Não sei se deram pela minha falta, mas desapareci na quinta-feira. Grandes emoções. Tive uma espécie de black out criativo. Branco, sabe assim? Branco total? Teve motivos, claro. Estava eu, feliz e contente indo para o meu pilates a fim de alongar o corpo e evitar dores horríveis que senti na quarta-feira, quando entra uma mensagem da querida Lu Thomé. Conhecem a Lu? Conhecem a Fátima Toledo, aquela preparadora de atores que faz eles passarem horrores na preparação para algum papel importante? Foi a Fátima, por exemplo, que treinou Wagner Moura para o papel de Capitão Nascimento. Pois a Lu Thomé é a minha Fátima Toledo.
COITADA DA LU
HE HE HE
Estou exagerando. A Lu não me submete a torturas psicológicas, longe disso. Mas a Lu está comigo desde sempre, desde meu primeiro livro, Peregrina de Araque, e é a Lu que lê tudo antes de todo mundo, faz anotações e exige mudanças ou não; fala onde tem que melhorar; onde ela não está satisfeita. Onde está sobrando alguma coisa ou faltando alguma coisa. Pois bem, na terça-feira, enviei para a Lu as 13 primeiras crônicas de um livro sobre primeiras vezes. Muita gente tem me perguntado sobre o tema do livro que estou escrevendo. É sobre primeiras vezes.
Eis a notinha que saiu esta semana na coluna Rede Social, da Fernanda Pandolfi.
TUDO BEM EXPLICADINHO
Pois bem, enviei as 13 crônicas para a Lu e, ontem, estava tirando o casaco para começar minha aula de pilates quando entra a seguinte mensagem da Lu.
– Oiê! Li as crônicas. Precisamos conversar. Assim que me liberar, te ligo.
“Precisamos conversar”. Agora me diz se isso é coisa que se diga para uma pessoa fatalista e pessimista feito eu na hora de ela entrar para a sua aula de pilates.
ME DIZ?
Obviamente, não prestei atenção em abdômen nenhum, em respiração nenhuma, em nada. A pobre da outra Lu, a professora, já não aguentava mais os meus lamentos. “Precisamos conversar, Lu!! Ela disse ‘precisamos conversar’. Tu sabe o que é isso? ‘Precisamos conversar’? Vai estar tudo errado, eu não vou aguentar, eu vou desistir, eu vou ter que escrever tudo de novo e bla bla bá”.
COITADAS DAS LUS
Resumindo: Lu, a professora, me liberou 5 minutos mais cedo. “Porque até eu já estou desesperada para ver a resposta dela”, justificou. Corri para o celular. Eis a mensagem da Lu, a Fátima Toledo (he he he!):- Mari, os textos estão ótimos, mas tem uma coisa faltando em todos eles e é isso que quero conversar. Mas não te apavora! Te alonga bem aí no pilates (fiz o meu ontem). Sou tua fã sempre. Só quero te ajudar. Pronto, pronto. Vai ficar tudo bem… Pronto, pronto”.
A LU DISSE QUE VAI FICAR TUDO BEM
Falamos por telefone, Lu deu gargalhadas do meu drama (ela sempre faz isso…) e me explicou o que era que ela sentia faltando em todas as crônicas. Como sempre, Lu tinha razão. Só que daí me deu um black out seguido de uma crise de ansiedade. Cheguei em casa perdendo a chave (que não achei até agora, detalhe) e fiquei andando em círculos pela sala. Chico, que estava no escritório, veio saber o que estava acontecendo. Me pegou falando sozinha, sentada no sofá, olhando para o nada. Começou a rir, claro.
NÃO SEI QUAL É A GRAÇA
ELA ESTAVA DESNORTEADA
Resolvi tomar banho para renovar as energias e me acalmar. Voltei para o bunker mais tranquila. Mas daí abri o computador e fiquei olhando para o nada. Nada saía, nenhuma ideia de nada eu tinha. Resolvi reparar essas primeiras treze crônicas quando acabar de escrever as 32 que faltam, caso contrário vou ficar andando em círculo feito cachorro atrás do rabo. Mas daí eu olhei o relógio, lembrei que tinha dentista logo mais, que eu tinha apenas duas horas para ter alguma ideia já seguindo a orientação da Lu. E nada. Fechei o computador, me joguei de barriga pra cima no sofá da varanda, onde batia um sol e apaguei. Tive um apagão. Chico me achou inerte, cozinhando no sol e mexeu em mim para ver se estava viva.
JÁ ESTAVA DOS PREOCUPADOS
Levantei, tirei a calça de abrigo, botei a calça jeans e fui ao dentista olhar a cicatrização do dente. Voltei para casa, agora realmente mais calma, botei a calça do abrigo, sentei na frente do computador e saiu. Saiu a décima quarta crônica. Não exatamente do meu agrado, mas saiu. Depois reviso com calma porque agora tenho que escrever mais duas para cumprir o prazo.
O PRAZO, O PRAZO, O PRAZO
O PRAZO ESTÁ SE ESGOTANDO
O ANIMAL NÃO PARA DE ME LEMBRAR DISSO