Que tal tirar os pés do chão, colocar a cabeça nas nuvens e experimentar um vôo de parapente? Ainda na onda de apoiar a vivência de experiências ao invés do consumo de bens materiais, principalmente porque é um caminho científico para a felicidade, lembrei de escrever sobre uma aventura deliciosa e transformadora: um voo de parapente. Qualquer um de nós pode voar, acompanhado de um instrutor, e guardar para si, no mínimo, uma paisagem memorável.
Eu olhava para o céu e me chamava atenção como era charmosa a vida dos pássaros. A dinâmica dos seus corpinhos, o estilo de planar, a estética de um rasante sobre a terra ou sobre a água. Eu contemplava a vida no ar, as nuvens, e tinha muita curiosidade em um dia poder, de alguma forma, me conectar com aquele ecossistema.
Felizmente, conheci um amigo que praticava vôo livre. Ele tinha um parapente e me convidou para voar com ele. Eu tinha 18 anos. Ano 2000. Estávamos em Balneário Camboriú. Lá, os voos saem do Morro do Careca. Na decolagem, eu estava um pouco tensa. Pra quem não entende nada, parece que a asa do parapente não vai ser controlada e que o vento vai te derrubar morro abaixo. Só que, de repente, não sei como, tudo se alinha. Me sentei na cadeirinha, tirei os pés do chão e os vento nos embalou. Sublime. Quando a gente faz alguma coisa pela primeira vez é sempre tão mágico…
Anos depois, em 2009, repeti o brinquedo. Dessa vez, mudei a paisagem de praia para campo. A cidade de Sapiranga, no Rio Grande do Sul, é a capital do voo livre. Lá é a terra do meu marido. Em um passeio de fim de semana, fomos à cidade e ao morro Ferrabraz, da onde saem os voos. E lá fui eu novamente, relembrar o friozinho na barriga e a sensação deslumbrante de deslizar no ar. Pena que o Martin não encarou essa comigo. Mas não faltariam oportunidades.
Ano passado, fomos a Lima, Peru, para comemorar seus 50 anos. Eu já tinha pesquisado sobre a cidade. Além da gastronomia top, Lima fica na costa do pacífico, à beira de uma falésia, lugar perfeito para voos de parapente! E lá fomos nós, dessa vez, sobrevoar uma cidade! Espetacular!
Quais tesouros podemos encontrar no fundo do mar? Mergulhe e saberá!
Olhar o mundo nas asas de um parapente nos faz parar e pensar. Raramente temos a oportunidade de nos distanciarmos tanto do nosso cotidiano, dos nossos objetos, dos nossos problemas e olhar tudo de cima. É tudo tão pequeno, e tão mais fácil de dar a real dimensão das coisas quando podemos nos afastar um pouco…
Raramente também desfrutamos do silêncio. O silêncio lá no céu chega a ser estranho de tão puro; a gente quase não reconhece mais o que é isso. Nem sempre lá em cima é silencioso, mas o som é diferente, fica um pouco distorcido pela altura; fica divertido, perde o significado e a gente se preocupa menos com ele.
OLHA EU ME SENTINDO UM PÁSSARO SOBRE A CIDADE DE LIMA!
Sabe ar puro? Ah, isso é coisa que também se encontra num voo desses. Enquanto estamos voando, vamos sentindo o vento passando, mais geladinho, mais limpo, nos fazendo ter vontade de encher os pulmões. Sim, é bem isso que acontece. Ter vontade de encher os pulmões para subir mais e mais, aproveitar as espirais do vento e saber usá-lo para se manter suspenso no ar.
Enquanto aqui embaixo estamos preocupados em nos mantermos firmes e seguros, quem voa se concentra em manter-se sempre em movimento.