Precisamos falar sobre azeite

Ontem à noite, voltando para casa, pensei que poderia criar algum problema conjugal caso apresentasse para meu compreensivo marido (não posso que queixar) mais um jantar vegetariano. Ainda bem que minha intuição não falha. Quando mencionei, no celular, que as opções da geladeira eram duas – refogado de berinjela e sopa de legumes, ele resmungou do outro lado: “Tudo bem diminuir o consumo de carne, meu amor…”

MAS TUDO TEM LIMITE!

O que me restou fazer? O que sempre faço em momentos de emergência no trajeto Zero Hora-Casa: um pit stop no Pastifício Italiano. A ideia era comprar uma bandeja de sorrentinos com um molho para jogar por cima e levar ao forno. Se tem uma tática que uso bastante quando não quero comer carne e não quero decepcionar meu marido é apelar para o funghi. Chico coloca o funghi na boca, eu falo algumas bobagens, ele se distrai e esquece a carne.

SOU BEM ESPERTINHA!

Escolheria molho vermelho com funghi, o chamado Piemontese. Isso estava decidido. Mas e o recheio dos sorrentinos, qual seria? Na dúvida, comprei três bandejas.

OOOOOOOOOHHHHHH!!!!!!
Da esquerda para a direita: recheio de carne seca com queijo, recheio caprese (tomate seco com muzzarela de búfala) e recheio de muzzarela de búfala com manjericão

Comprei o de carne seca para o dia de comer carne, que não era ontem. Achei que o recheio da terceira bandeja combinaria bem com o molho Piemontese. Já estava pagando, quando olhei para o lado e vi aquele vidro me encarando…

UM AZEITE QUE NÃO CONHEÇO!

OOOOOOOOOHHHHH!!!!

Se existem mulheres que não podem ver um sapato pela frente, existe a Mariana, que não pode ver um azeite diferente. Não passo incólume por um azeite jamais. Prova disso foram duas das raríssimas coisas que eu trouxe na mala do Oriente Médio (repare bem a distância, por favor – Oriente Médio: duas latas de azeite). O problema não é colecionar azeites, o problema é o tempo para consumir tanto azeite. Uma olhadinha para a prateleira da minha cozinha, por favor!

DETALHE: ESTA É SÓ UMA DAS TRÊS PRATELEIRAS

Se eu podia ter feito uma foto mais clara? Poderia, se eu não tivesse acordado de madrugada para trabalhar e o sol já tivesse raiado lá fora. Por essas e outras coleções de azeites, estou pensando seriamente em promover uma degustação de azeites. Então fui pesquisar como se organiza uma degustação de azeites.

Tema da aula de hoje…


COMO DEGUSTAR AZEITES!

Há uma opção menos viável para mim, que é servir azeites naqueles copinhos de cachaça – e o equivalente a uma dose. Da última vez que engoli azeite dessa forma, deveria ter em torno de 17 anos e o objetivo era forrar a mucosa intestinal para poder beber em uma festa sem passar mal depois. A lembrança não é das melhores. Portanto esta, na flor da minha maturidade, é uma opção descartada.

TIAU COPINHO DE CACHAÇA!

Outra opção que me agrada bem mais é usar pedaços de pão branco com o sabor mais neutro possível.

NHAM NHAM!

AMO PÃO COM AZEITE!

Pesquisando qual seria o melhor pão para degutar azeites, encontrei a resposta: pão francês. Ele realça positivamente o sabor do azeite mantendo o equilíbrio entre o amargo e o picante.

MUITO PRAZER!
ESTOU PRONTO PARA MERGULHAR NO AZEITE!

Uma dica que achei interessante:
Para conseguir mensurar a qualidade do azeite, é bom provar um exemplar popular, dos encontrados em supermercados a preços médios. Serve para perceber a diferença existente entre este azeite “baratiol” e os produtos de mais qualidade, geralmente feitos em menor escala.

Outra dica que achei interessante:
O azeite popular é mais untuoso, gruda mais na língua. As características negativas mais encontradas no azeite são ranço e excesso de untuosidade. Para não passar pela experiência de ter a língua envolvida por um azeite ruim, é bom evitar aqueles que tiverem coloração alaranjada.

AGORA CONTA A PARTE RUIM

ESTOU ARRASADA

CONTA LOGO

O azeite não é um produto a ser guardado. Ele não é como o vinho, que pode melhorar com o envelhecimento. Ao contrário.

ELE ESTRAGA

Sabe quanto tempo faz que eu trouxe meus adorados azeites do Oriente Médio e nunca abri nenhuma das latas?

TRÊS!!!!

PELO MENOS A LATA DELES É BONITA

 

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Mari Kalil

Mari Kalil

Sou escritora, jornalista, colunista da Band TV e Band News FM e autora dos livros "Peregrina de araque", "Vida peregrina" e "Tudo tem uma primeira vez". Sou gaúcha, nasci em Porto Alegre, vivo em Porto Alegre, mas com os olhos voltados para o mundo. Já morei em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Barcelona. Já fui repórter, editora, colunista. Trabalhei nos jornais Zero Hora, O Estado de S.Paulo e Jornal do Brasil; nas revistas Época e IstoÉ e fui correspondente da BBC na Espanha, onde cursei pós-graduação em roteiro, edição e direção de cinema na Escuela Superior de Imagen y Diseño de Barcelona. O blog Mari Kalil Por Aí é direcionado a todas as mulheres que, como eu, querem descomplicar a vida e ficar por dentro de tudo aquilo que possa trazer bem-estar, felicidade e paz interior. É para se divertir, para entender de moda, de beleza, para conhecer lugares, deliciar-se com boa gastronomia, mas, acima de tudo, para valorizar as pequenas grandes coisas que estão disponíveis ao redor: as coisas simples e boas.

Sem comentários ainda.
  1. Ai, Mariana… Ia te dizer isso… Cuida os azeites, pq eles oxidam rápido, por isso não se recomenda comprar vidros/latas muito grandes…
    E usa sempre os de vidro transparente antes, pq a luz tb acelera a oxidação.
    Se quiser guardar, guarda os de vidro marrom, verde ou mesmo os de lata.
    Mas não bobeia. Qdo tu abrir, eles podem estar péssimos. (Espero q tu tenha mais sorte q juízo!)
    ;)
    bj

  2. Adoooro o q escreves! Informação com muito humor! Lembro sempre o caso das bananas pois aqui em casa aconteceu algo parecido! Bj gr

  3. Ai que dó, Marianaaaaaa! Eu fiz isso com um licor que eu trouxe da Argentina na minha lua de mel… Anos depois fui tomar e pensa no estado em que estava o coitado (era de chocolate). Pelo menos a garrafa dele era linda e está guardada até hoje!!!! Beijo

  4. Como boa filha de portugues, amoooo azeites.
    Ja experimentaram flavorizar azeites?
    Uma vez nos fizemos isso, deixamos um tempo ate curar e depois fizemos degustação em casa, foi um dos melhores jantares que ja promovemos, ate hoje nossos amigos lembram disso. O meu preferido na epoca foi com Fava de baunilha, uma loucuraaaa!
    Diversão garantida! Ficou conhecida como a noite do azeite….
    Adoro teu bom gosto! E parabens pelo novo livro, ainda que na base!

  5. Os “Borges” com pimenta, ou alho, ou alecrim, ou estragão… São um espetáculo! E em Aceguá/Rivera/Rio Branco custam pouco mais que nada!

  6. Pega um pedacinho de pão francês molha no azeite de oliva e depois encosta a parte úmida do pão em um queijo grana padano ou parmesão suave ralado bem fininho, é sensacional.

  7. Meu pai guardava uma garrafa de champagne há muito tempo, para abrir na formatura do primeiro filho, homem, é claro. Acontece que nenhum dos três filhos do primeiro casamento se formou. Então, na formatura de minha irmã, do segundo casamento, já passados mais de 40 anos, ele, o pai, gelou a dita e abriu para comemorar. O que aconteceu? Estava avinagrada (se se pode dizer isso de champagne). Foi muito engraçado! Tanto guardou, que perdeu. Fazer o quê? Abraço

  8. oi mariana… teus assuntos são sempre ótimos!!
    e vamos a mais uma colaboração nesta nossa jornada de informações curiosas…
    também adoro azeites e sempre ficava curiosa em saber… quando é azeite e quando é óleo??
    os azeites são feitos de polpas e os óleos de sementes… fica bem mais fácil de lembrar, azeite de oliva ( feito com a polpa, não com as sementes) e óleo de soja ( feito com o grão).
    espero ter colaborado…
    ah… eu adoro colecionar as latas e vidros!
    bom fim de livro… já estou na espera!
    bj

  9. Oi Mariana
    Amo azeites. Estive em Boston há 1 mês e encontrei essa loja(talvez já conheças): O&CO(dá uma googlada, não é essa do pastificio) . Tem em NYC tb. Não queria entrar, até para não carregar azeites, mas minha irmã obrigou-me. A vendedora era adorável e nos fez degustar azeites misturados com aceto balsâmico(em pequenas colheres plásticas). Nunca gostei de vinagre mas estava viajando e pensei ou faço agora ou nunca e resolvi provar. Foi a maldição divina:é maravilhoso(basilico + Bergamot oil& honey ginger foi meu predileto). Resultado:comprei 2 oleos e os vinagres respectivos,convencer o marido a trazer os vidros na mala dele que era dura, já terminou e tive que voltar para o velho oleo+sal. Mas vale a pena meeesssmo!!!!

  10. Mari, volta pra Barcelona!!!

    Eu so tenho uma mini coleção de azeites (comestíveis) no momento, fora os produtos de azeite pra uso cosmético… E aí outro dia eu descubro ESSE LUGAR.

    http://www.lachinata.es

    Bom, acho que quando tu entrar no site, não preciso falar mais nada… Agora já sabe o que pedir de regalito ou encomenda pras amigas que venham a Barcelona! ;)

    Beso!

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