Viajo agora de tarde. Bate-volta a Torres para a Feira do Livro de lá. Saio às 17h de casa, palestro às 19h30min, espero que o povo goste de mim, e volto. Devo chegar umas 11h da noite. Será um período de algumas horas em que Bento e Papaqui (sim, Alpaquinha está ganhando uma série interminável de apelidos) ficarão de donos da casa. Xerife e sua soldada me avisaram que eu não me preocupe, que se comportarão direitinho. Assim espero.

Não posso mesmo reclamar. Em Punta, não fizeram nenhum xixi no apartamento. Vôvo mantinha vigilância absoluta sobre os dois netos. Não decepcionaram. Aqui em casa, de vez em quando, Xerife se faz de louco e vai ali na varanda batizar o pé de uma das cadeiras de madeira. Por sorte, o batismo ocorre perto do ralo. Então, jogo água, pinho sol ou qualquer outra coisa dessas, pego um rodo e empurro tudo ralo adentro. Facilita bastante não ter que lidar com baldes, panos e afins.

SOU DOS COMPREENSIVOS

Bento nunca fez xixi em casa. Mas nos últimos tempos deu para isso. Relevo um pouco. Papaqui, enfim, aprendeu. Não faz mais nada. Só quando descemos para passeios e para o jardim. Estou orgulhosíssima. Papaqui é um anjo que caiu do céu na minha vida. Pensava sobre isso, dia desses, vendo ela deitadinha dormindo do meu lado. Ela é colada em mim. Me segue aonde eu for. Xerife é mais independente. Papaqui vai para dentro do banheiro esperar eu tomar banho. Se estou no quarto, ela está do lado; almoçando na cozinha, ela está do lado. Não vai com ninguém – só se eu olho para ela e digo “pode ir Papaqui”. E olhe lá.

RESPEITO MINHA DONA

Papaqui também é de um entendimento ímpar sobre o macho alfa da casa – o Xerife, claro. O respeito que tem por ele é lindo de ver. A prioridade é sempre dele; ela dá. Agradeço todos os dias por ela ter entrado na minha vida e fico abismada de ver como a gente pode ser surpreendida por acontecimentos inesperados. Papaqui é um presente divino.

Sobre viver em apartamentos pequenos e na companhia de uma adorável lhasa chamada Mana

Deixarei água em dois potes – parecem dois camelos. E estou pensando seriamente em aderir a algo que fiquei sabendo que existe: babador para cachorro. Xerife molha todos os bigodes e sai fazendo trilhas de pingos pela casa. Com um babador, seria um pouco diferente. Garante o fabricante que dá um “toque elegante ao pet”.

ELA ESTÁ DE SACANAGEM

HE HE HE

Sugeri ao Xerife que dê uma olhada em um cara que está fazendo muito sucesso mundo afora. De repente, o Xerife se anima e encontra um meio de ganhar alguns trocados em vez de ficar repetindo no meu ouvido há quase 15 anos que veio ao mundo a passeio.

ELA NÃO SE ACOSTUMA

O tal cara chama-se Bodhi. Ele é da raça japonesa Shiba Inu. Nas redes sociais, é mais conhecido como Menswear Dog, um cachorro para lá de fashion, extremanente elegante e que está ditando moda masculina pelos cinco continentes. Bodhi (vou chamá-lo pelo nome de batismo) vive em Nova York, o que ajuda bastante. E agora pasme: tem sua própria linha de roupas masculinas. Pasme mais ainda: já serviu de mo-de-lo para incensadas marcas como Salvatore Ferragamo, Coach, Adidas e American Apparel.

CONTA PARA O BENTO QUANTO ELE RENDE AOS DONOS, MARIANA

QUINZE MIL DÓLARES POR MÊS

DUVIDO

Não bastasse, Bodhi lançou recentemente um livro: Menswear Dog Presents the New Classics: Fresh Looks for the Modern Man. Trata-se de um guia para homens aprenderem a como se vestir para distintas ocasiões.

Reparem no estilo do sujeito!

QUE TAL?

MEIO GAY

BENTO ESTÁ COM CIÚME DA CONTA BANCÁRIA DELE

Bodhi vive dando dicas no site e em suas redes sociais – e dicas muito funcionais para seu público alvo. Uma delas: “Seja você! Se você se sente estúpido, vai parecer estúpido. Estilo é só vestir as coisas com confiança. Se isso não faz você se sentir bem, melhor não usá-las”. E outra (da qual sou muito adepta): “Se você não estiver em um orçamento apertado, tente investir em peças atemporais e você vai adorar. A moda sempre dá rápidas reviravoltas e assim você vai evitar o desperdício de dinheiro”.

Fiz uma galeria para que vocês entendam melhor o naipe do sujeito. Cliquem na foto para ver maior. Sim, eu sei que eu sempre digo isso, mas não custa repetir, vai dizer?

Agora, pooooooor favor! Assistam o vídeo de sessões de fotos! É imperdível! Nunca pensei que ele fosse tão profissional!

E aí, que tal?

SOU MAIS EU

POBRE, MAS LIMPINHO

Mari Kalil

Sou escritora, jornalista, colunista da Band TV e Band News FM e autora dos livros "Peregrina de araque", "Vida peregrina" e "Tudo tem uma primeira vez". Sou gaúcha, nasci em Porto Alegre, vivo em Porto Alegre, mas com os olhos voltados para o mundo. Já morei em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Barcelona. Já fui repórter, editora, colunista. Trabalhei nos jornais Zero Hora, O Estado de S.Paulo e Jornal do Brasil; nas revistas Época e IstoÉ e fui correspondente da BBC na Espanha, onde cursei pós-graduação em roteiro, edição e direção de cinema na Escuela Superior de Imagen y Diseño de Barcelona. O blog Mari Kalil Por Aí é direcionado a todas as mulheres que, como eu, querem descomplicar a vida e ficar por dentro de tudo aquilo que possa trazer bem-estar, felicidade e paz interior. É para se divertir, para entender de moda, de beleza, para conhecer lugares, deliciar-se com boa gastronomia, mas, acima de tudo, para valorizar as pequenas grandes coisas que estão disponíveis ao redor: as coisas simples e boas.