Bom dia, tudo bem? Tiveram uma boa noite de sono? Parabéns. Eu não. Tive uma noite péssima. Jantei tarde, bebi um cálice de vinho a mais que não precisava e acordei às 2h30 da madrugada com a digestão mal feita, dor de cabeça e músculos latejantes da aula de pilates feita após um mês de fuga de qualquer tipo de malhação. Então, arregalei os olhos e fiquei olhando para o teto, enfiada no quarto escuro, com um animal ressonando de pelotas, pensando em tudo o que eu precisava fazer durante a semana. Então, fui pensando e pensando e tudo começou a tomar proporções ainda maiores.
VISÃO DO INFERNO
Pensei em levantar e vir para o computador desabafar. Mas também pensei que não era hora de eu estar de novo na frente do computador. Pensei em levantar a fazer um chá de muña, conhecem? Experimentei no Peru (aliás, a grande reportagem sobre o Peru sairá na primeira edição de setembro da Revista Donna!). É altamente digestivo, oferecido em todos os restaurantes e bares do país – e acabei trazendo um pacotinho com alguns saquinhos para casa.
Olha!
PACOTINHO DE FRENTE
Acabo de ver que é uma mistura de Muña e Culen, duas ervas do período pré-colombiano.
PACOTINHO DE COSTAS
Estão vendo logo aqui acima? Muña e Culen possuem benefícios para o sistema digestivo
A muña ajuda no tratamento de espasmos estomacais, problemas gástricos, indigestão, cólicas e até diarréia bacteriana. Tem um gostinho parecido com menta, mas beeeem mais suave. Além de chá, a erva também é usada em sopas para quem está com algum desconforto digestivo. Outra indicação do uso da muña serve para reduzir os sintomas de resfriado e febre, especialmente aqueles relacionados ao sistema respiratório. Acredita-se que a infusão feita usando muña e mel foi bastante consumida pelos incas para o tratamento de problemas respiratórios. No Peru, muitas pessoas usam a muña para tratar a asma brônquica e infecções pulmonares.
Era um chá de muña e culen que eu precisava para sobreviver à noite de digestão mal feita, mas não levantei para preparar. Fiquei me virando e revirando na cama. Abri a mesinha de cabeceira e tomei uma Novalgina. Falei para mim mesma que nunca mais jantaria tarde, que nunca mais beberia o cálice de vinho a mais e continuei de olhos esbugalhados pensando em tudo o que tenho para fazer esta semana – o término do livro está entre os afazeres.
AINDA NÃO TERMINOU ESSE LIVRO, MARIANA?
NÃO
Quer dizer, mais ou menos. Terminei 28 crônicas e mandei para minha Fátima Toledo, ou melhor, para a querida Lu Thomé. Sabem aquela preparadora de atores que quase chicoteia os coitados para entrarem no personagem? Ela chama-se Fátima Toledo. Pois eu brinco que a Lu é a minha Fátima Toledo. Me chicoteia para eu entrar na narrativa quando me distraio e escapo dela.
COITADA DA LU
NUNCA LEVANTOU A MÃO PRA ELA
Lu leu as 28 crônicas e disse que gostou muuuuito, mooooito do resultado final (graças a Deus). Mas…. Acha que eu ainda posso melhorar quatro delas e inventou que preciso escrever uma abertura e um fechamento para o livro. Num primeiro momento, pensei em subir na grade da varanda e dar um bico de cabeça numas pedrinhas de calcário que forram um terreno baldio aqui do lado. Mas então pensei melhor e achei que podia usar a cabeça para coisas mais produtivas, como terminar o livro, por exemplo. Então, em vez de terminar o livro, eu fico pensando que tenho que terminar o livro e fico tendo insônia.
MAIS OU MENOS ASSIM ME ENCONTRO NESTA MANHÃ DE TERÇA-FEIRA
Para piorar, ao levantar da cama feito um zumbi, resolvi ir correndo até a sala e abrir as janelas para tirar o ar morno de uma noite quente e deixar o friozinho de um dia fresco de chuva entrar. Então, fui até a cozinha para molhar meus pés de manjericão que ficam ali na janela próximos da pia. Peguei uma jarra para encher com água da torneira, fui abrir a torneira e o que vejo, o que vejo, o que vejo?
A MALDITA DA LAGARTIXA
Aquela desgraçada e nojenta lagartixa loira de olhos azuis que tanto atormentou minha vida dentro do bunker-escritório tinha mudado de lugar. Estava agora dentro da pia da cozinha com aqueles dedinhos agarrados no inox e aqueles olhos esbugalhados me encarando. Tive um surto de histeria.
SAIU GRITANDO E CORRENDO PELA CASA
Não bastasse a expressão de desdém do animal diante do meu pavor fóbico ainda ouvi um leve sermão do meu querido marido sobre o fato de eu odiar lagartixas versus gostar de deixar as janelas abertas. E agora? O que faço agora? Estou aqui contando esse monte de coisas inúteis para a vida das pessoas e dando munição para o animal proferir uma das frases que ele mais ama.
QUANDO EU DIGO QUE ESSE BLOG É UM DESSERVIÇO, ELA BRIGA COMIGO