que parece que vai acabar ontem. Não nasci para conversar com pessoas que ficam com um olho em mim e outro no Blackberry. Não nasci para viver conectada, para viver com pressa, para ter que responder aquele e-mail que entrou naquele mesmo segundo. Eu me obrigo a isso, claro, afinal, minha profissão exige. Mas sempre que posso, me desligo, me tiro da tomada. E foi o que fiz.

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Me tirei da tomada do blog na quinta-feira para recarregar as baterias sentada ao sol, pisando na grama, ou simplesmente deitada de barriga para cima sem ouvir e sem falar nada, em silêncio. Usei o computador apenas para enviar matérias para o jornal e para nada mais.

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Hoje de manhã, ao passear com o Bento, começava a entrar novamente no transe tecnológico. O Bento, cheirando os postes; e eu respondendo a emails via telefone. Foi quando ele parou em frente a esta roseira recém-plantada, e eu vi que estava perdendo o melhor da nossa manhã: o direito e o dever de contemplar a rua, as pessoas, o mundo – e mais do que tudo: de estar conectada comigo e com ninguém mais. Esta foto que eu bati é pra ajudar a jamais esquecer que a vida fora da internet pode ser muito mais bonita.

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Mari Kalil

Mari Kalil

Sou escritora, jornalista, colunista da Band TV e Band News FM e autora dos livros "Peregrina de araque", "Vida peregrina" e "Tudo tem uma primeira vez". Sou gaúcha, nasci em Porto Alegre, vivo em Porto Alegre, mas com os olhos voltados para o mundo. Já morei em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Barcelona. Já fui repórter, editora, colunista. Trabalhei nos jornais Zero Hora, O Estado de S.Paulo e Jornal do Brasil; nas revistas Época e IstoÉ e fui correspondente da BBC na Espanha, onde cursei pós-graduação em roteiro, edição e direção de cinema na Escuela Superior de Imagen y Diseño de Barcelona. O blog Mari Kalil Por Aí é direcionado a todas as mulheres que, como eu, querem descomplicar a vida e ficar por dentro de tudo aquilo que possa trazer bem-estar, felicidade e paz interior. É para se divertir, para entender de moda, de beleza, para conhecer lugares, deliciar-se com boa gastronomia, mas, acima de tudo, para valorizar as pequenas grandes coisas que estão disponíveis ao redor: as coisas simples e boas.

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  1. Eu também!!! Nasci para apreciar o belo. Vida mais simples. Estou farta de resposta para ontem. Feedback, followup, bla, bla, bla desse “mundo corporativo”. To fora. Breve vou trabalhar com que realmente me faz feliz. Make up. E na cidade que amo: Porto Alegre. Galera, me aguardem, ha, ha, ha. Beijo

  2. Eu também!!! Nasci para apreciar o belo. Vida mais simples. Estou farta de resposta para ontem. Feedback, followup, bla, bla, bla desse “mundo corporativo”. To fora. Breve vou trabalhar com que realmente me faz feliz. Make up. E na cidade que amo: Porto Alegre. Galera, me aguardem, ha, ha, ha. Beijo

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