Já disse que passear com meu cachorro, cedo da manhã, é também um momento de reflexão, quase uma autoanálise. Pois, hoje de manhã, meu momento-eu-comigo-mesma girou em torno do tema “sofá”. Não me pergunte porquê. Os assuntos vêm à cabeça e são os mais aleatórios possíveis. Já tive momentos “por que não gosto de cenoura?”, “por que me magoo com tanta facilidade?”, “por que gosto tanto de ficar sozinha?” e afins. Hoje, a questão era:

“Por que, raios, demorei tanto tempo na vida para comprar um sofá?”

Eu demorei 37 anos para comprar um sofá, adquirido no ano passado. Se tivesse vivido 37 anos na casa dos meus pais, seria algo plenamente admissível. Mas não. Eu saí de casa com 23 anos, me mudei DOZE vezes – tanto de apartamento como de cidade e também de país – e jamais consegui comprar um sofá.

– Por que, hein? – pensava eu, enquanto o Bento cheirava a mesma grama pela décima vez.

Tirei minha própria conclusão. Eu nunca havia comprado um sofá porque sofá significava para mim a imobilidade. Levar um sofá para dentro de casa significava considerar aquela casa como minha para o resto da vida. E eu tinha muito medo disso, eu tinha muito medo de perder minha mobilidade, minha independência, minha liberdade de ir e vir. De onde eu tirei a ideia de que estaria fadada à prisão domiciliar por um reles sofá? Não tenho noção. Mas a verdade é esta.

Meu sofá é daqueles retrátil que viram quase uma cama, sabe assim? Obviamente, eu durmo no sofá todas as noites antes de ir para o quarto. Não troco meu sofá por nenhum outro sofá do mundo, o que não me impede de adorar pesquisar sobre sofás. E achei este: um sofá interativo que pode ser modificado de acordo com o humor do seu dono.

Ele chama-se Moody (temperamental, em inglês) e foi projetado pela designer alemã Hanna Ernsting. O revestimento de 20m² ultrapassa a própria estrutura do sofá, podendo ser dobrado, esticado, levantado e amassado, de acordo com o estado de humor do usuário. Hahaha!!! Adorei essa. Sorte do meu marido que não temos um Moody em casa.